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PRIMEIRO SORO ANTIOFÍDICO
EM PÓ BRASILEIRO COMEÇA A
SER TESTADO EM SERES HUMANOS
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Julho de 2005
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11/07/2005 - O índio
waimiri-atroari que recebeu soro antiofídico
liofilizado (em pó) produzido no Brasil deve
fazer hoje a consulta de retorno à Fundação
de Medicina Tropical do Amazonas (FMT), nesta capital.
Foi, até o momento, a única aplicação
realizada, como parte do ensaio clínico necessário
à aprovação do soro junto à
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
"Vamos aplicar
o soro liofilizado em 40 pacientes e o soro líquido
em outros 40, comparar os resultados e produzir
um relatório que será enviado à
Anvisa", explicou o capitão Iran Mendonça
da Silva, médico infectologista do Instituto
de Biologia do Exército, localizado no Rio
de Janeiro. A estimativa é que em dois anos
o uso do produto esteja liberado para que o Ministério
da Saúde o forneça a regiões
de difícil acesso.
Segundo Iran Mendonça,
o soro em pó foi desenvolvido pelo Instituto
Butantan, em São Paulo, especialmente para
a Amazônia. "Em 2000, começamos
[o Instituto de Biologia do Exército e o
Instituto Butantan] a desenvolver um soro líquido
trivalente, que neutralizasse o efeito dos venenos
da jararaca, da surucucu e da cascavel. A partir
daí decidimos também produzir esse
mesmo soro na versão liofilizada, pensando
nos postos de saúde isolados no meio da mata",
explicou.
Luiz Losano, infectologista
responsável pela Gerência de Animais
Peçonhentos da Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas, explicou que as principais
vantagens do soro em pó são o maior
tempo médio de vida (oito anos, contra quatro
do soro líquido) e a facilidade de transporte
e conservação (pode ser guardado a
temperatura ambiente, enquanto o soro líquido
precisa de refrigeração). "Mas
é bom lembrar que ele, assim como o soro
líquido, só pode ser aplicado na presença
de pessoal especializado, porque pode causar uma
reação alérgica tão
ou mais grave que o veneno", alertou.
"É um
soro antiofídico produzido da mesma forma
que o outro, a partir do plasma do cavalo, e aplicado
também na veia do paciente. Para usá-lo,
basta dissolver em soro glicosado e água
destilada", acrescentou Iran Mendonça.
De acordo com o médico
infetcologista Antônio Magela, que atendeu
o índio waimiri-atroari, o paciente (cujo
nome não foi revelado) fora picado havia
dez horas por uma jararaca, responsável por
cerca de 91% dos ataques de serpente na Amazônia.
O acidente aconteceu no último dia 23, a
250 quilômetros de Manaus, na divisa entre
o Amazonas e Roraima. "A princípio,
a eficácia do soro foi a melhor possível,
neutralizando a tempo o veneno", disse.
Em São Gabriel
da Cachoeira, no extremo norte do Amazonas, o chefe
do Distrito Sanitário Especial Indígena
(DSEI), Hernane Guimarães dos Santos, contou
que desde 2000 eles utilizam soro antiofídico
em pó, produzido e comprado na Colômbia.
O DSEI São Gabriel da Cachoeira é
responsável pelo atendimento básico
de saúde de 23 mil indígenas que vivem
em 554 aldeias do município.
"O soro liofilizado
permite fazer atendimentos mais rápidos no
meio da mata. Quando começamos a utilizá-lo,
evitamos mortes e amputações",
ressaltou Santos. Segundo ele, em 2000, as picadas
de cobra mataram oito indígenas em São
Gabriel da Cachoeira – em 2002, o número
caiu para uma morte; em 2003, nenhuma, e, no ano
passado, novamente uma. "Este ano, porém,
já foram cinco óbitos, porque estamos
sem dinheiro para comprar o soro", disse ele.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi