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GOVERNO LIBERA USO DE CAÇOEIRA
NA PESCA DA LAGOSTA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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(28/04/05) - Após
intensa discussão entre representantes do
governo e setor ligado à pesca da lagosta,
a rede de caçoeira poderá voltar com
restrição aos barcos pesqueiros, a
partir deste domingo, quando começa a temporada
de captura do crustáceo. A rede está
autorizada para ser usada apenas entre o Piauí
e o Espírito Santo, mas continua suspensa
no Pará, Amapá e Maranhão.
Durante o período de 90 dias estará
autorizado inclusive o uso de caçoeira artesanal
(monofilamentos). Após este prazo, os pescadores
devem passar a usar apenas as caçoeiras de
multifilamentos, consideradas menos agressivas ao
meio ambiente. Elas possuem malha maior impedindo
a captura de indivíduos pequenos. Além
disso, a caçoeira de multifilamentos se rompe
ao tocar em corais.
A notícia foi antecipada na manhã
de hoje pelo presidente do Ibama, Marcus Barros,
a parlamentares, prefeitos e representantes de entidades
de pesca. Ainda falta assinatura da ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, na instrução
normativa que regulamentará a pesca da lagosta
neste ano. Ela recebeu a versão final da
proposta na noite de ontem, no hospital onde está
internada tratando de uma infecção.
Suspensão
A caçoeira
foi proibida em 2002 por prejudicar a reprodução
da lagosta, mas a medida foi postergada anualmente
durante o período de defeso. O atual recuo
é uma decisão de governo que avaliou
quatro alternativas, desde manter a proibição
total, o que causaria grande impacto no setor, à
liberação irrestrita da caçoeira
que teria grande impacto sobre as populações
da lagosta.
Optou-se por uma proposta intermediária que
reduzisse impactos sociais e econômicos, dando
três meses para os pescadores se capitalizarem
e investirem em caçoeiras de multifilamentos
que, segundo consensos técnicos, produzem
impactos equivalentes à pesca tradicional.
“A missão do Ibama é cuidar do meio
ambiente, mas não somos sectários”,
disse Barros.
“O Ibama sempre tem bom senso”, aplaudiu o senador
Fernando Bezerra (PTB-RN) e líder do governo
no Senado. O presidente da Confederação
Nacional dos Pescadores, Abraão Lincoln,
endossou declaração do senador.
Independente da instrução normativa,
o Ibama quer que o comitê da lagosta proponha
um plano de gestão do crustáceo com
ações no longo prazo necessárias
à recuperação de estoques.
O diretor de Fauna e Recursos Pesqueiros do instituto,
Romulo Mello, alertou dizendo que “se setor não
assumir o compromisso com a sustentabilidade da
pesca da lagosta, o que vai desaparecer não
é o recurso pesqueiro. É o próprio
pescador.”
“Estamos dispostos a debater o ordenamento da pesca
da lagosta”, disse o representante da Seap – a secretaria
federal de fomento de pesca – Dedé Teixeira.
Mas recebeu do prefeito de Aracati (CE), Expedito
Ferreira da Costa, cobrança de acesso a crédito
para troca de compressores de ar por equipamentos
de mergulho para evitar mortes e seqüelas aos
pescadores. “A Seap ainda não fez o dever
de casa.” A deputada Selma Schons (PR-PR) sugeriu
que se copiasse exemplo do governo do Paraná
que criou um fundo de aval para garantir o acesso
de pescadores a financiamentos.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Sandra Sato e Jaime Gesisky)