|
POPULAÇÕES
DE CERVO-DO-PANTANAL SÃO AVALIADAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
|
|
22/04/2005 Pesquisadores
da Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA) estão na etapa final
do diagnóstico de campo que dará suporte
para a elaboração de um Plano de Conservação
para as populações de cervos-do-pantanal,
espécie ameaçada de extinção
em todo o país, em situação
crítica no Estado de São Paulo.
O trabalho está sendo realizado nas áreas
de influência do reservatório da Usina
Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta
(Porto Primavera), na divisa entre os Estados de
São Paulo e Mato Grosso do Sul, e conta com
a participação da Companhia Energética
de São Paulo (CESP), concessionária
do empreendimento.
O levantamento, feito com helicóptero, visa
estimar o tamanho da população remanescente
de cervos na região, as densidades populacionais
dessa espécie nas diferentes áreas
de ocorrência e as condições
de conservação dos ambientes onde
vivem esses animais. Os dados ajudarão a
formular um plano de conservação de
longo prazo, que será coordenado por técnicos
da CESP, que está comprometida com conservação
do cervo-do-pantanal na região. Nessa etapa
do trabalho está sendo realizado o segundo
levantamento aéreo após o enchimento
do reservatório.
Os pesquisadores Walfrido Tomás, doutorando
em Gestão da Biodiversidade na Universidade
de Kent, na Inglaterra, e Ubiratan Piovezan, Doutor
em Ecologia pela UnB, ambos da Embrapa Pantanal,
e Liliani Tiepolo, doutoranda em Zoologia no Museu
Nacional do Rio de Janeiro, voaram 25 horas, entre
os dias 8 e 12 de abril, contando os cervos que
sobrevivem nas várzeas remanescentes às
margens do reservatório de Porto Primavera
e seus afluentes (rios Verde e Pardo, no Mato Grosso
do Sul, e Aguapeí e Peixe, em São
Paulo). A técnica utilizada é a mesma
que a equipe de Fauna da Embrapa aplica no Pantanal,
desde 1991, em levantamentos aéreos.
Estima-se que o conjunto de populações
de cervos em toda a região do reservatório
se situe entre 400 e 600 exemplares, já que
inclui também os rios do Peixe (SP) e Pardo
(MS). As primeiras análises sugerem que essa
população vem se mantendo estável
desde o último levantamento, feito em 2001.
Também foi constatada a existência
de cervos em áreas relativamente bem conservadas,
nas várzeas dos rios Inhanduí e Pardo,
no Mato Grosso do Sul.
Além disso, a maior parte dos animais remanescentes
encontra-se em áreas legalmente protegidas,
como o Parque Estadual do Aguapeí e as reservas
particulares da foz do Aguapeí e da Fazenda
Cisalpina, às margens dos rios Verde e Paraná,
que são de propriedade da CESP. Essas duas
populações foram estimadas entre 300
e 500 cervos. Há ainda uma população
de cerca de 1.500 cervos-do-pantanal abrigada no
Parque Nacional de Ilha Grande, no Paraná,
e no Parque Estadual das Várzeas do Ivinhema,
no Mato Grosso do Sul, que também será
incorporada ao Plano de Conservação.
“Apesar dessas boas notícias, os cervos ainda
sofrem ameaças graves: as várzeas
vêem sendo degradadas por canais de drenagem
e por assoreamento, além de intenso uso pecuário”,
alerta o pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido
Tomás. Segundo ele, essas ameaças
diminuem a disponibilidade de abrigo e alimentos
para a espécie, e a caça ilegal ainda
persiste, especialmente quando os animais estão
próximos de assentamentos ou cidades.
O Plano de Conservação, cuja conclusão
está prevista para o próximo semestre,
terá como foco a conservação
do cervo-do-pantanal em seu próprio habitat,
nas várzeas remanescentes na região,
e deverá formular propostas para eliminar
ou reduzir essas ameaças.
Deverão ser indicadas ações
como a conservação e recuperação
ambiental das várzeas, que abrigam não
só os cervos, mas dezenas de outras espécies
de mamíferos, aves e répteis, a educação
ambiental nas cidades e reassentamentos populacionais
próximos e a implantação de
um sistema de monitoramento das populações
de cervos. Entretanto, é essencial que sejam
adotadas medidas urgentes de fiscalização
para coibir a degradação ambiental
e a caça, que poderão inviabilizar
o Plano de Conservação e a própria
sobrevivência do cervo na região.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Denise Justino da Silva)