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SEMINÁRIO DISCUTE
A RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DE EXTRAÇÃO DE AREIA NO VALE
DO RIBEIRA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2005
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17/05/2005
A região do Vale do Paraíba
responde por 5% da produção
nacional e 25% da paulista de areia para a
construção civil, destinando
80% dos 1000 mil m3 extraídos todos
os meses para a Região Metropolitana
de São Paulo. Trata-se de uma atividade
considerada degradadora do meio ambiente,
o que motivou a realização do
Seminário “Recuperação
de Áreas Degradadas pela Extração
de Areia no Vale do Rio Paraíba do
Sul”, na úlltima segunda-feira (16/5),
pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado
- SMA, no auditório da Câmara
Municipal de São José dos Campos. |
José
Jorge
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O
objetivo do evento foi de proceder à
avaliação da atividade de mineração
na região, para subsidiar a elaboração
do Zoneamento Ambiental Minerário e
discutir as formas de recuperação
das áreas exploradas pela atividade.
O seminário contou com a presença
da secretária-adjunta do Meio Ambiente,
Suani Teixeira Coelho, coordenadora da Coordenadoria
de Planejamento Estratégico e Educação
Ambiental - CPLEA, Lúcia Bastos Ribeira
de Sena, coordenador da Coordenadoria de Licenciamento
Ambiental e de Proteção de Recursos
Naturais - CPRN, João Antonio Fuzaro,
e diretora do Instituto Geológico,
Sonia Abissi Nogueira, além de representantes
de prefeituras, universidades, empresários
e ambientalistas, além de técnicos
de diversos órgãos da SMA.
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Lina
Aché, da CPLEA, e Ivan Silva de Oliveira,
do DEPRN, fizeram uma apresentação
do Zoneamento Ambiental para Mineração
de Areia na Várzea da Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul, compreendendo
o trecho entre os municípios de Jacareí
e Pindamonhagaba, iniciado em 1999, na primeira
experiência do gênero no país.
Segundo os técnicos, a areia, por ser
um bem mineral de baixo custo de exploração,
foi extraída de forma intensa na região
nos últimos 50 anos. Lembraram que,
no início, a extração
era realizada no leito do Rio Paraíba
do Sul, prática que mais tarde passou
para as cavas na planície em Jacareí,
avançando mais recentemente na região
entre Caçapava e Tremembé, que
constitui atualmente a área mais crítica
em termos de degradação.
Segundo a representante da CPLEA, a origem
dos trabalhos que culminaram com o zoneamento
minerário foi a conjunção
de problemas verificados, como alterações
ambientais na planície aluvionar, conflitos
com outros usos do solo e situações
críticas de adensamento da atividade,
além do fato de que, em 1995, promotores
públicos, vereadores e prefeitos passaram
a exigir uma definição referente
à regularização dos portos
de areia.
Falando rapidamente das bases legais relativas
à atividade, Lina mencionou que a Resolução
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
01/86 apenas exigia a elaboração
do Estudo de Impacto Ambiental-Relatório
de Impacto Ambiental - EIA-RIMA, ao passo
que a Resolução SMA 18/89 já
acrescentava a obrigatoriedade da |
recuperação de áreas
degradadas para empreendimentos em funcionamento
anterior a 1986. Por meio da resolução
32/95, a SMA e o Consórcio para o
Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba
- CODIVAP criaram um grupo de trabalho que
estabeleceu diretrizes regularizando a atividade
minerária na várzea do rio,
incluindo o licenciamento e a fiscalização,
por meio da Resolução SMA
42/96, e o planejamento, abrangendo o Zoneamento
Ambiental Minerário, por meio da
Resolução SMA 28/99. De acordo
com a técnica, entre os ganhos obtidos
com essas iniciativas verificou-se a recuperação
de áreas, a agilização
da análise de processos de licenciamento
e a transparência nos critérios
técnicos adotados, entre outros. |
José Jorge
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O representante do DEPRN
informou que o zoneamento e as ações
integradas de controle ambiental, pela
CETESB, DEPRN e Polícia Ambiental,
entre 1996 e 2005, resultaram até
o momento em 1.634 inspeções
e vistorias, sendo 443 vistorias conjuntas,
129 advertências e 95 multas. Ivan
Silva também informou que, no período
abrangido entre a Resolução
28/99 e o último mês de abril,
foram concedidas 63 licenças, para
os municípios de Jacareí,
Caçapava, Taubaté, Tremembé
e Pindamonhagaba.
De acordo com o técnico, em toda
a região, incluindo os empreendimentos
paralisados e encerrados até 30
de abril, o número total de empreendimentos
é de 137, sendo que 60 estavam
em funcionamento, 73 estavam paralisados
ou com atividades encerradas e 4 não
chegaram a se implantar.
Quanto à expansão do setor,
Silva afirmou que Taubaté e Tremembé
representam os casos mais preocupantes,
“com uma explosão de atividade
minerária”.
Informou, por outro lado, que enquanto
em Jacareí e São José
dos Campos, a atividade apresentou um
decréscimo ou estabilização,
houve crescimento em Taubaté, de
0,148 km2 em 1986, para 1,94 km2 em 1997
e 3,12 km2 em 2001; em Tremembé,
de 0,490 km2 em 1986, para 4,367 km2 em
1997 e para 6,909 km2 em 2001.
Com relação à recuperação
de áreas degradadas pela extração
de areia, Silva informou que 25% dos empreendimentos
têm processos classificados como
bom, tendo cumprido as exigências,
enquanto 38% ficaram caracterizados como
regular, apresentando atrasos nos cronogramas
estabelecidos, e 37% como ruim, apresentando
atividades degradadoras.
Ambos os técnicos defenderam a
necessidade de aprimoramento dos indicadores
para avaliar os processos de recuperação,
bem como um maior envolvimento das prefeituras
e proprietários para definir e
estimular outros usos das áreas
degradadas. Acrescentaram, ainda, a necessidade
de legislação para áreas
abandonadas, maior participação
da sociedade na fiscalização
e recuperação e pesquisas
sobre possibilidades de uso pós-mineração.
O engenheiro Paulinho Dalmaz, superintendente
de Obras e Serviços da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Curitiba,
que também participou do seminário,
disse que, desde 1971, na administração
do arquiteto Jaime Lerner, foram criados
13 grandes parques na cidade, ocupando
antigas pedreiras. Um exemplo característico
é o Parque Iguaçu, com 8,2
milhões de m2.
Dalmaz lembrou que, em 2002, o Governo
do Estado delegou a Curitiba a competência
pelo licenciamento ambiental no âmbito
municipal, estabelecendo exigências
para empreendimentos do setor areeiro
que, para obter a autorização
para operar, devem obrigatoriamente definir
o uso da área depois de encerrada
a atividade de extração.
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Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente de
São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Mário Senaga)
Fotos: José Jorge
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