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SISTEMA DE MONITORAMENTO
PERMITIRÁ AVALIAÇÃO
DE IMPACTOS NO PANTANAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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17/05/2005 Equipe
do Laboratório de Geoprocessamento da Embrapa
Pantanal (Corumbá, MS), unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA) está desenvolvendo
sistema de monitoramento que permitirá a
avaliação de aspectos importantes
do Pantanal Brasileiro como; desmatamento, queimadas,
atualização das vias de acesso e inundações
do Pantanal.
O trabalho, especialmente
o monitoramento das inundações no
Pantanal, irá proporcionar informações
valiosas para a pesca e a pecuária – principais
atividades econômicas praticadas na região
e que são influenciadas diretamente pela
dinâmica das inundações. Além
disso, o monitoramento aponta ainda questões
ambientais como o crescimento da área total
desmatada no Pantanal.
Nos últimos
dez anos, a área passou de 5.437 km2 para
12.182 km2 em 2000, o equivalente a 8,8% da área
do Pantanal, estimada em 140 mil km2. Segundo o
pesquisador da Embrapa Pantanal, o biólogo
Carlos Padovani, isso tem ocorrido em função
da implantação de modelos de desenvolvimento
“copiados” de outras regiões com impactos
negativos a biodiversidade e atividades econômicas
tradicionais e alternativas, adaptadas às
características do Pantanal. “O monitoramento
continuo desses dados é fundamental para
delinearmos esse tipo de cenário”, avalia
o pesquisador, que considera cedo para previsões
mais alarmantes sobre o assunto.
As imagens podem
ser acessadas na homepage da Embrapa Pantanal, na
página do Laboratório de Geoprocessamento
(www.cpap.embrapa.br). O pesquisador também
chama a atenção para as inúmeras
perspectivas associadas ao monitoramento e a interpretação
dos dados obtidos através das imagens de
satélite. “O monitoramento nos oferece a
chance de prever a extensão e a localização
das áreas de risco de inundação,
por exemplo”, ressalta.
Atualmente, o sistema
de monitoramento de inundações é
feito com imagens do sensor MODIS, do satélite
TERRA e AQUA em parceria com a Universidade de Goiás
e Instituto Alterra (Holanda). Esse sistema contará
com um banco de dados para o armazenamento, processamento
e recuperação das imagens e mapas
derivados, assim como para as informações
não geográficas como tabelas de dados
hidrológicos. A partir desse sistema também
será possível que sejam disponibilizadas
imagens e mapas via internet em tempo quase real.
No momento, estão
sendo processadas e interpretadas imagens de datas
específicas e sendo realizadas análises
preliminares para estabelecimento de metodologias
e rotinas computacionais. O monitoramento das inundações
do Pantanal faz parte do projeto de doutoramento
do pesquisador Carlos Padovani e está embasado
em projetos anteriores de interpretação
de imagens de diferentes sensores em diferentes
áreas do Pantanal – um trabalho que contou
ainda com o apoio da Fundação de Apoio
ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia
do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), da instituição
americana Ducks Unlimited e do Instituto Alterra,
da Holanda.
A analise dos dados
das queimadas poderá trazer a mesma perspectiva
de avaliação e previsão de
cenários futuros, ressalta o pesquisador.
Para o monitoramento das queimadas tem sido feitas
analises das imagens dos focos de calor disponibilizadas
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Com o material disponível
na base de dados do LSR; como mapas de vegetação,
municípios, sub-regiões do Pantanal,
entre outras informações geográficas,
os focos de calor são analisados para se
verificar áreas de maior ocorrência
de focos de calor, apontando quais suas possíveis
causas.
“Por meio dessas
análises podemos, por exemplo, dar suporte
em tempo real, ao combate de incêndios florestais
em parceria com o Corpo de Bombeiros e a Defesa
Civil, indicando as melhores rotas para acesso as
áreas de incêndio bem como o melhor
local para estabelecer acampamentos de apoio, risco
de propagação do fogo, entre outros”,
complementa o pesquisador, dizendo que o monitoramento
pretende ainda mapear as “cicatrizes” ou manchas
de queimadas deixadas pelo fogo.
Carlos Padovani explica
que as imagens CCD referentes a setembro de 2004
já foram adquiridas e que o passo seguinte
está sendo a construção de
um mosaico de imagens das mesmas e seu georreferenciamento.
A partir daí será feita a interpretação
do mosaico para a extração dos polígonos
de desmatamento.
O monitoramento do
desmatamento será realizado anualmente, porém
avaliações de determinadas áreas
poderão ser feitas a qualquer momento, sempre
que houver imagens disponíveis. O pesquisador
destaca que o trabalho está sendo realizado
com imagens do satélite brasileiro CBERS-2,
que apresenta a vantagem de serem gratuitas.
Parceria
O pesquisador Carlos
Padovani explica que o marco inicial para esses
monitoramentos foi a parceria celebrada entre a
Embrapa Pantanal e a WWF/Brasil, que resultou na
elaboração de um mosaico de imagens
do sensor ETM+ do satélite Landsat 7 para
o ano 2000.
O trabalho utilizou
a tecnologia de GPS para o georreferenciamento das
imagens, percorrendo 1.700 km no Pantanal do Brasil,
Bolívia e Paraguai e nos planaltos que circundam
o Pantanal, no Brasil, sendo coletados centenas
de coordenadas geográficas.
“A partir desse mosaico,
as imagens de outros sensores podem ser georreferenciadas
com precisão, já que para a região
do Pantanal a base cartográfica oficial apresenta
problemas de precisão com relação
ao posicionamento no terreno, incompatíveis
com a escala na qual foram elaboradas”, avalia Padovani.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Denise Justino da Silva)