|
GOVERNOS FEDERAL E ESTADUAL
ANUNCIAM MEDIDAS PRELIMINARES PARA TENTAR
CONTER DESMATAMENTO NO MT
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
|
|
14/07/2005 - Governo
matogrossense acata decisão de decretar “moratória”
para corte raso durante um ano, que deve ser anunciada
na semana que vem. Medidas pretendem coordenar e
integrar a atuação da recém-criada
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e do
Ibama para tentar diminuir desmatamentos no Estado
campeão da devastação.
A ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, e o governador do Mato Grosso,
Blairo Maggi (PPS), divulgaram ontem, quarta-feira,
dia 13 de julho, em Brasília, as linhas gerais
de algumas medidas que pretendem conter o desmatamento
no Estado, responsável por 48% dos 26 mil
quilômetros quadrados de florestas derrubados
na Amazônia entre 2003 e 2004 – o segundo
maior índice da história. A intenção
seria coordenar e integrar a atuação
da recém-criada Secretaria Estadual do Meio
Ambiente (Sema) e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Os detalhes do acordo de cooperação
entre os dois órgãos deverão
ser fechados em uma reunião na semana que
vem, em Cuiabá.
Realizado depois
de uma conversa de mais de seis horas que contou
com a presença de Marina, de Maggi, do ministro
da Integração Nacional, Ciro Gomes,
e do presidente do Ibama, Marcus Barros, o anúncio
de ontem pode ser considerado uma prévia
de um conjunto de medidas que devem vir a público
também na semana que vem. O Ministério
do Meio Ambiente (MMA) deve, inclusive, lançar
mão de uma moratória para a derrubada
de árvores no Mato Grosso. A idéia
seria editar um instrumento legal (ainda não
definido) com o objetivo de proibir o corte raso
de madeira em áreas superiores a 3 hectares
pelo período de um ano. O novo “pacote ambiental”
aguarda a chancela definitiva do presidente Luís
Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff, que estão
em viagem à França. A notícia
sobre uma possível suspensão temporária
dos desmates no Mato Grosso já vinha sendo
veiculada pela imprensa nos últimos dias.
Entre as iniciativas
anunciadas ontem estão o reforço na
fiscalização em áreas críticas
de desmatamento ilegal, a instituição
de uma força-tarefa para criar novas Unidades
de Conservação e de um sistema de
rastreabilidade das propriedades rurais. Também
deverá ser firmado um convênio com
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
para que o Ministério Público Estadual
e a Sema passem a receber diretamente os dados do
Sistema de Detecção do Desmatamento
em Tempo Real (Deter) já na próxima
semana. Estão previstas ainda ações
integradas entre Ibama e a Sema e o aperfeiçoamento
do Sistema de Licenciamento Ambiental da Propriedade
Rural (SLAPR) do Estado, instrumento de controle
sofisticado, mas que apresenta baixa eficácia,
conforme estudo divulgado pelo ISA (veja abaixo).
Na reunião
ocorrida ontem, o governador de Mato Grosso acatou
a sugestão da “moratória”, mas pediu
que o governo avaliasse alternativas para a manutenção
do suprimento de madeira, especialmente aquele destinado
aos fornos de secagem de grãos e no caso
do manejo florestal legalizado. “O governo estadual
está decidido a aplicar sua política
ambiental em consonância com o governo federal”,
afirmou o procurador Carlos Teodoro Irigaray, diretor-executivo
do Fundo Estadual do Meio Ambiente. Ele contou que
a Sema e Ibama já vinham conversando há
algum tempo.
"Esse sistema
[o Deter] permitirá que o governo tome conhecimento
de irregularidades praticamente em tempo real. Poderemos
interferir na semana ou na quinzena em que estiver
ocorrendo o desmatamento," informou Blairo
Maggi. Ele observou que, até agora, as informações
chegavam apenas no ano seguinte, o que inviabilizaria
a punição dos infratores. "A
extração de madeira a partir do manejo
legalizado, realizada pelas madeireiras registradas,
continuará a ser executada e não haverá
prejuízo para quem trabalha na legalidade,"
confirmou. O chefe da Casa Civil de Mato Grosso,
Luiz Antonio Pagot, que também participou
da reunião, disse que indústrias que
operam irregularmente poderão ser incorporadas
ao processo produtivo desde que se enquadrem às
exigências do Ministério Público
e assinem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
"As medidas
são um bom começo, mas ainda são
insuficientes diante do quadro generalizado de impunidade
que já conseguimos identificar no Estado",
avalia André Lima, advogado do ISA. No início
de julho, a organização lançou
o estudo Mato Grosso - Amazônia (I)legal,
que foi apresentado à ministra Marina Silva
há mais de um mês. O trabalho analisa
os desmatamentos ilegais nas propriedades licenciadas
pelo SLAPR e faz uma série de recomendações
para diminuir os desmates na região. “A criação
de um grupo de trabalho para elaborar um plano estratégico
de emergência foi uma das recomendações
feitas pela nossa pesquisa, por exemplo.” Além
desta, outras sugestões feitas pelo estudo
foram: a criação de um programa de
recuperação de Reserva Legal e Áreas
de Proteção Permanente (APPs), incentivos
à compensação de Reserva Legal
e disponibilização ao público
dos dados e imagens do SLPR. Esta última
proposta também deverá ser acatada
pelo governo matogrossense.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Oswaldo Braga de Souza)