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MUTUM-DE-ALAGOAS AINDA
PODE SER SALVO DA EXTINÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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(5.7.05) - O sonho
é antigo. Desde que o mutum-de-alagoas (Mitu
mitu) desapareceu dos remanescentes de Mata Atlântica
de Alagoas, na década de 80, os pesquisadores
tentam encontrar uma maneira de fazer com que a
ave volte a ocupar seu lugar original na natureza.
Muitas têm sido as dificuldades. A começar
pelo habitat natural do mutum, que foi quase totalmente
substituído pelas lavouras de cana-de-açucar
que caracterizam a paisagem alagoana.
Para a sorte dos
mutuns, muitos proprietários mantiveram reservas
legais de mata nativa ou criaram áreas particulares
de proteção ambiental, as RPPNs em
meio às extensas lavouras de cana. Esses
fragmentos da vegetação nativa representam
atualmente uma das maiores esperanças de
que os mutuns possam voltar a viver livres na região.
Este será um dos temas que serão discutidos
na II Reunião do Comitê para Recuperação
e Manejo do Mutum-de-alagoas que o Ibama coordenará
de 7 a 9 de julho, em Maceió. O evento será
realizado em parceria do Instituto para a Preservação
da Mata Atlântica-IPMA.
De acordo com o biólogo
Carlos Bianchi, do Ibama, a utilização
dos remanescentes de Mata Atlântica para reintrodução
de mutuns é hoje uma das perspectivas mais
viáveis para se tentar livrar a espécie
da extinção total. Segundo ele, existem
115 mutuns em cativeiro no país. Desse total,
a metade é composta por indivíduos
puros, ou seja: eles mantêm a carga genética
de sua espécie inalterada. Estas aves seriam
as mais indicadas para o repovoamento. Mas a reintrodução
de espécies não é algo simples.
Requer exaustivos estudos genéticos, comportamentais
e avaliação da capacidade que as áreas
naturais têm para receber de volta quem dela
fez parte no passado.
De qualquer forma,
os estudiosos que se encontrarão na capital
alagoana nesta semana contam com o apoio imprescindível
dos proprietários rurais da região.
Além de terem criado reservas de proteção
ambiental, muitos deles aceitam participar de um
futuro programa de reintrodução dos
mutuns na natureza e estão dispostos a fazer
algum esforço para terem a ave de volta em
suas matas. Nos últimos anos, aumentou a
consciência da importância da espécie
para o meio ambiente da região e o mutum
hoje é uma das bandeiras da conservação
ambiental em Alagoas.
Outra missão
dos especialistas ligados à conservação
do mutum-de-alagoas é definir o que fazer
com outra metade do plantel de mutuns que, pelo
fato de serem aves híbridas - misturas de
Mitu mitu com Mitu tuberosa (mutum-cavalo), não
podem ser reintroduzidas. Para alguns estudiosos,
mesmo sem servir diretamente ao programa de reintrodução,
os animais mistos geneticamente podem ser úteis
para testes que poderão servir de modelo
ao programa de conservação da espécie.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa (Jaime Gesisky)