Panorama
 
 
 

ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO SERÃO APRESENTADAS EM CAMPOS DE JORDÃO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2005

12/05/2005 A grave situação da araucária, espécie em extinção e tema principal da Semana da Mata Atlântica desse ano – que acontece entre 18 e 22 de maio, em Campos do Jordão (SP) -, chama a atenção para a grande necessidade de se proteger esse Bioma como um todo, hoje reduzido a apenas 7% de sua cobertura original.
Durante a Semana da Mata Atlântica serão debatidas, entre outros temas, as estratégias de conservação e recuperação da Mata Atlântica, seus avanços e vitórias, bem como novos focos de ação. As informações são da assessoria de imprensa do evento. A proposta de criação de oito Unidades de Conservação (UCs) para áreas de Floresta com Araucárias, consideradas prioritárias no Paraná e em Santa Catarina, é o anúncio mais esperado do evento. Devera ocorrer durante a sessão solene do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) a ser realizada no dia 19, das 10h30 às 13h00, e contará com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e outras autoridades como o presidente do Ibama, Marcus Barros, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o Secretário Estadual de Meio Ambiente, José Goldemberg.

Corredores ecológicos especiais

Uma das mais importantes estratégias de recuperação da Mata Atlântica é a criação de corredores ecológicos para conectar diferentes áreas de conservação, uma vez que a fragmentação e isolamento dessas áreas causam a perda de espécies e a falta de variabilidade genética (um fragmento pode conter uma espécie que não está em outro e assim por diante, alterando dessa forma suas características). O objetivo desses corredores é facilitar o fluxo de genes entre os remanescentes como forma de garantir a sobrevivência da biodiversidade, que depende da interação das diferentes espécies existentes em um ecossistema. Hoje, o cenário é de necessidade de criação e expansão desses corredores, ainda não suficientes para tornar as áreas protegidas auto-sustentáveis no que diz respeito à biodiversidade da Mata Atlântica.
Entre as dificuldades encontradas destaca-se a necessidade de grandes áreas contínuas de preservação, especialmente na Mata Atlântica onde a maior parte das terras são propriedades particulares muitas vezes avessas à “doação” de áreas maciças para reflorestamento. O diretor de Biodiversidade da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Kageyama, falará sobre o tema durante o seminário A importância dos corredores ecológicos para a manutenção da variabilidade genética e do fluxo gênico, no dia 20/05, às 10h40 horas, e trará novidades, como a proposta de uma nova relação entre UCs e corredores ecológicos, que promete agradar até os agricultores proprietários de terras.
Trata-se de uma nova técnica de troca de espécies entre ambientes naturais chamada Stepping Stones, ainda pouco discutida e explorada, mas cujos estudos têm mostrado grande eficácia e benefícios. Segundo esse método, ao invés do corredor ecológico tradicional, pode-se criar áreas de reflorestamento não conectadas diretamente à área a ser preservada ou recuperada, mas numa distância onde ainda ocorra a troca de genes. Essa possibilidade se baseia em estudos que determinam a distância do fluxo gênico, ou seja, qual a distância máxima percorrida pelos genes de uma espécie.

Mobilização Social

As estratégias diretas de conservação e recuperação da Mata Atlântica, como a criação de UCS e corredores ecológicos, entre outras, são importantes e fundamentais, mas por outro lado não garantem a sustentabilidade dessas ações, que está relacionada à consciência social da importância da Mata Atlântica e de sua proteção. Na avaliação de Marcos Sorrentino, Diretor do Programa Nacional de Educação Ambiental do MMA, que participa de uma mesa de Políticas Públicas de Educação Ambiental, organizada pela própria diretoria de Educação Ambiental do MMA, dia 20/05, às 11h20 horas, a Mata Atlântica é o Bioma onde existem mais iniciativas de educação ambiental. No entanto, permanecem ainda muito localizadas, carecendo de mais articulação entre si para se tornarem ações estruturantes. Sorrentino chama a atenção ainda para a importância da educação ambiental como um processo complementar fundamental de mobilização social e conscientização no caso da criação das UCs de Floresta com Araucárias.
Outra forma que tem se mostrado eficaz na aproximação do público em geral com questões ambientais são as campanhas. Lançada pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) em setembro de 2004, a Campanha SOS Araucárias, por exemplo, veiculada em âmbito nacional, incentiva a proteção dos remanescentes da Floresta com Araucária. A campanha, que continua ativa e já contabilizou 5 mil adesões, está ancorada no site www.rma.org.br, no qual os cidadãos podem enviar mensagens ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a outras autoridades federais. Desde que foi lançada, está no site do ISA no item Campanhas .

Iniciativas de proteção serão premiadas

A assessoria de imprensa da Semana da Mata Atlântica informa que no dia 19 dois prêmios serão entregues a pessoas, instituições e projetos voltados à proteção e recuperação da Mata Atlântica. A idéia é reconhecer o esforço e promover essas iniciativas, além de dar visibilidade social e inspirar a continuidade das ações. Assim, a Rede de ONGs da Mata Altântica (RMA) e o Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CNRBMA) escolheram o evento em Campos do Jordão para a entrega de dois importantes prêmios: Prêmio Amigo da Mata Atlântica e Prêmio Muriqui.
O Prêmio Muriqui foi criado em 1993 pelo CNRBMA com o objetivo de incentivar ações que contribuam para a conservação da biodiversidade, o fomento e divulgação dos conhecimentos tradicional e científico e a promoção do desenvolvimento sustentável na área da Mata Atlântica. O Prêmio é uma estatueta de bronze representando um Muriqui (Brachiteles arachinoides), animal símbolo da RBMA, e um diploma. São apenas duas edições por ano, uma para pessoas físicas e outra para entidades públicas e privadas, nacionais ou internacionais, que tenham se destacado por suas atividades em benefício da Mata Atlântica. Hoje, é reconhecido como uma das mais importantes homenagens às ações ambientais no País.
Já foram agraciados pelo Muriqui de bronze a Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE), o projeto TAMAR, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), a República Federal da Alemanha (através de suas agências de cooperação), a SOS Mata Atlântica, o ambientalista Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, o fotógrafo Sebastião Salgado, o geógrafo Aziz Ab´Saber, José Lutzemberger (in memorian), o atual secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, e até a própria RMA.
O Prêmio Amigo da Mata Atlântica foi instituído em 1998, para se contrapor ao Prêmio Moto-serra, também da RMA, que, ao contrário do Amigo, aponta os vilões desse Bioma. Até o momento, só foi entregue ao Povo Alemão, durante um seminário de ONGs em Berlim, pela grande contribuição que esse país vem dando ao desenvolvimento de projetos da Mata Atlântica, tanto de ONGs, quanto de Governos Estaduais.
A Semana da Mata Atlântica, que este ano tem como tema principal a araucária - espécie em perigo de extinção conhecida também como pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro e principal componente da Floresta Ombrófila Mista, um dos ecossistemas que compõem a Mata Atlântica -, foi a data escolhida para a segunda edição do prêmio, depois de seis anos de sua criação.
Mais informações no site da RMA (www.rma.org.br) e MMA (www.mma.gov.br) ou com a assessoria do evento: imprensa.mata.atlantica@gmail.com, com Maura Campanili, telefone (11) 91000-6895, ou Lívia Almendary, telefone (11) 8102-9923.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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