|
PROJETO DE LEI SOBRE GESTÃO
DE FLORESTAS PÚBLICAS É APROVADO
NA CÂMARA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
|
|
08-07-2005 - Projeto
de Lei que trata da Gestão de Florestas Públicas
para a produção sustentável
de madeira, foi enviado hoje para o Senado. Aprovado
na Câmara dos Deputados na noite da última
quarta-feira (06/07), o Projeto de Lei 4776/05 apresentava
um substitutivo com 140 emendas que não alteraram
os objetivos da proposta formulada pelo Ministério
do Meio Ambiente depois de dois anos de estudos.
O projeto está
baseado na concessão de florestas em terras
públicas para manejo florestal para produção
de madeira e produtos não-madeireiros, como
óleos, essências, frutos, sementes
etc. Tem como princípios a proteção
dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade
e valores culturais associados e do próprio
patrimônio público através de
atividades que promovam o uso eficiente e racional
das florestas brasileiras.
Entre os pontos positivos
do PL, destacam-se o desestímulo à
grilagem e privatização de terras
públicas, principalmente na Amazônia.
O uso de áreas da União, estados e
municípios seria voltado para o uso sustentável
dos recursos florestais, por meio de manejo florestal.
O texto aprovado na Câmara assegura o respeito
ao direito das comunidades locais, de seu acesso
às florestas públicas e aos benefícios
decorrentes de seu uso e conservação.
O PL também
garante condições estáveis
e seguras que estimulem investimentos de longo prazo
no manejo, conservação e recuperação
das florestas. Também incentiva a agregação
de valor aos produtos e serviços da floresta,
através da utilização e capacitação
de empreendedores locais e da mão-de-obra
regional.
As empresas responsáveis
pelo manejo das áreas deverão ser
escolhidas em processo de licitação
pública. Um dos critérios para a escolha
do vencedor seria, além do valor ofertado,
a adoção de técnicas de manejo
com menor impacto ambiental. A área testemunha
(a ser mantida intocada dentro da área de
manejo para fins de comparação com
a área a ser manejada), uma solicitação
do Greenpeace, foi incorporada ao texto aprovado.
Outro ponto positivo do projeto é a transparência
no acesso às informações, já
que qualquer pessoa pode vistoriar as áreas
manejadas.
Um ponto polêmico
do PL é o Artigo 72, que garante a continuidade
de atividades econômicas realizadas pelos
atuais ocupantes em terras públicas em conformidade
com a Lei até cinco anos após a publicação
da lei. Para o Greenpeace, este artigo é
preocupante, pois abre brechas para viabilizar a
permanência em terras públicas já
ocupadas ilegalmente.
Atualmente, os governos
federal e estaduais não possuem estrutura
adequada para a implementação do projeto,
uma vez aprovado. “O problema da proposta será
sua implementação”, afirmou Marcelo
Marquesini, engenheiro florestal do Greenpeace.
“O projeto tem objetivos claros. Mas, se o governo
federal e os estados não investirem em recursos
e infraestrutura para a correta implementação
das concessões, corre-se o risco de se ter
apenas mais uma Lei a (não) ser cumprida
na Amazônia. Historicamente, os governos têm
demonstrado incapacidade para conter a destruição
da maior floresta tropical do planeta”.
Depois de aprovado
no Senado, o projeto deve ser sancionado pela Presidência
da República para entrar em vigor. Em 2006,
somente as Unidades de Conservação
“Florestas Nacionais” ou “Florestas Estaduais” com
plano de manejo da unidade aprovado estarão
aptas para concessões. Áreas fora
de unidades de conservação só
estarão aptas para concessões provavelmente
em 2007.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa