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ANVISA ADVERTE PARA PERIGO
NA LIVRE COMERCIALIZAÇÃO DE
AGROTÓXICOS PEDIDA POR PRODUTORES
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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20/07/2005 - A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
divulgou na semana passada nota técnica em
que adverte os integrantes do Conselho Nacional
de Saúde sobre eventuais perigos na flexibilização
das normas para importação de defensivos
agrícolas, ou agrotóxicos, de países
do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Na nota "Os
riscos da livre comercialização de
agrotóxicos no Brasil", assinada pelo
gerente geral de toxicologia, Luiz Cláudio
Meirelles, e pela gerente de normatização
e avaliação, Letícia Rodrigues
da Silva, a Anvisa argumenta que a flexibilização
da comercialização de agrotóxicos
no Brasil "constitui-se em grande risco ao
meio ambiente, à saúde pública,
tanto de trabalhadores expostos quanto dos consumidores
de produtos agrícolas tratados, devido à
possibilidade de serem importados agrotóxicos
com riscos inaceitáveis, o que pode implicar
na perda de produção agrícola,
agravos à saúde humana e animal e
danos ambientais".
Ainda segundo o documento,
as atuais normas para importação de
agrotóxicos provenientes dos demais países
do Mercosul estão no decreto 4.074/2002 .
Atualmente, "é impeditivo ao Brasil
a aceitação de produtos oriundos dos
demais países do bloco sem que haja adequação
dos mesmos à regulação aqui
existente, uma vez que os países do bloco
possuem critérios de avaliação
para produtos agrotóxicos extremamente diferenciados".
O presidente da Comissão
Nacional do Mercosul da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
Carlos Sperotto, diz que o assunto foi discutido
em audiência com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, há cerca de um mês.
Segundo a nota da Anvisa, isso aconteceu no contexto
das negociações dos ruralistas com
o governo durante o chamado "tratoraço",
em Brasília. Após as negociações
com os produtores rurais durante o "tratoraço",
o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, deu
declarações à imprensa informando
que tinha havido acordo nesse sentido.
Na ocasião,
segundo Sperotto, Lula determinou que procedimentos
para a liberação de fertilizantes
e defensivos fossem adotados não só
no Mercosul como em qualquer lugar do mundo. "Essa
posição sinaliza algo totalmente em
desencontro ao que o próprio Ministério
da Agricultura, corroborando a posição
do presidente, apresentou", disse.
Segundo a Anvisa,
o Brasil é o terceiro maior consumidor de
produtos agrotóxicos no mundo e o primeiro
na América Latina. Na nota, o órgão
declara ainda que a possibilidade da livre comercialização
de agrotóxicos "vem trazendo enorme
preocupação devido aos impactos já
conhecidos à saúde humana e ao meio
ambiente, além de outros que poderão
ser incrementados com a referida medida".
De acordo com Sperotto,
da CNA, a flexibilização na entrada
de agrotóxicos importados no país
é uma antiga reivindicação
dos produtores brasileiros e serviria para quebrar
uma suposta "reserva de mercado" atualmente
existente. "É uma prioridade que existe
por parte de grandes grupos importadores e detentores
de uma reserva do mercado brasileiro que, no nosso
entendimento, não existe por que ser mantida",
disse.
Para Sperotto, a
posição da Anvisa é contraditória
e, se a proibição for mantida, deveria
haver extensão do veto também ao que
for produzido com o uso dessas substâncias.
"O Brasil autoriza a entrada de todos os produtos
produzidos com esses agrotóxicos. Se existe
algo nocivo, algo de risco, essa posição
de livre comercialização dos produtos
lá frabricados com os componentes que nós
estamos pleiteando a importação deveria
ser revista".
A Anvisa argumenta
também que não há compatibilidade
entre as normas regulatórias dos agrotóxicos
fabricados nos demais países do Mercosul
e a regulação brasileira. "É
impeditivo ao Brasil a aceitação de
produtos oriundos dos demais países do bloco
sem que haja adequação dos mesmos
à regulação aqui existente,
uma vez que os países do bloco possuem critérios
de avaliação para produtos agrotóxicos
diferenciados".
Segundo Sperotto,
os agrotóxicos comercializados nos demais
países do Mercosul custam quase a metade
dos produtos que circulam no Brasil, o que afeta
a competitividade dos gêneros agrícolas
. "Não há dúvida de que
os agrotóxicos do Mercosul são mais
baratos. Nós estamos aí com uma diferença
de 40% a 50% em relação aos produtos
consumidos pelos parceiros do Mercosul, que produzem
grãos que podem ser comercializados aqui,
competindo com os nossos".
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Érica Santana