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SEQÜESTRO DE POLICIAIS
EM RORAIMA BUSCA “VIABILIZA LEGALMENTE A
GRILAGEM DE TERRAS”, DIZ CIMI
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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25/04/2005 – A tensão
causada pelo seqüestro de quatro policiais
federais em Roraima pelos índios macuxi tenta
"viabilizar legalmente a grilagem de terras",
diz o vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), Saulo Feitosa. Os agentes foram raptados
na última sexta-feira, na aldeia Flechal,
no município de Uiramutã, no norte
do estado, no meio do território em que está
a Reserva indígena Raposa Serra do Sol.
"Essa pressão que está acontecendo
lá com a retenção dos policiais
federais é para a viabilização
legal da grilagem de terras e isso não pode
acontecer. É contra a Constituição.
O risco que se corre no momento é passar
quatro milhões de hectares de terra para
as mãos de quatro ou cinco grandes latifundiários",
explicou ele hoje (25), durante a Mobilização
Nacional Terra Livre, realizada pelos índios
acampados na Esplanada dos Ministérios.
Para Feitosa, essa é uma queda de braço
entre o governo de Roraima e o governo federal.
"Na região da Raposa Serra do Sol, além
das áreas indígenas e de preservação
ambiental, existem cinco milhões de hectares
de terras da União Federal. O governo de
Roraima quer que a União titule quatro milhões
de hectares dessas terras para o estado de Roraima.
Assim, as terras cairiam nas mãos dos grileiros
profissionais."
Feitosa explicou que os índios estão
na linha de frente do movimento, mas que há
dois grupos na retaguarda: o econômico (dos
arrozeiros) e o político (dos prefeitos,
deputados estaduais, deputados federais, senadores
e o governador de Roraima). "Há inclusive
denúncias de que, em outros seqüestros
realizados, houve a utilização de
carros da prefeitura para a manutenção
de reféns."
Para Feitosa, fazer reféns é um procedimento
adotado pelos índios macuxi. "Antes
dos agentes da Polícia Federal, já
havia feito de reféns alguns integrantes
da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) e de outras entidades que trabalham lá."
Dionito Macuxi, do Conselho Indígena de Roraima
(CIR), disse que estão satisfeitos com a
homologação contínua da Raposa
Serra do Sol. Ele afirmou, durante a Mobilização
Nacional Terra Livre, que os reféns vão
ser liberados tranqüilamente, sem violência.
"Dos 16 mil índios que vivem na reserva,
uns mil fazem a baderna como se fosse um racha total
da população. Isso é mentira.
Todos somos defensores daquela terra e vamos continuar
assim. Os que se dizem contra não têm
para onde ir e vamos continuar todos juntos, de
forma pacífica."
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Keite Camacho e Priscilla Rangel