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INDÍGENAS CONSIDERAM
ACAMPAMENTO NA ESPLANADA MAIOR ENCONTRO
DESDE MANIFESTAÇÕES PELOS
500 ANOS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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25/04/2005 – Várias
entidades se juntaram para cobrir R$ 112 mil que
foram investidos, além das despesas com as
viagens, na mobilização nacional Terra
Livre, que vai até sexta-feira (29). A infra-estrutura
é tão grande que este já está
sendo considerado pelos índios "o maior
encontro, depois da mobilização feita
em Porto Seguro, nas comemorações
dos 500 anos do Brasil", comemora Aguinaldo
Pataxó, um dos coordenadores do evento. Até
sexta-feira, cerca de 700 índios estarão
acampados na Esplanada dos Ministérios para
reivindicar que as polícias públicas
sejam cumpridas.
Água filtrada doada pela Companhia de Saneamento
Ambiental do Distrito Federal (Caesb), café
da manhã com leite e dois pães, marmitas
para almoço e jantar, mais de dez ônibus
fretados (além de carros e de vans) e dez
banheiros móveis fazem parte da infra-estrutura
da mobilização. Ao todo, 23 cabanas
já foram montadas e mais oito estarão
prontas até amanhã.
Um caminhão da CEB está parado no
local. Segundo os índios, a Companhia cobra
R$ 7 mil para fornecer energia até o final
do encontro. Uma reunião das lideranças
indígenas irá decidir "se vale
a pena pagar pela luz, eles estão pedindo
muito caro", conta um dos coordenadores do
encontro, Luiz Titiah, que vive ao sul da Bahia.
Caso optem por não pagar, os índios
vão fazer uma fogueira à noite, quando
cada um dos 85 povos, que participam da mobilização,
irá dançar o seu ritual de agradecimento
a Deus pelo encontro.
Os índios se dividiram em comissões
e cada um tem a sua obrigação. Há
comissões para segurança, limpeza,
infra-estrutura, saúde, alimentação
e organização dos rituais. Oito homens
do Exército ajudam na montagem das cabanas,
que tiveram as palhas e os bambus doados por gabinetes
de deputados da Frente Parlamentar Indígena.
Outros cinco homens da Saúde do Exército
estarão de plantão, 24h, até
o final da manifestação para garantir
os cuidados na área.
Se cada vez mais os índios ganham em organização,
perdem nos costumes. Colares dourados, cabelos tingidos
de loiro, celulares tocando durante os debates.
Sem saúde, educação e, principalmente,
sem terras, os índios migram para as cidades
e se afastam, cada vez mais, de seus hábitos
históricos. "A minha história
se encontra num museu e eu quero mostrar a presença-viva
do meu povo", diz Graça Tapajós,
povo que espera a homologação das
terras em Santarém (PA).
Financiam o encontro a Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Indígena
de Roraima (CIR), Associação Brasileira
de Antropologia (ABA), Instituto Socioambiental
(ISA), Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Comissão
Pró-Yanomami (CCPY) e a Articulação
dos Povos e Organizações Indígenas
do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo
(APOINME). O "Abril Indígena" é
apoiado ainda por outras organizações
como a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) e a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC).
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Alessandra Bastos