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IBGE INVESTIGA O MEIO AMBIENTE
DE 5.560 MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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13/05/2005 Queimadas
e desmatamento estão ocorrendo em todas regiões
do Brasil, e não apenas nas fronteiras agrícolas.
Esta é uma das muitas informações
ambientais coletadas pelo Suplemento de Meio Ambiente
da mais recente Pesquisa de Informações
Básicas Municipais – MUNIC, realizada em
parceria com o Ministério do Meio Ambiente
e que foi a campo em 2002. Trata-se do primeiro
levantamento ambiental, em nível de municípios,
realizado pelo IBGE.
Através dos questionários respondidos
pelas prefeituras dos 5.560 municípios existentes
naquele ano, o IBGE descobriu que podem estar surgindo
duas novas áreas de desmatamento da Floresta
Amazônica – no norte do Pará – e do
Cerrado – no oeste da Bahia – ainda não detectadas
pelos satélites. As queimadas, aliás,
são a principal causa da poluição
atmosférica nas cidades brasileiras, segundo
suas prefeituras, mas é o esgoto a céu
aberto – diretamente ligado à mortalidade
infantil – o problema ambiental que mais afeta às
condições de vida dos cidadãos.
A poluição dos rios e enseadas já
é detectada em 38% das cidades brasileiras
e em 77% das do Rio de Janeiro, o estado mais atingido.
A contaminação dos solos afeta 33%
dos municípios, e em quatro das cinco Grandes
Regiões e em 13 das 22 cidades brasileiras
com mais de 500 mil habitantes os resíduos
das atividades de Saúde já afetam
um número maior de municípios que
os industriais como seu principal agente.
Em 2002, enquanto 600 prefeituras tinham local específico
para receber embalagens de agrotóxicos, 978
descartavam tais recipientes em vazadouros a céu
aberto.
Inundações, deslizamentos de encostas,
secas e erosão são os desastres ambientais
mais comuns no Brasil: 41% das cidades do País
foram atingidas por pelo menos um deles, e 47% sofreram
prejuízos na agricultura, pecuária
ou pesca, devidos a problemas ambientais.
A MUNIC 2002 realizou, ainda, o primeiro levantamento
nacional das Unidades Municipais de Conservação
Ambiental: eram 689, espalhadas por 10,5 milhões
de hectares em 436 cidades. Cerca de um terço
dos municípios brasileiros possuía
Conselhos de Meio Ambiente e 30% havia iniciado
a implantação local da Agenda 21,
mas 68% deles tinham órgão ambiental
específico. Em 2002, 1.121 municípios
brasileiros sofreram degradação em
áreas legalmente protegidas. Também
foram destacados os problemas ambientais de duas
regiões específicas: a Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco e a área de influência
da rodovia Cuiabá – Santarém (BR 163).
A seguir, as principais informações
da pesquisa.
Prefeituras apontam
desmatamentos e queimadas por todo o País
Em todas regiões
do País – e não apenas nas fronteiras
agrícolas e o chamado Arco do Desmatamento
– sofre os efeitos das queimadas e desmatamentos.
Esta é uma das principais conclusões
da MUNIC Meio Ambiente. Respondendo aos questionários
desta pesquisa do IBGE, prefeituras de todas unidades
da federação informaram a ocorrências
de queimadas e desmatamentos dentro dos municípios
por elas administrados. Assim, embora sejam mais
freqüentes no Norte, Nordeste e Centro-Oeste,
as queimadas e desmatamentos são um problema
generalizado. Apenas na Amazônia Ocidental
(parte do Amazonas, sul de Roraima e parte do Acre)
houve municípios contíguos – abrangendo
grandes extensões de terra – que não
informaram queimadas ou desmatamentos.
Amazônia e Bahia podem ter duas novas áreas
de desmatamento detectadas pela MUNIC
Prefeituras do Amapá
e do norte do Pará apontaram a ocorrência
de queimadas e desmatamentos afetando as condições
de vida das populações locais. Com
o auxílio de satélites, o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA monitoram fontes de calor
no solo e fotografam periodicamente a Floresta Amazônica,
mas ainda não haviam detectado esses fenômenos
nas regiões mencionadas, o que pode indicar
o surgimento de uma nova frente de desmatamentos
e queimadas na Amazônia, cuja magnitude ainda
não seja perceptível para os sensores
dos satélites.
Outro bioma sob ameaça é o Cerrado
do oeste da Bahia, onde muitos gestores municipais
indicaram queimadas e desmatamento alterando a qualidade
de vida e a paisagem. Pode estar se repetindo aí
a expansão agropecuária que já
substituiu por enormes plantações
de soja grande parte dos cerrados outrora existentes
no Brasil Central.
A detecção de novas frentes de destruição
do Cerrado baiano e da Floresta Amazônica
pode ajudar a impedir que esses importantes biomas
sofram nova degradação, contribuindo
para sua preservação e para que neles
se desenvolvam atividades econômicas sustentáveis.
Satélites
detectam queimadas não informadas por prefeituras
ao longo da BR 163
A comparação
entre as informações coletadas pela
MUNIC, junto às prefeituras, com os levantamentos
do INPE e do IBAMA também revela que os gestores
municipais deixaram de informar a ocorrência
de queimadas e desmatamentos em regiões aonde,
sabidamente, elas vêm ocorrendo de forma generalizada:
ao longo da BR 163 (Cuiabá – Santarém),
ao norte do Mato Grosso e a oeste do Tocantins,
inclusive em áreas do chamado Arco do Desmatamento
(ver mapas 21 e 22 na publicação da
MUNIC).
É possível que alguns gestores municipais
associem queimadas e desmatamento ao desenvolvimento
econômico, e não indiquem suas ocorrências
temendo atrasar ou impedir o asfaltamento da BR
163, o que prejudicaria empreendimentos madeireiros,
agropecuários e de mineração
na região.
Queimadas e desmatamento
estão interligados
Entre os 1009 municípios
que apontaram desmatamentos alterando as condições
de vida da população, 684 (ou 68%)
apontaram também a ocorrência de queimadas.
A abordagem inversa produz conclusão semelhante:
72% dos 948 municípios que apontaram a ocorrência
de queimadas afetando as condições
de vida locais, indicaram, também, a ocorrência
de desmatamentos com os mesmos efeitos.
Um terço dos municípios que relataram
a ocorrência de desmatamentos e queimadas
realizaram ações efetivas para combatê-los.
Isso, mesmo que apenas 10% deles tenham recebido,
oficialmente, dos governos estaduais, a gestão
dos recursos florestais. Indicadores de interesse
semelhantes foram encontrados em relação
ao uso do solo. O número de municípios
que, na prática, administram seus recursos
florestais e o solo ultrapassa o dos que receberam,
oficialmente, dos Estados, tal incumbência.
Um dado importante é que 81% dos municípios
que relataram a ocorrência de queimadas e
desmatamento possuem órgão ambiental
específico. Assim, o incentivo ao compartilhamento
de responsabilidades entre União, Estados
e Municípios, bem como a capacitação
destes últimos para fiscalização
e controle pode ser bastante eficaz, pois os gestores
municipais estão mais próximos da
degradação ambiental e de suas conseqüências.
Esgoto a céu
aberto é a alteração ambiental
que mais afeta à população
O Suplemento de Meio
Ambiente identificou 1.159 municípios com
taxas de mortalidade infantil acima de 40 óbitos
por mil nascidos vivos (dados do Censo 2000). Neste
conjunto de municípios, 584 apontaram ter
havido alterações ambientais com conseqüências
sobre as condições de vida. A alteração
mais freqüente foi a presença de esgoto
a céu aberto (327), seguida por ocorrência
de doença endêmica (cólera,
dengue, febre amarela e malária) ou epidemia
(304) e presença de vetor de doença
(266).
Dos 1. 159 municípios com altas taxas de
mortalidade infantil, 1.086 estão no Nordeste,
48 estão na região Norte e 25 no Sudeste
– todos estes em Minas Gerais. A causa mais apontada
por 53% dos gestores dos 5.560 municípios
do País como a que mais afetava o meio ambiente
municipal foi o assoreamento de corpos d’água.
A pesquisa revelou, também, que ainda é
pequeno o número de gestores municipais que
relacionam problemas ambientais às condições
de vida. Esta associação é
mais freqüente nos municípios com altas
taxas de mortalidade infantil.
Ausência de
saneamento está ligada à alta mortalidade
de crianças de até cinco anos
Ao relacionar a ausência
de saneamento adequado com a mortalidade infantil,
ressalta-se a importância da instalação
de redes de água e esgoto nos domicílios
brasileiros. Dos 10,4 milhões de domicílios
brasileiros, segundo o Censo 2000, que ainda não
dispunham de esgotamento sanitário adequado,
quase quatro milhões estavam na região
Nordeste.
Enquanto a taxa de mortalidade de crianças
menores de cinco anos residindo em domicílios
adequados (aqueles com água e esgoto) era
26,1 por mil, para as que residiam em domicílios
inadequados, a taxa chegava a 44,8 por mil, atingindo
até 66,8 por mil no Nordeste.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico,
embora apenas 116 dos municípios brasileiros
não tivessem rede de água em 2000,
pouco mais da metade deles (52,2%,) tinha rede de
esgotos.
Em 2000, dos 56,7 mil óbitos de menores de
cinco anos registrados no Nordeste, 6,2 mil foram
por causas infecciosas ou parasitárias, o
que representa 56% do total de óbitos por
estas causas no País.
Queimadas são
a principal causa de poluição do ar
nos municípios
A poluição
do ar não é um problema restrito aos
grandes centros urbanos brasileiros e a sua causa
mais freqüente não são as indústrias
ou os veículos automotores, mas, sim, as
queimadas e as ruas e estradas sem pavimentação.
Esse é o diagnóstico do Suplemento
de Meio Ambiente da MUNIC 2002.
Os resultados do estudo mostram que 1.224 municípios
(22% do total), incluindo o Distrito Federal, informaram
a ocorrência de poluição do
ar freqüente. Nos municípios que relataram
o problema residia quase metade da população
brasileira (85 milhões) e 54% deles estavam
no Sudeste.
Entre os municípios que informaram a ocorrência
de poluição do ar, as causas mais
apontadas foram: queimadas (64%), vias não-pavimentadas
(41%), atividade industrial (38%), atividade agropecuária
– poeira, pulverização de agrotóxicos
etc. – (31%) e veículos (26%).
A poluição do ar tem múltiplas
origens: 70% dos municípios que acusaram
o problema apontaram duas ou mais causas para a
sua ocorrência, sendo que a média ficou
em torno de 2,5 razões. Apenas uma cidade
(Ipojuca - PE) verificou todas a nove1 causas de
poluição atmosférica.
As queimadas são a causa de poluição
do ar mais apontada em quase todas as regiões.
A exceção é o Sul, onde o topo
do ranking é ocupado pela agropecuária
(53% dos municípios) e onde as queimadas
ficam em segundo lugar, empatadas com as vias não-pavimentadas
(43%), que também aparecem como a segunda
causa no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.
No Sudeste, essa posição é
ocupada pela atividade industrial (45%).
A ocorrência de queimadas é a causa
mais significativa tanto nas cidades com menor urbanização
(taxa de população urbana de até
30%) quanto naquelas com alta urbanização
(taxa de população urbana igual ou
superior a 70%). As vias não-pavimentadas
aparecem como a segunda causa mais freqüente
entre as cidades pouco urbanizadas e como terceira
causa entre aquelas muito urbanizadas.
Queimadas poluem
mais nos municípios menores
As queimadas predominam
como causa da poluição atmosférica
entre as cidades menores. Elas foram citadas por
61% dos municípios com até 20 mil
moradores que relataram enfrentar degradação
da qualidade do ar e por 69% das cidades que tinham
entre 20 mil e 100 mil habitantes. Na primeira faixa
populacional, o segundo lugar é ocupado pelas
vias não-pavimentadas (42%); na segunda,
a posição fica com a atividade industrial
(46%).
Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes,
as queimadas ficam em terceiro lugar no ranking
de causas (foram apontadas por 62% dos gestores
municipais), atrás da atividade industrial
e dos veículos automotores, praticamente
empatados, com 66% e 65% respectivamente.
Das vias não-pavimentadas emana poeira, um
poluente que também carrega outras substâncias
nocivas. Segundo o Anuário Estatístico
dos Transportes 2001, a malha rodoviária
brasileira tinha mais de 1,7 milhão de Km,
dos quais menos de 10% estavam pavimentados.
Nordeste e Sudeste
têm mais cidades com ar poluído
A poluição atmosférica é
problema presente em todo o país, com diferenças
regionais. As regiões Centro-Oeste e Norte
registram as maiores incidências de poluição
do ar - respectivamente, 30% (138 cidades) e 28%
(127). Mas ambas as regiões têm menor
número de cidades que as demais.
Por isso não se deve ignorar que, em números
absolutos, a poluição do ar afetou
369 municípios (21%) do Nordeste e 324 (19%)
do Sudeste. Ainda mais porque, juntos, esses municípios
representam mais da metade daqueles que, no país,
relataram ocorrência de poluição
do ar.
Entre as cidades com até 5 mil habitantes,
11% relatam enfrentar o problema; na faixa que vai
de 5.001 a 20 mil habitantes, o percentual fica
em 20%. O percentual sobe para 33% entre as cidades
que têm entre 20 mil e 100 mil habitantes;
para 45% na faixa entre 100 mil e 500 mil habitantes;
e salta para 75% entre os 33 municípios que
têm mais de 500 mil moradores.
Nesse grupo, as prefeituras de oito cidades – Manaus
(AM), Belém (PA), Teresina (PI), Natal (RN),
Recife (PE), Maceió (AL), Curitiba (PR) e
Porto Alegre (RS) – informaram não ter poluição
atmosférica significativa, embora pelo menos
três delas (Recife, Curitiba e Porto Alegre)
sejam conhecidas como municípios que enfrentam
problema de qualidade do ar.
Legislação
específica é medida mais usada contra
poluição do ar
Entre os 1.224 municípios
que relataram problemas com a poluição
atmosférica, 57% informaram ter legislação
ambiental específica sobre qualidade do ar;
16% disseram fazer o licenciamento ambiental de
atividades potencialmente poluidoras e 14% afirmaram
já ter cassado a licença de funcionamento
de atividades poluidoras – mesmo percentual que
informou ter ordenado a suspensão temporária
das atividades poluidoras.
O destaque no combate à poluição
do ar foi o estado do Rio, onde mais da metade dos
municípios com o problema (18 ou 55%) disse
ter suspendido temporariamente o funcionamento de
atividades poluidoras. Já o Nordeste tinha
as menores proporções.
Poluição
de água afeta 77% dos municípios do
Rio de Janeiro
A poluição
da água atinge 38% dos municípios
brasileiros, principalmente os mais populosos. Entre
junho de 2001 a junho de 2003, esses 2.121 municípios
registraram ocorrência de poluição
freqüente nas águas dos rios, lagos,
enseadas, represas, açudes, baías,
nascentes, águas subterrâneas etc.
A proporção de municípios afetados
por poluição das águas é
maior no Sul (45%) e Sudeste (43%). Os estados que
mais registraram essa ocorrência foram: Rio
de Janeiro (77%), Amapá (69%), Espírito
Santo (60%), Pernambuco (56%) e Santa Catarina (55%).
No outro extremo, Piauí (7%), Tocantins (12%),
Acre (18%), Amazonas (19%) e Mato Grosso (25%) apresentaram
as menores proporções.
O despejo de resíduos industriais, óleos
ou graxas (inclusive derramamento de petróleo)
foi apontado por 521 municípios como uma
das principais causas de poluição
da água. No Sudeste (31%) foi verificada
a maior proporção desses municípios,
seguida de perto pelo Norte (28%). Rondônia
(45%), Espírito Santo (43%), Rio de Janeiro
(41%) e Sergipe (39%) apresentaram as maiores proporções.
Os elevados percentuais encontrados no Espírito
Santo e Rio de Janeiro se devem, em grande parte,
à exploração de petróleo.
Por outro lado, o Piauí não registrou
nenhuma ocorrência desse tipo e Paraíba
(8%), Alagoas (9%) e Bahia (12%) registraram os
mais baixos percentuais.
Resíduos industriais
e de serviços de saúde contaminam
o solo
A contaminação
de solo também é uma dor de cabeça
para 33% dos municípios brasileiros, e as
maiores proporções de ocorrências
foram no Sul e Sudeste: 50% e 34%, respectivamente.
As principais causas da contaminação
de solo foram: uso de fertilizantes e agrotóxicos
(63%) e a destinação inadequada do
esgoto doméstico (60%).
A contaminação do solo por esses últimos
atinge maior proporção de municípios
em todas as regiões, com exceção
do Sul: no Norte, atingiu 32% (contra 10% dos resíduos
industriais); no Nordeste, 21% (contra 8%); Sudeste,
19% a 12%; Centro-Oeste, 21% a 14% e no Sul ,7%
a 10%. Dos 22 municípios com mais de 500
mil habitantes, 13 registraram, principalmente,
esse tipo de contaminação do solo.
