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IBAMA CONCEDE LICENÇA
PRÉVIA PARA SÃO FRANCISCO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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Após a análise
dos estudos de impacto ambiental, da realização
de vistorias e de uma seqüência de audiências
públicas nos principais estados envolvidos,
o Ibama concedeu hoje, ao Ministério da Integração
Social, a licença prévia para o Projeto
de Integração do Rio São Francisco
com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional.
O empreendimento de infra-estrutura hídrica
de inserção regional atinge os Estados
de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte
e Ceará, em consonância com a Resolução
n° 029/2005 da Agência Nacional de Águas,
que dispõe sobre a outorga preventiva que
reserva 26,4 metros cúbicos por segundo de
vazão firme para o projeto (podendo excepcionalmente
chegar a 114,3 metros cúbicos por segundo
de vazão máxima de área e instantânea
de 127 metros cúbicos por segundo quando
o nível de água do reservatório
de Sobradinho estiver acima do menor valor entre
o nível correspondente ao armazenamento de
94 % de volume e o nível correspondente ao
volume de espera para controle de cheias).
O projeto é constituído por estações
de captação e de bombeamento de água,
canais revestidos de concreto armado e em leito
natural, aquedutos, túneis, além de
26 reservatórios intermediários (dos
quais três existentes).
Tais estruturas dispõem-se em dois sistemas
independentes, denominados eixos Norte e Leste,
que se estendem por cerca de 720 km de comprimento,
estando dimensionados para transpor um volume máximo
de 127 metros cúbicos por segundo (99 metros
cúbicos por segundo no eixo Norte e 28 metros
cúbicos por segundo no eixo Leste).
No eixo norte, a captação está
prevista para ocorrer no município de Cabrobó,
a jusante do reservatório de Sobradinho e
imediatamente a montante da ilha Assunção.
No eixo Leste, a captação está
prevista para o município de Petrolândia,
no reservatório da usina hidrelétrica
Itaparica.
Essa é uma das obras mais complexas já
licenciada pelo Ibama. O processo teve início
em 1994 com a elaboração do termo
de referência que norteou o estudo de impacto
ambiental e seu respectivo relatório (EIA/RIMA)
elaborado pelo empreendedor.
O estudo ambiental foi entregue ao Ibama no ano
2000, quando foram realizadas as primeiras audiências
públicas nas cidades de Sousa (PB), Natal
(RN), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) e Salgueiro
(PE). O debate em Aracaju (SE) foi suspenso o de
Penedo (AL), cancelado.
Naquela época, o processo de licenciamento
ainda sofreu intervenção judicial
de duas Ações Civis Públicas.
A conseqüência dessas ações
foi a suspensão dos debates programados para
Salvador e Juazeiro (BA).
No ano de 2003, o Governo Federal, por meio do Ministério
da Integração Social, retomou o processo
de licenciamento ambiental. Em outubro, o Ibama
emitiu parecer técnico concluindo entre outros
pontos que o EIA/RIMA não atendia integralmente
ao termo de referência elaborado e precisava
ser reformulado.
A nova versão dos estudos foi entregue ao
Ibama em julho de 2004. Após a checagem da
documentação pelos técnicos
do licenciamento os estudos foram disponibilizados
em setembro ao público interessado. Em novembro
foi publicado no Diário Oficial o edital
das nove audiências a serem realizadas no
mês seguinte, mas que por força de
liminar da justiça foram canceladas.
Após decisão do Supremo Tribunal Federal
acerca da continuidade do procedimento de licenciamento,
o Ibama tornou a publicar edital, em janeiro deste
ano, comunicando a realização das
audiências nos estados envolvidos no projeto.
Em março foi realizada uma nova vistoria
nos dois eixos do projeto para elaboração
do parecer técnico final. O parecer enfatiza
que o sucesso do projeto está diretamente
ligado à capacidade de gestão da água
disponibilizada a cada estado beneficiado e aponta
a necessidade de manutenção da vazão
média da área de 1300 metros cúbicos
por segundo na foz do rio São Francisco.
A licença prévia do projeto está
condicionada a termos que devem ser cumpridos antes
do início das obras de instalação
do empreendimento. Entre eles destacam-se a necessidade
de apresentação da outorga de direitos
de uso de recursos hídricos e do Certificado
de Avaliação da Sustentabilidade da
Obra, emitidos pela Agência Nacional das Águas;
a apresentação de prognósticos
da qualidade da água nos futuros reservatórios;
mapeamento e zoneamento da área de 2,5 km
nas margens dos canais, declarada de utilidade pública
e de interesse social pelo Decreto federal de 19
de maio de 2004, indicando as áreas apropriadas
para reassentamento e reforma agrária; detalhamento
da proposta de construção de passagens
de pedestres e veículos ao longo dos canais;
e o detalhamento dos programas propostos no EIA
e de programas sugeridos pelo Instituto, tais como
monitoramento do sistema adutor, cadastramento de
fontes hídricas subterrâneas, apoio
ao saneamento básico, redução
de perdas no sistema de abastecimento público
da água, relocação de infra-estrutura,
segurança e alerta de mudança da vazão
dos canais, monitoramento da cunha salina na foz
do rio, além de várias medidas que
visam a proteção da fauna e flora
da região.
Audiências
Públicas realizadas em 2005
Audiência pública
foi o espaço aberto pelo Ibama para que a
sociedade pudesse questionar o projeto, apontar
eventuais problemas sócio-ambientais da obra
e para que os empreendedores apresentarem sua proposta.
Respeitando o estabelecido pela Resolução
CONAMA n° 09/87, as audiências públicas
foram realizadas em Fortaleza (CE), Natal (RN),
Sousa (PB), Salgueiro (PE), Belo Horizonte (MG),
Salvador (BA), Aracaju (SE) e Maceió (AL).
Apenas as quatro primeiras foram concluídas
com a participação efetiva da comunidade.
As demais foram interrompidas por manifestações
que puseram em risco a segurança das pessoas
nos locais previstos para os debates.
Em abril, o Ibama realizou uma nova audiência
pública em Montes Claros (MG), mas as atividades
tiveram de ser encerradas antes do previsto devido
à forte manifestação dos participantes.
No entendimento do Ibama, o princípio constitucional
da foi cumprido, uma vez que as audiências
foram marcadas com antecedência, os estudos
de impacto ambiental foram divulgados antecipadamente
e houve livre espaço e prazo para manifestações
sobre a obra, até mesmo nas audiências
não concluídas.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Telma Peixoto)