|
EMBRAPA APONTA LANÇAMENTO
DE SOJA TRANSGÊNICA PARA O CERRADO
COMO UM MARCO HISTÓRICO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
|
|
23/06/2005 - O lançamento
hoje (23), na Embrapa Cerrado, das três sementes
de soja transgênica RR adaptadas para a região
do Cerrado brasileiro foi apontado como um marco
histórico nos mais de 30 anos da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para o diretor-executivo da Embrapa, Geraldo Eugênio,
o lançamento "também representa
um ganho para o produtor e para o consumidor. Hoje,
a Embrapa tem cultivares de soja geneticamente modificadas
adaptadas ao Sul, ao Sudeste e à toda a região
de cerrado do país. Isso é importante
porque mostra o esforço da nação
em ter o seu parque de ciência e tecnologia
atualizado".
As sementes estão disponíveis para
compra já para a safra deste ano e sua comercialização
será feita por 30 empresas sementeiras do
Convênio Cerrados, desenvolvido pelo Centro
Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias
(CTPA), em parceria com a Embrapa e a Agência
Rural de Goiás. A modificação
genética nas sementes foi feita que se tornassem
mais resistentes à ação de
ervas daninhas.
De acordo com Eugênio, o impacto para o agronegócio
é igualmente grande porque o Brasil estava
tendo uma grande área de soja plantada de
forma irregular. Como não existia um marco
legal, ele explica que nos últimos dois anos
a questão da soja transgênica era trabalhada
com Medidas Provisórias. "Agora, com
a Lei de Biossegurança, corrigimos isso.
Hoje a soja geneticamente modificadas pode ser usada,
desde que desenvolvida para o ambiente brasileiro
e testada em relação à biossegurança".
Na visão do pesquisador Plinio Itamar de
Souza, responsável pela equipe de 20 funcionários
que esteve à frente da pesquisa, a Embrapa
está lançando em torno de 13 variedades
de soja transgênica para todo o Brasil e três
especificamente para o Cerrado. Só no projeto
das três sojas para o cerrado foram gastos
sete anos de pesquisa. Segundo ele, poderão
ser usados agrotóxicos herbicidas menos agressivos
ao meio ambiente.
Na opinião do engenheiro agrônomo e
produtor rural, Homero Pessoa, as cultivares transgênicas
que têm esse novo gene para resistência
às ervas daninhas poderão dar um ganho
ao produtor e solucionar, em alguns casos, a questão
da semeadura e o cultivo da soja em áreas
problemáticas. "Eu tenho impressão
que essas cultivares vão baratear o custo
tanto para o agricultor quanto para o consumidor".
O chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, José Manoel Cabral Dias,
disse que esse é o nono ano consecutivo de
aumento da área de produção
e cultivo transgênico no Brasil. "Essa
área passou de 1,7 milhão de hectares
em 1996 para 81 milhões de hectares em 2004".
Dias estima que "o comércio de transgênicos
tenha gerado receitas de US$ 24 bilhões em
todo o mundo".
Ele disse ainda que a previsão é de
que o Brasil produzirá cerca de 57 milhões
de toneladas de soja transgênica no ano de
2010. "Se for mantida a mesma proporção
de hoje, a região do Brasil central irá
produzir cerca de 29 milhões de toneladas
anuais", comemora. A produção
atual da região, segundo ele, é de
18 milhões de toneladas.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace, Ventura
Barbeiro, "a vantagem dos primeiros anos (em
diminuição do uso de agrotóxicos)
perde-se rapidamente. Existe a redução
sim, mas depois o problema volta."
Quanto ao aumento da área plantada pela soja,
Barbeiro diz que, por isso, hoje "o cerrado
já é uma lembrança. Será
preservado em alguns parques ou terras indígenas,
mas a soja está avançando pela floresta
amazônica". No futuro, alerta, "ela
vai agravar o problema da contaminação
dos rios e saúde da população
indígena", pois será preciso,
segundo ele, utilizar uma quantidade maior de herbicida
do que hoje, já que as pragas ficariam mais
resistentes.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Benedito Mendonça