1.682 municípios
produzem resíduos tóxicos e não
têm aterro industrial
Cerca de 97% (5.398)
dos municípios brasileiros não possuem
aterro industrial dentro de seus limites territoriais.
Uma parte importante (69%) deles declarou não
produzir resíduos tóxicos em quantidade
significativa, mas 30% (1.682 municípios)
asseguraram que geram resíduos em quantidade
significativa e não possuem aterro industrial.
Verificou-se descaso com resíduos tóxicos,
principalmente, nos municípios mais populosos
(com mais de 100 mil habitantes): dos 1.682 que
não possuem aterro industrial e produzem
resíduos perigosos em quantidade significativa,
mais de 80% (1.406) estão no Nordeste, Sudeste
e Sul. Quanto ao destino deste lixo, 162 (10%) municípios
declararam enviar o material tóxico para
aterro em outra cidade, e dos 1.520 restantes, 37%
depositam detritos tóxicos em vazadouro a
céu aberto no próprio território.
Entre os municípios médios, de 20
mil a 100 mil habitantes, 73% (um total de 324 municípios)
destinam resíduos tóxicos a lixões
dentro de seus limites.
Enquanto o vazadouro a céu aberto (ou lixão)
no próprio município é a destinação
mais freqüente de resíduos tóxicos
entre os municípios do Norte (68%), Nordeste
(57%) e Centro-Oeste (44%), o destino não
especificado é mais comum nos municípios
do Sul (45%) e Sudeste (33%). É possível
que esta elevada proporção de municípios
que não especificam os destinos dos resíduos
tóxicos deva-se à desinformação
ou à falta de um plano de gestão de
resíduos, uma vez que a destinação
de resíduos é responsabilidade do
gerador, conforme a Lei 6438/81.
978 municípios
jogam embalagens de agrotóxicos em vazadouros
a céu aberto
A MUNIC 2002 abordou,
também, o uso de agrotóxico, o destino
de suas embalagens, a poluição da
água e do solo por agroquímicos e
a agricultura orgânica. A pesquisa não
avaliou a quantidade utilizada de agrotóxico,
mas apenas se o município era usuário.
Um resultado observado na pesquisa foi a maior concentração
de uso de agrotóxico nas áreas onde
o modelo agrícola baseado em monocultura
é predominante.
Embora seja determinado por lei (decreto no 4.074,
de 4/1/2002), o descarte seguro das embalagens vazias
de agrotóxicos não é observado
em todo o País: 996 municípios destinam
as embalagens para posto de coleta em outro município
e 978 descartavam recipientes em vazadouro a céu
aberto. No entanto, observa-se uma concentração
de postos de recebimento de embalagens vazias nas
principais áreas agrícolas do País,
apontando uma certa adequação à
legislação vigente.
Em todo o País, 600 municípios informaram
possuir posto ou central de recebimento de embalagens
de agrotóxicos. O destaque foi Santa Catarina,
com a maior proporção de postos de
recebimento.
A poluição de água provocada
por agrotóxico ou fertilizante é um
problema para 16,2% (901) dos municípios
brasileiros. Na Bacia Costeira do Sul, 31% dos municípios
registraram poluição da água
por agrotóxicos, e nas bacias do Rio da Prata
e Costeira do Sudeste, a proporção
foi de 19%.
Já a contaminação no solo por
uso de agrotóxicos e fertilizantes afeta
20,7% (1.152) municípios. Entre os estados,
a maior proporção de municípios
com contaminação foi verificada em
Santa Catarina (56%), no outro extremo, Amapá
e o Piauí registraram as menores proporções
do país, ambos com 2%.
Agricultura orgânica
é incentivo nos municípios que controlam
o uso de agrotóxico
Dos 5.281 municípios
com atividade agrícola, 35,8% incentivaram
a promoção e prática da agricultura
orgânica. Os municípios com contaminação
do solo por uso de agrotóxicos e fertilizantes
tem chance 2,8 maior de incentivar a agricultura
orgânica. Os municípios com atividade
agrícola prejudicada por pragas têm
60% a mais de chance de incentivar a agricultura
orgânica em relação àqueles
onde o problema não existiu.
Do total dos municípios onde há fiscalização
e/ou controle do uso de agrotóxicos e fertilizantes,
61,5% incentivaram a prática de agricultura
orgânica. Esse percentual para o grupo de
municípios que não fiscaliza o uso
de agrotóxico é de apenas 28,6%.
Falta de saneamento
afeta a maioria dos municípios brasileiros
Dentre os problemas
de degradação ambiental, a falta de
saneamento básico é o que afeta a
qualidade de vida das pessoas na maior parte dos
municípios brasileiros. De acordo com a MUNIC,
a presença de esgoto a céu aberto
prejudica comunidades em 1.031 municípios
(46%), seguido pelo desmatamento, em 1.009 municípios
(45%), as queimadas, em 948 municípios (42%),
e presença de vetor de doença, em
896 municípios (40%). Informaram pelo menos
um problema ambiental com impacto negativo sobre
a vida das pessoas, 41% dos municípios.
Para a maioria dos municípios do Norte (68%)
e Centro-Oeste (57%) o desmatamento era a principal
causa de impacto na qualidade de vida da população.
Já no Nordeste, para 55% dos municípios,
eram as doenças endêmicas ou epidêmicas.
No Sudeste, para 46% dos municípios, o principal
problema eram as queimadas, enquanto no Sul, para
46% dos municípios, era o esgoto a céu
aberto.
No Nordeste, o estado com mais municípios
com pelo menos um impacto ambiental relevante foi
Pernambuco, onde 82% deles têm esgoto a céu
aberto. No Norte, destacou-se o Amapá, onde
81% dos municípios tinham doença endêmica
ou epidemia. No Centro-Oeste, 68% dos municípios
do Mato Grosso do Sul tinham "lixões"
próximos a ocupações humanas.
No Sudeste, 66% dos municípios do Rio de
Janeiro relataram contaminação de
rios e baías; enquanto no Sul, 41% dos municípios
de Santa Catarina tinham esgoto a céu aberto.
Entre os municípios com até 100 mil
habitantes, esgoto a céu aberto (44%) e desmatamento
(44%) empataram como alterações ambientais
que interferem na qualidade de vida. Já entre
os municípios com mais de 100 mil habitantes,
a ocupação desordenada (47%) e esgotos
a céu aberto (42%) foram mais apontados.
Nove dos 33 municípios com mais de 500 mil
habitantes relataram não ter alterações
ambientais afetando a população: Belém,
Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Guarulhos,
Porto Alegre, São Gonçalo, Sorocaba
e Uberlândia.
Inundações,
deslizamentos, secas e erosão são
os desastres mais freqüentes
No Brasil, os desastres
mais comuns são inundação,
deslizamentos de encostas, secas e erosão.
Entre 2000 e 2002, 2.263 municípios brasileiros
(41% do total) declararam ter sofrido algum tipo
de alteração ambiental que afetou
as condições de vida da população:
16% tiveram deslizamento de encosta e 19% sofreram
inundações. Dos 1.954 municípios
(35%) que informaram alteração da
paisagem, 676 (35%) disseram que a causa foi a erosão
do solo (voçorocas, ravinas, deslizamentos).
Dos municípios que sofreram alteração
ambiental por deslizamento da encosta, quase a metade
(49%) fica no Sudeste, com Nordeste (23%), Sul (13%),
Norte (9%) e Centro-Oeste (6%) a seguir. Quando
a causa é a inundação, predomina,
novamente, o Sudeste (48%), seguido pelo Sul (23%),
Nordeste (16%), Norte (8%) e Centro-Oeste (5%).
No caso de alteração por erosão,
a distribuição foi: 38% dos casos
aconteceram no Sudeste; 25% no Nordeste; 20% no
Sul; 9% no Centro-Oeste e 7% no Norte.
Em 2002, 1.121 municípios
brasileiros sofreram degradação em
áreas legalmente protegidas
Outro tema investigado
pela MUNIC foi a degradação nas áreas
legalmente protegidas, previstas no artigo 225 da
Constituição Federal. Dentre os 1.121
municípios que informaram essa degradação,
769 (69%) deram o desmatamento como a principal
causa. As maiores proporções concentram-se
no Nordeste e Sudeste (ambas com 31%), seguidas
por Sul (19%), Centro-Oeste (10%) e Norte (9%).
A ocupação irregular de áreas
frágeis foi indicada por 525 municípios
(47% dos que informaram degradação).
Ocupações em encostas, florestas,
mangues, margem de rios e enseadas são mais
comuns no Sudeste (35%) e Nordeste (25%) e, ainda,
23% no Sul, 9% no Norte e 8% no Centro-Oeste.
Dos 366 municípios que informaram alteração
ambiental por deslizamento de terra, 92 (25%) também
declararam ter como causa da degradação
de áreas protegidas a ocupação
irregular de áreas frágeis e 126 (cerca
de 34,5%), o desmatamento. Já entre os 431
municípios com problema de inundação,
107 (24,8%) associaram tal ocorrência à
ocupação de áreas frágeis
e 128 (29,6%) ao desmatamento.
Poucos municípios
têm ações voltadas ao combate
e prevenção a desastres
Dos 366 municípios
que declararam ter sofrido alteração
ambiental devido ao deslizamento de encostas, só
30% (ou 110) praticaram alguma ação
voltada à contenção de encostas.
Entre os 431 municípios que sofreram inundações,
40% (169) tomaram medidas de recomposição
da vegetação nativa, e dos 673 que
sofreram erosão, 51% (344) implementaram
combate a esse problema.
Em relação à ocupação
irregular de áreas frágeis, dos 525
municípios que informaram ter o problema,
205 (cerca de 39%) declararam ter ações
de controle do uso e limites à ocupação
do solo e 275 (cerca de 52%) declararam ter ações
de controle, monitoramento ou licenciamento da ocupação
urbana.
Em 47% dos municípios,
houve atividades econômicas prejudicadas por
problemas ambientais
Em cerca de 47% dos
municípios os gestores municipais também
relataram prejuízos em atividades econômicas
primárias - pesca2, agricultura e pecuária
- por alterações ambientais.
A pesca, por exemplo, é considerada importante
por mais da metade (53,2%) dos municípios,
e 34,7% das prefeituras (ou 1.026) do País
informaram diminuição do pescado por
problemas ambientais. Atividade importante no Norte
(72,6%), Centro-Oeste (59,8%) e Nordeste (57,6%),
a pesca foi afetada por problemas ambientais em,
respectivamente, 44,0%; 37,9% e 41,2% dos municípios.
Pesca predatória
afeta 772 municípios
O principal problema ambiental afetando a pesca,
segundo 75,2% das prefeituras, foi a pesca predatória,
que atinge 772 municípios. Outros problemas
muito citados foram: degradação da
mata ciliar e manguezais (45,5% ou 467 municípios)
e assoreamento dos rios (43,4% ou 445 municípios).
No Ceará, em cinco municípios com
criação de camarões bastante
difundida - Amontada; Aquiraz; Icapui; Limoeiro
do Norte e Paracuru – houve prejuízos à
pesca extrativa, causados pela degradação
de manguezais e pelo assoreamento. A aqüicultura
tornou-se alternativa econômica no Nordeste,
mas sua expansão descontrolada prejudica
ecossistemas locais e a pesca extrativa.
