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MAIS DE 80 PRESOS POR ENVOLVIMENTO EM EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005

03/06/2005 Quase cinquenta servidores públicos estão envolvidos em esquema que fraudava autorizações para extração de madeira no Mato Grosso.
Mais de 80 pessoas foram presas entre ontem e hoje pela Operação Curupira, deflagrada pela Polícia Federal para coibir a ação de uma quadrilha que fraudava autorizações para exploração e transporte de madeira há mais de 14 anos no Mato Grosso. Mais de 120 mandados de prisão foram expedidos. Os acusados extraíram ilegalmente, de acordo com dados do MMA, quase dois milhões de metros cúbicos de madeira.
Estão envolvidos no esquema de fraude, além de empresários e despachantes, 47 servidores do Ibama, entre os quais alguns comissionados. O Diário Oficial da União já trouxe a exoneração desses comissionados.
Membros do alto escalão do governo federal e estadual estão envolvidos neste escândalo. O secretário de estado do Meio Ambiente e presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema) de Mato Grosso, Moacir Pires, foi preso no ínicio da noite de ontem. Também foram detidos o Diretor de Florestas do Ibama em Brasília, Antônio Carlos Hummel, e o gerente-executivo do Ibama em Cuiabá, Hugo José Werle.
Em resposta, o governo do estado do Mato Grosso, depois de exonerar Pires, anunciou hoje a extinção da Fema. O Ministério Público Federal ingressou ontem com uma ação civil pública contra a fundação, acusada de burlar a lei para aumentar áreas passíveis de desmatamento.
O presidente do Ibama, Marcus Barros, saiu em defesa de Hummel. Afirmou não ter dúvidas da improcedência das acusações contra o Diretor de Florestas da instituição, afastado preventivamente do cargo. Mas reafirmou que " o caso será apurado e medidas cabíveis serão adotadas". Ele nomeou duas comissões para investigar as irregularidades no órgão em Mato Grosso. O interventor do Ibama, Elielson Ayres de Souza, disse que as comissões vão verificar a conduta de cada servidor

INVESTIGAÇÃO

Em coletiva ontem pela manhã, a ministra Marina Silva anunciou os demais resultados da investigação, que durou quase 20 meses. Foram suspensos 283 planos de manejo florestal e cancelados outros 36. Foram contabilizadas 431 empresas fantasmas. Servidores de carreira do Ibama foram demitidos e outros servidores foram exonerados.
A ministra declarou que, com o fim do esquema de corrupção, espera que os índices de desmatamento do estado sejam reduzidos. "Assim, queremos fazer com que o desmatamento no Mato Grosso, um dos maiores – representando 48% do desmatamento da Amazônia –, possa efetivamente cair neste ano".
Entre outras medidas, foi comunicada também a intervenção federal no Ibama do Mato Grosso, por 60 dias, como forma de coibir a corrupção generalizada. O fornecimento de ATPFs (Autorizações de Transporte de Produtos Florestais) está suspenso, e uma equipe substituta já está coordenando os trabalhos do órgão.
Mas as denúncias de corrupção não surpreenderam a sociedade civil. Na verdade, tal situação já havia sido denunciada em relatório da consultora Maria Inês Hargreaves, de setembro de 2004, que analisou a existência de planos de manejo autorizados pelo Ibama dentro ou ao redor de áreas protegidas no Mato Grosso. Em matéria publicada no O GLOBO do dia primeiro, o tema foi retomado, e o Ministério Público Federal alegou estar estudando "adotar providências jurídicas contra funcionários do Ibama responsáveis".
De acordo com Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra - Amazônia brasileira , "Os recentes dados do desmatamento ajudaram o governo a encontrar a vontade política de prender parte daquela verdadeira Máfia Verde que todos conheciam, com duas ou três exceções. Mas há outros integrantes, por exemplo em Rondônia e no Pará. E mesmo em Brasília, a turma da criação de dificuldades para venda de facilidades conta com uma equipe maior."
"Precisou da morte de Chico Mendes para termos o Nossa Natureza e as Reservas Extrativistas. Precisou do desmatamento recorde em 1994 e do incêndio de Roraima para o governo FHC segurar e reforçar o Código Florestal. Precisou da morte da irmã Dorothy para conseguirmos a lei de concessões florestais, aprovada ontem em comissão. Agora precisou de outro desmatamento recorde para decidir de prender parte da Máfia Verde. Na Amazônia é assim, precisa sempre de um prejuízo sério para se conseguir o que deveria ser rotina."

Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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