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SITUAÇÃO
DO DESMATAMENTO NO XINGU É CRÍTICA,
MAS JÁ EXISTEM VÁRIAS INICIATIVAS
QUE PRETENDEM REVERTÊ-LA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2005
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06/05/2005 Apesar
do quadro de devastação, ações
em educação ambiental e recuperação
- algumas delas articuladas no âmbito da campanha
´Y Ikatu Xingu - poderão servir de
exemplo para outras intervenções em
toda a bacia. Também estão previstos
para a região projetos do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL) pelos quais poderão ser negociados
no mercado financeiro certificados de áreas
reflorestadas ou experiêcias de diminuição
das emissões de gás metano do rebanho
bovino.
Excluídas as áreas protegidas por
lei, 33,2% da cobertura vegetal original da bacia
do Rio Xingu, no Mato Grosso, já foram derrubados.
De 1994 a 2003, a área desmatada na região
duplicou de tamanho: de 2,38 milhões de hectares
passou para 4,56 milhões. Na porção
leste-sudeste da bacia, rios importantes como o
Curisevo, o Culuene e o Suyá-Miçu
já apresentam problemas de diminuição
de seu volume hídrico. No lado oeste, só
no município de Cláudia, sete nascentes
secaram. Em 2003, todo o Estado do Mato Grosso perdeu
18 mil quilômetros quadrados de florestas
e cerrado – 5 mil deles ilegalmente.
Apesar disso, estão em andamento várias
iniciativas da sociedade civil que pretendem reverter
o quadro de devastação na região.
Essas ações já têm algum
tipo de impacto e podem servir de modelo para outras
experiências. Em Cláudia, por exemplo,
o Grupo Agroflorestal e Proteção Ambiental
(Gapa) faz o monitoramento de uma Área de
Proteção Permanente (APP) urbana e
tem projetos de educação ambiental
voltados a escolas e à formação
de lideranças e agentes comunitários.
A entidade também mantém viveiros
de mudas para reflorestamento, experiências
alternativas de cultivo ("plantio em sete andares")
e uma usina de produção de adubo orgânico,
em parceria com a associação local
das indústrias madeireiras.
Em Água Boa, um grupo de 40 profissionais
de saúde, biólogos, agrônomos,
técnicos e professores tenta barrar o desmatamento
indiscriminado com ações educativas
destinadas a estudantes, trabalhadores rurais e
assentados. Trata-se da Organização
Não-governamental Ambientalista Roncador-Araguaia
(Ongara), que ministra palestras e cursos sobre
conservação ambiental, crédito
agrícola e alternativas agroflorestais. Em
parceira com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Água Boa e com o Instituto Socioambiental
(ISA), a entidade começa, em junho, um projeto
de formação, diagnóstico ambiental
e recuperação das nascentes do assentamento
Jaraguá, a 70 km de Água Boa. A intenção
é reflorestar as margens dos cursos de água
com espécies nativas que possam dar algum
tipo de retorno econômico, como o pequizeiro.
Os recursos são do Projeto de Alternativas
ao Desmatamento e Queimadas (PADEQ) do governo federal.
A entidade The Nature Conservancy (TNC) também
pretende desenvolver projetos na bacia envolvendo
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto
pelo tratado internacional Protocolo de Kioto, que
visa diminuir as emissões de gases poluentes
em todo o planeta. O MDL vai funcionar mediante
a comercialização dos chamados créditos
de carbono pelos quais uma determinada área
reflorestada ou alguma experiência que baixe
emissões de metano do gado receberão
um certificado que, por sua vez, poderá ser
negociado no mercado financeiro logo em breve. Em
parceria com o ISA, a TNC já está
realizando um estudo para identificar áreas
onde poderão ser desenvolvidos projetos de
MDL.
O Gapa, a Ongara, a TNC e o ISA fazem parte da campanha
´Y Ikatu Xingu – “água limpa, água
boa”, na língua Kamaiurá – que pretende
preservar e recuperar as nascentes e as matas ciliares
do Rio Xingu. Trata-se de uma iniciativa de dezenas
de ONGs, movimentos sociais, povos indígenas,
sindicatos, federações, universidades,
órgãos públicos e diversas
organizações civis do Mato Grosso
e do Brasil. A mobilização foi lançada
no Encontro Nascentes do Rio Xingu, realizado em
Canarana, de 25 a 27 de outubro de 2004. O evento
reuniu 340 representantes de instituições
como o Fórum Matogrossense de Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Formad), a Federação
da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso
(Famato), a Confederação Nacional
da Agricultura (CNA), Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag),
a Amaggi Exportação e Importação,
a Unemat, o WWF e a Associação Terra
Indígena Xingu (Atix).
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Oswaldo Braga de Souza