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FUNCIONÁRIA DO IBAMA
NEGA DENÚNCIAS PUBLICADAS EM REVISTA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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06/07/2005 - A chefe
da divisão técnica do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) em Belém (PA), Najja Maria Santos
Guimarães, negou hoje as denúncias
de que a Associação de Madeireiros
de Anapu e Pacajá estaria dando aval a autorizações
para desmatamento na região. Segundo ela,
que participou de audiência pública
na Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Biopirataria, essa é uma tarefa
do Ibama. Najja reconheceu, no entanto, que a associação
de madeireiros auxiliava os produtores rurais a
mapear as áreas que seriam desmatadas.
Na edição de 12 de junho, a revista
Veja publicou denúncias relativas à
extração e ao transporte ilegais de
madeira em troca do apoio das madeireiras beneficiadas
a candidatos do PT a prefeito no Pará. Na
semana passada, a CPI já havia ouvido outras
três testemunhas do caso.
Irregularidade
Uma das irregularidades
verificadas pela CPI foi justamente a participação
da associação como procuradora dos
pequenos produtores rurais nos contratos para compra
e venda de madeira. Esse fato, na opinião
do presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Mendes
Thame (PSDB-SP), representa uma distorção
conceitual do programa Safra Legal, do governo.
"Como isso é feito por meio de uma associação
de madeireiros que reúne milhares de contratos
com assentados, passamos a ter uma escala gigantesca.
Portanto, a legislação que teria de
ser aplicada é outra. Deveria ser a das madeireiras
e não a legislação mais benéfica,
que é utilizada para os assentados",
disse. "Estamos vendo madeireiras se aproveitando
dos benefícios sociais que queremos outorgar
para os assentados para terem ganhos financeiros
e econômicos convencionais", completou.
Força-tarefa
Entre outubro e novembro
de 2004, Najja Guimarães fez parte de uma
força-tarefa em Altamira. Segundo ela, o
Ibama contratou na época pessoal externo
para atuar na liberação das autorizações,
pois os funcionários do órgão
estavam em greve. Segundo as denúncias, as
liberações irregulares de extração
e transporte de madeira no Pará, todas ligadas
ao plano Safra Legal, foram feitas exatamente nesse
período, que coincide com as eleições
municipais. O programa permite que famílias
assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) desmatem até
três hectares por ano e comercializem a madeira
legalmente.
Na opinião do relator da CPI da Biopirataria,
deputado Sarney Filho (PV-MA), não há
mais dúvidas de que houve irregularidades
na liberação das autorizações.
"O que existe de concreto até agora
é que houve ilegalidade. Se essa ilegalidade
ocorreu para beneficiar campanhas de A ou de B,
vamos descobrir ao longo do tempo", disse.
Depoimento
reservado
Além da representante
do Ibama, a CPI também ouviu Manoel Messias
Silva. Ele prestou serviços a madeireiras
na região e é um dos autores das denúncias
publicadas pela Veja. O depoimento foi reservado
a pedido dele para que fosse mantido o sigilo das
informações prestadas.
Antes desse pedido, porém, o prestador de
serviços disse que denunciou ao deputado
Babá (sem partido-PA), em conversa por telefone,
a existência de irregularidades na extração
e no transporte de madeira no Pará. O deputado
teria gravado a conversa e apresentado a fita à
revista Veja.
Fonte: Agência Câmara
(www.camara.gov.br)
Reportagem (Geórgia Moraes)
Edição (Noéli Nobre)