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USO SUSTENTÁVEL
É A SAÍDA PARA A AMAZÔNIA,
DIZ PESQUISADOR
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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13/07/205 - "O
avanço em tecnologias desenvolvidas pelo
Projeto de Larga Escala da Biosfera Atmosfera da
Amazônia (LBA) possibilita o acompanhamento
em tempo real de queimadas na região e, se
os órgãos públicos fossem eficientes
na resposta para as informações que
são repassadas, o cenário poderia
ser bem diferente do atual”. Quem garante é
o pesquisador Flávio Luizão, do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa),
unidade de pesquisa do Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT). Ele foi um dos palestrantes
do 2º Congresso de Estudantes do Projeto LBA,
que termina hoje (13), em Manaus. O LBA está
sob a supervisão do MCT e é coordenado
pelo Instituto.
Segundo Luizão,
"o governo federal vem se preocupando com o
problema, as políticas públicas existentes
são boas, mas falta ação. É
preciso colocar em prática o que é
discutido". Ele explicou que, atualmente, a
partir das informações existentes,
coletadas pelos mais de 800 pesquisadores parceiros
do LBA, é possível fazer projeções
sobre como a floresta estará daqui a alguns
anos. Esses modelos foram apresentados há
oito meses ao Grupo de Controle Internacional de
Combate ao Desmatamento da Casa Civil.
O pesquisador acredita
que o LBA tem um papel importante nesse contexto.
"Nesses dez anos de pesquisas na Amazônia,
muito se avançou com o projeto LBA, principalmente
nos trabalhos de estudo de seqüestro de carbono
pela atmosfera e formação de nuvens
e de chuvas", avalia, acrescentando que o destaque
entre os trabalhos é o uso de satélites
para o acompanhamento, em tempo real, da devastação
que o meio ambiente sofre para a construção
de estradas usadas no transporte ilegal de toras
de madeiras, entre outros. Em sua opinião,
é possível conciliar o desenvolvimento
sustentável com o uso consciente da floresta,
mediante o uso de tecnologias adequadas, única
forma de a floresta suportar os ataques sofridos
pela ação humana.
Como exemplo, Luizão
cita o que vem sendo realizado no Pará, onde
existem várias áreas de pastagens
para serem recuperadas. “Uma região que foi
castigada por queimada, uso inadequado do solo,
ou pela exploração madeireira, pode
ser recuperada", afirmou. Para isso, ele explica
que são usadas máquinas capazes de
revolver a terra (descompactação do
solo que se encontra gasto), e depois é feita
a aplicação de adubos fósseis
e gramíneas. "O problema é que
é um processo caro e não poderia ser
usado pelos pequenos agricultores. O ideal seria
a utilização de leguminosas (que frutifica
em vagem) existentes na própria região".
Uma delas é a pueraria, utilizada para descompactar
o solo e que não custa nada, mas sem o acompanhamento
correto pode virar uma praga.
"Existem várias
outras espécies nativas de leguminosas de
várzea que não estão sendo
utilizadas e que nós desconhecemos. Além
disso, o importante é ter a maior diversidade
de exemplares nos locais que foram atingidos. Assim
será possível promover o plantio de
árvores de grande porte, e a formação
de capoeiras e de sistemas florestais como, por
exemplo, soja e arroz”, afirmou.
De acordo com o pesquisador,
mesmo o solo da Amazônia sendo pobre em nutrientes,
baixa quantidade de cálcio e magnésio,
a floresta consegue fazer a reciclagem internamente
da matéria orgânica existente. É
essa matéria que proporciona a sustentabilidade
das áreas florestais. “Ainda existe um mundo
de informações sobre a Amazônia
para ser descoberto. Há ainda muito o que
fazer para podermos conhecê-la, a exemplo
das alterações no uso do solo e suas
conseqüências”, finalizou.
Fonte: Ministério da Ciência
e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa