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RELATÓRIO SOBRE
FLORESTAS SERÁ APRESENTADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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26/04/2005 O deputado
Beto Albuquerque (PSB-RS), relator do projeto de
lei que regulamenta a concessão de florestas
públicas (PL 4776/05), afirmou que vai apresentar
relatório preliminar sobre a matéria
no próximo dia 3. O parlamentar fez o anúncio
hoje, durante audiência pública promovida
pela comissão especial encarregada de elaborar
parecer sobre a proposta.
Desenvolvimento e proteção De acordo
com o professor da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro e diretor da ONG Pro-Natura, Peter
May, que participou da reunião de hoje, 95%
do comércio de madeira irregular da Região
Amazônica podem ser legalizados com a regulamentação
das concessões de exploração
das florestas públicas. May explica que a
legalização da atividade vai possibilitar
o aumento da rentabilidade das empresas do setor
porque os produtos poderão se enquadrar nos
padrões exigidos em mercados como o europeu
e o americano, sendo, assim, vendidos por preços
mais elevados. Ele avalia que, por atuar no mercado
negro, a maioria das madeireiros nacionais não
consegue agregar valor a seus produtos, que são
boicotados pelos grandes consumidores internacionais
por serem agressivos à natureza. Para o professor,
a exploração ordenada e fiscalizada
das florestas, além de aumentar a produtividade,
vai ajudar a proteger o meio ambiente. O deputado
Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) afirmou que o PL 4776/05
vem ao encontro das perspectivas de Peter May, porque,
ao promover a exploração econômica
racional na floresta, acaba transformando os particulares
em aliados do Estado na preservação
do meio ambiente.
Grilagem O representante do Greenpeace na audiência,
Nilo D'Avila, anunciou que os grileiros estão
vendendo terras públicas na Região
Amazônica por R$ 40 o hectare. Segundo ele,
o Governo não possui as ferramentas necessárias
para coibir essa prática, que provoca também
a devastação do meio ambiente. O secretário-executivo
do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Atanagildo
Matos, também mostrou-se preocupado com a
questão fundiária. Ele lembrou que
"não há floresta sem terra"
e que não é possível a gestão
equilibrada dos recursos florestais se as disputas
em torno da posse das terras não forem resolvidas.
Já o representante da ONG Amigos da Terra,
Roberto Smeraldi, avaliou que o projeto não
vai promover a privatização das terras
públicas, "como muitos dizem, até
porque o processo de privatização
já existe irregularmente há décadas,
por causa da grilagem”. O representante do Fórum
Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, André
Lima, alertou para a necessidade de o Governo reconhecer
os direitos das populações que vivem
atualmente em florestas antes de conceder a particulares
o direito à exploração. Ele
criticou o fato de não haver o mapeamento
do lugar onde essas populações estão
localizadas.
Fortalecimento do Ibama Lima afirmou ainda que tem
dúvidas sobre a capacidade do Governo controlar
a atuação dos agentes produtivos concessionários
de florestas públicas, uma vez que o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) contaria apenas com 40
fiscais em toda a região, o que representa
uma média de apenas um fiscal para cada 100
mil quilômetros quadrados. A incapacidade
do Governo para promover a fiscalização
necessária, caso seja aprovado o PL 4776/05,
foi criticada por todos os expositores, que pediram
que sejam canalizados mais recursos para o meio
ambiente. "Política ambiental não
é prioridade para o Governo", lamentou
Atanagildo. A deputada Ann Pontes (PMDB-PA) teme
que a ausência do Estado possa ter como conseqüência
a internacionalização da Amazônia,
por conta da penetração de empresas
estrangeiras na região. Ela cobrou que o
projeto assegure que apenas empresas nacionais possam
ser concessionárias das florestas públicas.
Diante das queixas, o relator, Beto Albuquerque,
declarou que seu relatório vai prever a destinação
direta de recursos para o Ibama, que terá
a função de controlar a atividade
desenvolvida nas florestas concedidas para a iniciativa
privada. “Vamos retirar uma parte do Fundo Nacional
de Desenvolvimento Florestal, que será criado,
para repassá-la ao Ibama. Com esse recurso
direto, vamos permitir que ele se aparelhe melhor
e amplie seus quadros".
"Áreas testemunha" Outra promessa
de Albuquerque é considerar a inclusão,
em seu parecer, de emenda do deputado Sarney Filho
(PV-MA) que propõe que 5% das áreas
concedidas permaneçam intocadas. Essas áreas,
denominadas "áreas testemunha",
um espaço de 5% da área de floresta
concedida que seria preservado para manter amostras
da floresta nativa, com o objetivo de conferir o
uso correto das áreas sob concessão.
As áreas permitiriam avaliações
futuras do impacto ambiental das atividades desenvolvidas.
Fonte: Câmara de Deputados
(www.camara.gov.br)
Assessoria de imprensa