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GREENPEACE LANÇA
RELATÓRIO SOBRE OS RISCOS DAS USINAS
NUCLEARES
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005
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Possibilidade de
acidentes como o de Chernobyl são reais em
todo o mundo, inclusive em Angra 1 e 2; organização
é contra a construção de Angra
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26.04.2005 - No dia
do 19º aniversário do acidente em Chernobyl
(1), onde morreram 30 mil pessoas e três milhões
foram atingidas, o Greenpeace lança um relatório
sobre o risco das usinas nucleares no mundo, comprovando
a deficiência deste tipo de energia. O estudo
mostra que devido à idade dos reatores, a
falhas já apresentadas e à desregulamentação
do mercado, o risco de acidentes nos reatores instalados
nos países altamente industrializados (na
Europa, América do Norte e Ásia) está
maior do que nunca. Um acidente envolvendo estes
reatores poderia ser mais severo que o de Chernobyl.
As principais conclusões do relatório
apresentado em Viena numa reunião sobre segurança
nuclear da Agência de Energia Atômica
Internacional (2) são:
- Todos os reatores
em operação têm falhas de segurança
que não podem ser eliminadas com atualizações
tecnológicas no sistema de segurança;
- Um acidente de
grande porte num reator de “água leve” (a
grande maioria dos reatores em operação
no mundo utilizam esta tecnologia) poderia causar
um vazamento de radioatividade centenas de vezes
maior que o de Chernobyl, resultando em mais de
um milhão de mortes por câncer e na
remoção de pessoas em grandes áreas
(até 100.000 km2);
- A idade média
mundial dos reatores está em 21 anos e muitos
países estão planejando estender o
tempo de vida de seus equipamentos além do
projetado originalmente. Esta prática poderá
levar à degradação de componentes
críticos e a um aumento nos incidentes de
operação, podendo culminar num grave
acidente;
- A desregulamentação
(liberalização) do mercado de eletricidade
pressionou os operadores de usinas nucleares a diminuir
seus investimentos na área de segurança
e a operar seus reatores com maior temperatura e
pressão, acelerando o envelhecimento do reator
e diminuindo as margens de segurança operacional;
- Os reatores nucleares
não podem ser suficientemente protegidos
contra um ataque nuclear;
- Os efeitos das
mudanças climáticas, como inundações,
elevação do nível do mar e
secas extremas, aumentam seriamente o risco de um
acidente nuclear.
“A indústria
nuclear está fazendo uma forte campanha para
promover a energia nuclear e acobertar sua verdadeira
crise. Hoje há poucos reatores em construção,
o custo de geração de energia é
elevadíssimo, não existe solução
para o lixo nuclear e os reatores atualmente instalados
estão chegando ao fim de sua vida útil”,
diz Dialetachi. O Greenpeace exige a eliminação
da energia nuclear como a única medida eficiente
para reduzir seus riscos. A solução
está na geração de energia
por fontes alternativas (eólica, solar, pequenas
hidroelétricas e biomassa) e o uso eficiente
da energia gerada.
Angra 3
Apesar do adiamento
da construção de Angra 3 por cinco
anos ter sido discutido na reunião do Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE),
realizada no dia 13 de abril, ainda há muitos
integrantes do governo Lula defendendo o projeto
com unhas e dentes. É o caso do ministro-chefe
da Casa Civil, José Dirceu, e do ministro
de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos. Para
o Greenpeace, a retomada do programa nuclear brasileiro
representaria um retrocesso, já que diversos
países – como Alemanha, Espanha e Suécia
– estão repensando suas políticas
energéticas, apostando em fontes renováveis
de energia.
“Investir numa usina nuclear no Brasil vai na contramão
do bom senso e uso apropriado de recursos públicos.
Usinas nucleares são inseguras, caras, ultrapassadas
e sujas. Juntas, Angra 1 e 2 são incapazes
de produzir mais do que 2% da eletricidade gerada
no Brasil”, afirma Sérgio Dialetachi, coordenador
da campanha antinuclear do Greenpeace.
Participação
O Greenpeace divulgou
nesta terça-feira uma carta (3), informando
a população sobre os enormes riscos
e desvantagens que a construção de
Angra 3 traria ao País. A organização
convida a população a participar de
uma ação de protesto via internet,
na qual é possível enviar ao presidente
Lula uma mensagem com a pergunta: "Angra 3:
Lula, será esse o seu legado?". A mensagem
também exige do presidente o fim da aventura
nuclear brasileira e a realocação
desse investimento em projetos socioambientais,
muito mais urgentes do que, por exemplo, a construção
de um submarino nuclear.
Notas
(1) O reator 4 da
usina de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu no
dia 26 de abril de 1986 e matou cerca de 30 mil
pessoas. Mais de 3 milhões de pessoas sofrem
com os efeitos do acidente. A radiação
varreu tudo e 140 mil quilômetros de área
ao redor da cidade ficarão inutilizados por
centenas de anos. Dados da ONU estimam que cerca
de 6 milhões de pessoas ainda vivam em áreas
contaminadas. A comissão de segurança
radioativa do governo ucraniano alertou em 2002
que os níveis de radiação em
Chernobyl continuam aumentando e é alto o
risco de vazamentos no sarcófago de concreto
que envolve o reator nuclear e toneladas de combustível
radioativo que permaneceram lá.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa