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MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE ESTÁ “ENFRAQUECIDO” NA DEFESA
DA AMAZÔNIA, DIZ GEÓGRAFO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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24/05/2005 – O geógrafo
Aziz Ab’Saber contribuiu para o conhecimento da
história geoecológica do país
ao buscar a relação do homem com o
meio ambiente. Foi pioneiro também ao propor
a empresários que colaborassem para reflorestar
áreas de acordo com suas características.
Hoje, suas idéias inovadoras, que antes causavam
resistência quando Ab’Saber era jovem, são
modelo para a geografia brasileira.
Em entrevista à Agência Brasil, o professor
Aziz, presidente de honra da Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor
emérito do Instituto de Estudos Avançados
da Universidade de São Paulo (USP), diz que
"existe no sul do Pará um estado paralelo
em que fazendeiros e madeireiros ditam as próprias
regras", desmatando sem qualquer medo de serem
repreendidos.
Ab’Saber avalia que o Ministério do Meio
Ambiente está "enfraquecido" na
defesa da Amazônia, ainda que tenha o poderoso
instrumento tecnológico de observar a Terra
a partir de satélites. "O mais importante
é a capacidade de desenvolver ações
em relação ao que está sendo
observado", comenta ao analisar os índices
de desmatamento da Amazônia.
Segundo levantamentos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), divulgados na semana passada,
a Amazônia perdeu uma área de mais
de 26 mil quilômetros quadrados de agosto
de 2003 a agosto de 2004: um território quase
do tamanho do estado de Alagoas.
Agência Brasil:
Além de ser o segundo maior desmatamento
já verificado na Amazônia, como o senhor
avalia esse problema?
Aziz Ab’Saber: Não é só o problema
do desmatamento da Amazônia que me preocupa.
Uma série de fatos recentes demonstra uma
espécie de estado paralelo formado por fazendeiros
e madeireiros. Os fazendeiros fazem o que querem,
desafiando o poder público. Dão um
atestado de que eles estão tentando se isolar
de qualquer presença do Estado. Além
deles, tem também os madeireiros, que confabulam
com os fazendeiros e compram as árvores que
sobram à medida que as atividades dos primeiros
avançam. Então, a situação
é muito mais grave do que se pensa.
ABr: Tem ainda a
questão das populações tradicionais,
como os povos indígenas...
Ab’Saber: Quanto às populações
tradicionais, o problema é muito sério.
Enquanto os fazendeiros dominam tudo e causam medo
nas populações tradicionais, como
índios, eles vão fazendo tudo o que
querem. Eu, pessoalmente, julgo que, no momento,
está havendo um governo paralelo no centro-sul
do Pará, sem que haja nenhuma atitude dos
diversos níveis do governo Lula para traçar
uma estratégia que evite isso.
ABr: E como o senhor
vê a ação do governo diante
desse quadro?
Ab’Saber: O Ministério do Meio Ambiente está
totalmente enfraquecido e não tem condições
de tomar atitudes corretas para defender a Amazônia.
Poderia, por meio de um plano, programa ou projeto,
organizar-se melhor no centro-sul do Pará
e em outras áreas onde o desmatamento ainda
tem esses outros fatores. O que, para nós,
significa um problema muito sério, do ponto
de vista da observação internacional.
Lá nos Estados Unidos houve tempo em que
eles diziam: "Os brasileiros não têm
competência para gerenciar a Amazônia."E
o problema é esse no momento.
ABr: O que imediatamente
essa falta de gerenciamento provoca?
Ab’Saber: Essas dificuldades de gerenciamento dão
então abertura para aqueles que estão
de olho na Amazônia, não só
pela floresta, mas pela água doce, pelos
recursos minerais, pelas florestas que têm
fármacos, uma série de produtos de
importância econômica e social. E ainda
pelo petróleo que foi descoberto no oeste
da Amazônia, na Amazônia Ocidental.
Ela, com seus 4,2 milhões de quilômetros
quadrados de zona equatorial, é uma reserva
de biodiversidade máxima do planeta Terra.
E não pode ser colocada nas mãos de
especuladores em função de uma invasão
complicada do capitalismo.
Colaborou Lana Cristina
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Graziela Santanna