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MOVIMENTO DAS GELEIRAS
NA GROENLÂNDIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2005
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Movimento
das geleiras na Groenlândia triplica
sua velocidade em nove anos
A descoberta confirma previsão dos
cientistas sobre o impacto acelerado das mudanças
climáticas
21/07/2005
- Cientistas do Instituto de Mudanças
Climáticas da Universidade do Maine,
EUA, verificaram que uma das maiores geleiras
da Groenlândia acelerou sua movimentação
nos últimos nove anos. Os cientistas,
a bordo do navio Arctic Sunrise, do Greenpeace,
estão na Groenlândia para documentar
os impactos do aquecimento global nesta região
do Ártico. A descoberta superou as
expectativas e confirma a previsão
dos pesquisadores em relação
aos efeitos das mudanças climáticas
sobre as geleiras glaciais. |
Descobertas
preliminares indicam que a geleira Kangerdlugssuaq
na costa leste da Groenlândia está
se movendo a uma velocidade de quase 14 quilômetros
por ano, podendo ser considerada uma das mais
rápidas do mundo. As medições
foram feitas nesta semana usando métodos
de amostragem com GPS (sistema de posicionamento
por satélite) de alta precisão.
Os resultados foram comparados com medições
baseadas em imagens de satélite, que
revelaram que a velocidade da geleira era
de cinco quilômetros por ano em 1996.
Outra descoberta foi que a geleira regrediu
aproximadamente cinco quilômetros em
sua extensão desde 2001, depois de
manter uma posição estável
nos últimos 40 anos. Isso significa
que, além da velocidade, seu derretimento
também está se intensificando.
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“O Brasil também
deve ser responsabilizado pelo aumento global da
temperatura”, afirmou Carlos Rittl, do Greenpeace.
“As emissões de CO2 provenientes do desmatamento
e das queimadas da Amazônia são a principal
contribuição do Brasil ao aquecimento
global. Por sua vez, há cada vez mais evidências
de que as mudanças climáticas estão
tornando as florestas mais secas. E uma floresta
mais seca leva a um maior número de queimadas,
alimentando um ciclo vicioso e destrutivo”.
Com as constantes queimadas na Amazônia, o
Brasil está entre os dez maiores emissores
de gases causadores do efeito estufa, cujas conseqüências
afetam todo o planeta. Uma delas é o derretimento
das calotas polares e geleiras, que contribui para
a elevação do nível do mar.
As geleiras do Ártico transportam gelo do
coração da Groenlândia para
o oceano e liberam icebergs. A geleira pesquisada
transporta, sozinha, 4% do gelo da Groenlândia
e qualquer mudança na velocidade desses glaciares
terá impacto significativo na elevação
do nível do mar.
“Essa é uma descoberta dramática”,
disse o Dr. Gordon Hamilton, que realizou as medições
na geleira na costa leste da Groenlândia.
“Existe a preocupação de que a aceleração
do movimento das geleiras do Ártico e a liberação
associada de gelo não estão descritas
nos atuais modelos matemáticos para a previsão
dos efeitos das mudanças climáticas.
Os novos resultados indicam que a perda de gelo
na Groenlândia pode ser maior e mais rápida
do que o estimado anteriormente, a não ser
que haja uma compensação com um aumento
equivalente de neve na região”.
Com o aquecimento global, geleiras situadas em altas
latitudes na Groenlândia podem responder da
mesma forma que a geleira pesquisada. A camada de
gelo sobre a Groenlândia pode derreter se
a temperatura média na região aumentar
em três graus Celsius. Se isso ocorrer, o
nível do mar aumentaria aproximadamente 7
metros em alguns milhares de anos. No entanto, uma
elevação no nível do mar entre
50 centímetros e um metro em 100 anos significaria
impactos desastrosos para todo o planeta – já
que mais de 70% da população mundial
vivem em planícies costeiras e 11 das 15
maiores cidades do mundo são litorâneas.
“O desaparecimento das geleiras da Groenlândia
é um aviso urgente para o mundo de que é
preciso agir imediatamente para interromper as mudanças
climáticas”, disse Carlos Rittl, do Greenpeace.
“O governo brasileiro deve fazer a sua parte, implementando
medidas efetivas para barrar o desmatamento na Amazônia,
reduzindo assim as emissões brasileiras de
CO2 para a atmosfera”.
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