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COORDENADOR DA FUNASA NO
MATO GROSSO DO SUL PEDE AFASTAMENTO DO CARGO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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Brasília -
O coordenador regional da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) no Mato Grosso
do Sul, Gaspar Hickman, pediu afastamento do cargo
na última quinta-feira (5) após diversas
denúncias de irregularidades no uso de verbas
da instituição. A Comissão
Externa da Câmara dos Deputados, que investiga
o caso, liga as irregularidades à morte de
36 índigenas na região de Dourados
(MS) por subnutrição e falta de cuidados.
O coordenador-executivo da instituição,
Lenildo Moraes, assumiu o cargo interinamente.
Gaspar Hickman afirma que os documentos utilizados
pela comissão da Câmara para fazer
as denúncias foram obtidos de forma ilícita
e que, por isso, as acusações não
podem ser consideradas verdadeiras. "Só
o fato de o documento ter sido obtido de forma ilícita,
já perde a validade. Um parlamentar, para
divulgar notícia, deveria solicitar os documentos
em caráter oficial".
Ele defende que a apuração do caso
seja feita o mais rápido possível.
"Considerando os constantes ataques políticos,
peço afastamento do cargo, mas sou um dos
primeiros a querer a apuração do caso".
Para o coordenador da Comissão Externa da
Câmara, deputado Geraldo Resende (PPS-MS),
o pedido de afastamento de Hickman é prova
de que os indícios de irregularidades são
verdadeiros. "Os documentos são autênticos.
Foram fonecidos por servidores da Funasa que estavam
desconfortáveis com a situação
existente na instituição que levou
à morte 36 índios. O Gaspar solicitou
sua saída porque, certamente, sua consciência
está pesando. É responsabilidade dele
não ter apontado caminhos para evitar essa
tragédia".
Os documentos da Comissão Externa da Câmara
apontam gastos excessivos com manutenção
de carros e bombas d’água, por exemplo. Os
documentos também mostram gastos, em dezembro
do ano passado, de R$ 295 mil com consertos de carros
quebrados. "As estradas são esburacadas
e os carros são antigos. Esse valor foi gasto
em outubro, novembro e dezembro. Não em apenas
um dia, como o relatório quer dar a entender",
afirma Hickman.
O deputado Geraldo Resende diz que esses gastos
consumiram quase todo o orçamento da Funasa
em 2004. "Ele (Hickman) esquece de dizer que,
em fevereiro, em uma semana, foram gastos R$ 195
mil. Somando tudo, dá mais de R$ 500 mil.
E a Funasa só tem 100 carros que são
novos. Esses gastos consumiram quase a totalidade
dos recursos da Funasa no ano passado".
Para o deputado, a escolha do coordenador-executivo
da Funasa para assumir interinamente a coodenadoria
regional da instiuição é sinal
de que a situação no local é
grave. "Se a Funasa manda o segundo homem mais
forte na diretoria, logicamente, deve ter sentido
que onde há fumaça há fogo",
afirmou.
A comissão interministerial, criada pelo
governo para fazer uma análise da situação
indígena em Dourados, chegou hoje (9) à
cidade. "A situação está
muito grave para o Gaspar dizer que está
tudo normal", diz o deputado.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Priscila Mazenotti