Agricultura é
afetada por problemas ambientais em 1.919 municípios
Em 95,0% dos municípios
brasileiros, a agricultura foi considerada uma atividade
importante, mas em 36,3% deles (1.919) houve prejuízos
na atividade, por problemas ambientais. Pernambuco
(73,5%) e Espírito Santo (69,7%) apresentaram
os maiores percentuais de municípios prejudicados.
Entre os problemas ambientais que prejudicaram a
atividade agrícola, o mais citado foi a escassez
de água (55,8% ou 1.070 municípios).
No Nordeste, 71,7% dos municípios apontaram
a falta de água comprometendo a agricultura.
A pesquisa cobriu os 24 meses anteriores a 2002,
incluindo o segundo semestre de 2001 quando, segundo
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
registrou-se índices pluviométricos
abaixo das médias históricas do período
em todo o Nordeste e Sudeste do País.
A erosão do solo – segundo problema ambiental
mais mencionado – causou prejuízo à
agricultura em 43,1% dos municípios, com
maior freqüência em regiões onde
predominam tecnologias modernas: Sudeste (58,0%),
Sul (58,8%) e Centro-Oeste (60,6%). Já 49,2%
dos municípios apontaram o esgotamento do
solo acompanhado da contaminação do
solo por uso de fertilizantes e agrotóxicos
como causas que comprometeram o desempenho da atividade
agrícola.
Pecuária é
afetada por problemas ambientais em 1315 municípios
A pecuária
é importante para 94,2% dos municípios,
e 25,1% (ou 1315) deles tiveram algum prejuízo
com problemas ambientais. O Nordeste (32,5%) lidera,
com os maiores percentuais dentre os que relataram
prejuízo na pecuária, com destaque
para Pernambuco (55,9%), Bahia (43,9%) e Paraíba
(42,5%). No Sudeste (25,6%), Espírito Santo
(47,2%) e Rio de Janeiro (45,2%) se destacaram.
No Sul, o destaque foi Santa Catarina (34,0%) e
no Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul (30,3%).
A maior restrição ambiental à
pecuária foi a falta de água (72,2%
ou 949 municípios), seguida do esgotamento
ou compactação do solo (42,1%). O
gado também sofre com a contaminação
de águas que, no Brasil, quintuplicou nos
últimos 10 anos, segundo o relatório
O Estado Real das Águas no Brasil (2003-2004).
Nos municípios
pequenos, atividades primárias são
bastante afetadas por problemas ambientais
Nos municípios
com menos de 20 mil habitantes, onde as atividades
primárias são muito importantes para
a economia local, a pesca (60,1%), a agricultura
(69,3%) e a pecuária (69,4%) foram bastante
prejudicadas. Por outro lado, nove municípios
com mais de 500 mil habitantes (Manaus, São
Luís, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió,
Belo Horizonte, Porto Alegre e Cuiabá) consideravam
a pesca importante e indicaram prejuízos
nessa atividade.
Assoreamento é
o principal problema ambiental do Rio São
Francisco
Ao longo dos 505 municípios que integram
a Bacia Hidrográfica do São Francisco,
o problema ambiental mais destacado foi assoreamento
em corpos d’água, apontado por 286 (57%)
municípios. Em Minas Gerais, este problema
foi assinalado por 70% dos municípios da
bacia, sendo detectado em todos os municípios
da calha3, do Rio São Francisco e em muitos
dos que margeiam seus afluentes. As causas mais
assinaladas para isso foram: desmatamento (79%),
degradação de mata ciliar (72%), erosão
e/ou deslizamento de encostas (61%) e expansão
da agricultura ou pecuária (48%).
Pesca foi prejudicada
em 25% dos municípios da bacia do São
Francisco
Segundo a MUNIC,
127 municípios da bacia declararam redução
da quantidade ou da diversidade do pescado. Causas
mais apontadas: pesca predatória (72%), assoreamento
(59%), degradação da mata ciliar e/ou
de manguezais (55%) e alteração do
regime hidrológico dos rios (41%).
A Bacia do Rio São Francisco está
entre as doze regiões hidrográficas
instituídas pela resolução
nº 32, de 15/10/2003, do Conselho Nacional
de Recursos Hídricos. Com uma população
de 13.297.955 habitantes (Censo 2000), ou pouco
mais de 8% da população brasileira,
ela abrange 505 municípios, ou 9% do total.
Sua área de drenagem (639 219 km²) corresponde
a 8% do País e espalha-se por Minas Gerais,
Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás
e Distrito Federal.
Em 2002, 341 municípios (68% do total da
bacia) possuíam órgão ambiental,
274 municípios (54%) tinham algum tipo de
legislação ambiental e 226 municípios
(45%), Conselho de Meio Ambiente.
Poluição
das águas é problema para 38% dos
municípios da Bacia do São Francisco
Segundo o Suplemento
de Meio Ambiente, 191 municípios da Bacia
do Rio São Francisco (38% do total) registraram
poluição da água: 116 em Minas
Gerais, 24 em Pernambuco e 31 na Bahia.
As causas mais assinaladas pelos gestores ambientais
da bacia para a poluição hídrica
foram: esgoto doméstico (76%), disposição
inadequada de resíduos sólidos (36%)
e agrotóxico ou fertilizante (34%). Em nível
nacional, as causas mais apontadas entre os municípios
com poluição da água foram
as mesmas, com percentuais de 75%, 39% e 42%, respectivamente.
Outra causa apontada com grande freqüência
para a poluição das águas foi
o uso de agrotóxico ou fertilizante, principalmente
no oeste da Bahia, no Pólo Agroindustrial
de Barreiras, englobando os municípios de
Jaborandi até Barreiras, e no norte, na região
de Sento Sé, Itaguaçú, Juazeiro
e Curaçá, pertencentes ao Pólo
Agroindustrial de Petrolina/Juazeiro.
Somente 7% dos municípios
da Bacia do São Francisco têm áreas
protegidas
Somente 38 municípios
(7% do total da bacia) têm alguma Unidade
de Conservação Municipal pelo critério
do Sistema Nacional de Unidades de Conservação
- SNUC. Alguns possuem mais de uma Unidade de Conservação:
Caetés, Datas e Florestal – em Minas Gerais
– e o Distrito Federal, com nove. Somente os municípios
de Minas, Bahia e Distrito Federal possuem Unidades
de Conservação.
MUNIC estuda municípios
na área de influência da BR 163
Uma das portas de
entrada para a Floresta Amazônica, onde os
satélites do INPE detectaram queimadas e
desmatamentos não assinalados pelos gestores
municipais, a área de influência da
BR 163 tem 67 municípios4 , que foram estudados
em separado pela MUNIC.
Os municípios da BR 163 ainda estão
se desenvolvendo e mal dispõem de arrecadação
própria: apenas doze têm recursos específicos
para a área ambiental (provenientes, principalmente,
de multas) e nenhum possui Fundo Municipal de Meio
Ambiente. Apenas um deles (Novo Mundo – MT) recebeu
recursos do ICMS ecológico.
Enquanto 43% dos municípios brasileiros possuíam
legislação ambiental própria,
na área de influência da BR 163 este
percentual era de 25%. Quanto à existência
do Conselho Municipal de Meio Ambiente, 25 dos municípios
da área de influência da BR 163 o possuíam,
dos quais 23 haviam realizado reuniões em
2002.
Assoreamento e poluição do ar foram
os problemas assinalados pelo maior número
de municípios da área de influência
da BR 163 (35 e 30, respectivamente), e as principais
causas apontadas foram: desmatamento, queimadas
e degradação da mata ciliar.
Apenas 6% das cidades
têm órgão específico
para cuidar do meio ambiente
O quadro institucional
para cuidar do meio ambiente na grande maioria das
cidades é frágil, com escassos órgãos
exclusivamente dedicados à área, raras
leis específicas sobre o tema, um pequeno
e pouco qualificado conjunto de servidores para
tratar do assunto e parcos recursos destinados a
atacar problemas sérios como a contaminação
da água, a poluição do ar e
o assoreamento dos rios.
Em 2002, apenas cerca de 6% dos municípios
possuíam secretarias encarregadas exclusivamente
do meio ambiente. Em 26% das cidades a questão
ambiental era tratada em secretarias conjuntas com
outras áreas e em 36%, por organizações
preexistentes, como um departamento.
Na divisão por regiões, o Sul era
a que possuía o maior percentual de municípios
com algum Órgão Municipal de Meio
Ambiente (OMMA), fosse na forma de secretaria, departamento
ou similar (82% das cidades), seguido pelo Centro-Oeste
(79%), Norte (76%), Sudeste (63%) e Nordeste (60%).
Todas as cidades com mais de 500 mil habitantes
possuíam algum OMMA, e 45% delas tinham secretarias
exclusivas para a causa ambiental - proporção
mais de seis vezes superior à média.
Já entre os municípios com até
5 mil moradores, apenas 2% (1/3 da média
nacional) tinham secretaria exclusiva para meio
ambiente, e 49% não tinham nenhuma estrutura
institucional ambiental.
Os servidores municipais para o meio ambiente representam
1,1% de todos os funcionários públicos.
Cerca de 68% das cidades (3.759) disseram ter funcionários
específicos para o meio ambiente, apenas
8,3 servidores em média, dos quais 6,2 (75%)
eram estatutários ou celetistas. Além
do quadro fixo, 13% do total de municípios
contratavam terceirizados na área ambiental,
com destaque para o Sul (22% das cidades) e Sudeste
(15%).
Somente 18% das cidades
receberam recursos específicos para meio
ambiente
Em 2001, apenas 18%
(987) dos municípios disseram ter recebido
verba destinada exclusivamente às questões
ambientais. As regiões Sudeste (com 28% dos
municípios) e Sul (com 24%) tinham os maiores
percentuais de cidades com acesso a esses recursos
e o Nordeste, o menor (6%).
Novamente o Rio de Janeiro lidera: 50% dos municípios
fluminenses (46) disseram ter obtido verba ambiental
específica. Em seguida vêm Paraná,
47% (188) e Amapá, 44% (7). Quanto ao tamanho
dos municípios, 79% dos que têm mais
de 500 mil habitantes informaram ter recebido recursos,
enquanto na faixa de até 5 mil habitantes
a proporção era de apenas 11%.
A estrutura institucional é crucial na hora
de receber recursos ambientais. O cálculo
da razão de chance5 mostra que há
uma forte relação entre o fato de
o município ter recebido verba ambiental
em 2001 e outros três fatores: ter implementado
convênio, cooperação técnica
ou parceria ambiental; manter acordo administrativo
com órgão ambiental estadual; e possuir
legislação ambiental específica.
O ICMS Ecológico é a principal fonte
de recursos ambientais: é recebido por 389
municípios (cerca de 40% dos que disseram
ter recebido verba para meio ambiente). Em seguida
vêm repasses federais ou estaduais, 251 (25%);
convênio ou parcerias, 234 (24%) e multa ambiental,
214 (22%).
25% das cidades têm
CMMA ativo e 47% pertencem a um Comitê de
Bacia Hidrográfica
Em 2002, os Conselhos
Municipais de Meio Ambiente (CMMAs) ainda engatinhavam
no Brasil, mas os Comitês de Bacia Hidrográfica
estavam num estágio mais avançado.
Em 2002, 1.895 (34%) dos municípios tinham
CMMA e, desses, 1.451 (só 26% do total) tinham
conselho ativo.
A proporção de conselhos ativos entre
os municípios com até 5 mil habitantes
foi menor que a média (16%), enquanto entre
os com mais de 500 mil moradores, foi de 73%. Rio
Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás destacaram-se:
cerca de 40% de seus municípios possuíam
CMMA ativo.
A participação das cidades em Comitês
de Bacia Hidrográfica, por sua vez, mobilizava
47% ou 2.604 delas, especialmente no Sudeste (82%)
e Sul (50%).
Estados são
os principais parceiros em convênios ambientais
Quanto à articulação
institucional para ações ambientais,
45% (cerca de 2.500) das cidades haviam firmado
convênio, cooperação técnica
ou alguma parceria com outras entidades públicas
e privadas. Destacaram-se Amapá (81%), Rio
de Janeiro (73%), Espírito Santo (67%), Paraná,
Goiás e Santa Catarina (60%). Os municípios
do Norte e Nordeste foram os que menos realizaram
parcerias (38% e 27%, respectivamente), abaixo da
média nacional.
Brasil tinha 689
Unidades de Conservação Ambiental
municipais
Existem no País
689 Unidades de Conservação Ambiental
Municipais, que totalizam 10.543.778 hectares e
estão localizadas em 436 municípios
brasileiros. Este levantamento, inédito no
Brasil, foi realizado pela Pesquisa de Informações
Básicas Municipais - MUNIC, da qual participaram
5.560 municípios. As 314 Unidades de Conservação
de Proteção Integral estão
localizadas em 171 municípios e respondem
por uma área de 3.311.116 hectares. Já
as 375 Áreas de Conservação
de Uso Sustentado localizam-se em 265 municípios
e correspondem a uma área de 7.232.662 hectares.
Mas as áreas de proteção ambiental
nem sempre estão adequadas ao Sistema Nacional
de Unidades de Conservação - SNUC,
instituído pela Lei nº 9.985, de 18/07/2000.
Os gestores ambientais informaram existir 1.498
áreas de proteção quando, na
realidade, apenas 734 delas enquadram-se no SNUC.
O Sudeste possui a maior concentração
de UCs Municipais (42% das UCs adeqüadas ao
SNUC). O menor número de UCs foi registrado
na região Norte (4,5% das UCs adeqüadas
ao SNUC). Na análise da distribuição
das UCs municipais por Unidade da Federação,
66% da UCs estão concentradas nos estados
de Minas Gerais, Paraná, São Paulo
e Rio de Janeiro.
Municípios
nordestinos com Agenda 21 superam a média
do País
A Pesquisa Municipal
de Meio Ambiente constatou que 53,1% dos municípios
brasileiros, onde vivam quase 80% (78,5%) da população
brasileira, tinham Conselho de Meio Ambiente ou
Agenda 21 Local.
Considerando-se apenas a Agenda 216, 1.652 municípios
(30% do total) declararam contar com esse instrumento,
embora a pesquisa tenha considerado a existência
sempre que o processo tenha se iniciado, ainda que
sem nenhuma formalização legal.
No Nordeste, a Agenda 21 está presente em
63,8% dos municípios, muito acima das demais
regiões (Sudeste 15,8% e Sul 10,7%). Entre
os estados que têm taxa de implantação
da Agenda 21 acima da média brasileira, apenas
um, o Rio de Janeiro, não está no
Nordeste. Por outro lado, entre os três estados
com menor presença relativa de agenda 21
estão São Paulo e Rio Grande do Sul.
O resultado de São Paulo chama mais a atenção
por estar bem abaixo dos demais estados da região
Sudeste.
A grande presença da Agenda 21 no Nordeste
está, possivelmente, associada à ação
do Banco do Nordeste (BNB) que, em 1999, lançou
o Programa Farol do Desenvolvimento.
Apenas metade dos
municípios com Agenda 21 instalaram o Fórum
Cerca de 47,3% dos
municípios com Agenda 21 tinham o Fórum
da Agenda instalado, sendo que a proporção
mais elevada é no Nordeste (54,9%) e a mais
baixa, no Centro-Oeste (24,5%). A ausência
do Fórum nos municípios com Agenda
21 revela a falta de representação
da comunidade, pois a principal missão dos
fóruns é ser porta-voz da população
durante o processo de formulação de
políticas e de elaboração do
Plano Local de Desenvolvimento Sustentável.
_________________________
1 Agropecuária, industrias, queima de lixo,
mineração, odores de lixo, queimadas,
termelétrica, veículos automotores,
vias não-pavimentadas.
2 A atividade pesqueira diz respeito à pesca
extrativa. Não se considera a aqüicultura
(criação de peixes, crustáceos,
mariscos e outros).
3 Dos 505 municípios que compõem a
Bacia do Rio São Francisco, 101 situam-se
na calha do rio, isto é, fazem limite com
o seu leito principal.
4 A área de influência da BR 163 se
estende por 974 mil km2, com 34 no Mato Grosso,
28 no Pará, e cinco no Amazonas.
5 A razão de chance é a relação
estabelecida entre o risco de o município
ter recebido recursos financeiros para o meio ambiente,
dada a presença de uma ou mais características,
e o risco de ter tido os referidos recursos dada
a ausência dessas características.
O indicador é obtido dividindo-se os percentuais
encontrados na distribuição dos municípios
que informaram o recebimento da verba ambiental
pela distribuição relativa dos municípios
que informaram a existência de cada uma das
características selecionadas para o estudo.
6 A Agenda 21 resultou da ECO 92 - Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em
1992, que reuniu chefes de estado e representantes
de 179 países. A Agenda 21 foi elaborada
de forma a se desdobrada nos níveis global,
nacional e local. A Agenda 21 local é um
processo participativo, multisetorial de construção
de um programa de ação visando o desenvolvimento
sustentável local.
Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatísticas (www.ibge.gov.br)
Comunicação Social