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VELHO CHICO: NECESSIDADE
DE LEVAR ÁGUA AO SEMI-ÁRIDO
UNE PARLAMENTARES, DIVIDIDOS QUANTO A PROJETO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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21/07/2005 - A idéia
de desviar parte das águas do rio São
Francisco para regularizar o abastecimento de água
potável, minimizar os efeitos da seca e favorecer
a irrigação no Nordeste setentrional
brasileiro está perto de se tornar realidade
com o possível início das obras no
fim de agosto. O plano é antigo e vem sendo
discutido há mais de 15 anos no Congresso
Nacional.
Ao longo desse período,
os deputados e senadores não conseguiram
chegar a um consenso sobre a importância da
obra da integração de bacias (antes,
chamada "transposição")
para a região Nordeste. Nem a própria
bancada nordestina na Câmara é unânime
na defesa da atual proposta do governo federal -
que prevê a transferência de águas
do Velho Chico para abastecer pequenos rios e açudes
da região Nordeste que possuem déficit
hídrico durante o período de estiagem.
Em sua versão
mais recente, a chamada transposição
do rio São Francisco é uma idéia
que começou a ser discutida pelo governo
federal em 1985, quando o projeto ainda estava submetido
ao extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento
(DNOS). Em 1999, a proposta foi transferida para
o Ministério da Integração
Nacional - onde permanece até hoje.
Com a posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto deixou
de ser considerado apenas como a transposição
do rio para ser chamado de integração
do São Francisco às bacias do Nordeste
setentrional. Outra mudança foi a ampliação
do número de participantes nas discussões
sobre o desvio de curso do rio, como o Ministério
do Meio Ambiente, a própria sociedade civil
e as três esferas de governo.
O coordenador da
bancada do Nordeste na Câmara, deputado Benedito
de Carvalho Sá (PSB-PI), o B. de Sá,
explica por que os parlamentares nordestinos divergem
sobre a necessidade da obra. Segundo o deputado,
a maioria da bancada é favorável à
integração, com exceção
de um grupo de deputados do sul do Nordeste, que
teme prejuízos para as economias locais se
houver danos às margens do rio. "Eles
entendem que essa retirada do rio provocaria mais
danos ao rio do que já possui. No entender
deles, o rio precisa de revitalização,
e nós concordamos inteiramente. E o governo
federal está realizando ações
práticas para revitalização
do rio", ressaltou o deputado.
Para o deputado José
Carlos Aleluia (PFL-BA), um dos maiores críticos
do projeto na Câmara e líder da minoria
na Casa Legislativa, o projeto é inviável
tanto do ponto de vista da transposição
das águas do rio como do impacto ambiental
da obra. "É claro que não é
viável fazer irrigação com
água transposta do rio. Nós temos
mais de dois milhões de hectares disponíveis
no Vale do São Francisco para irrigar. Como
as pessoas vão ter produtos irrigados na
transposição para concorrer com aqueles
que irrigam na margem do rio? É evidente
que esse projeto é inviável",
criticou Aleluia.
O deputado pefelista
afirmou que, além dos parlamentares da Bahia,
os representantes de Pernambuco, Sergipe e Alagoas
estão preocupados com a execução
da obra - especialmente no que diz respeito à
diminuição da água que chega
ao Atlântico. Aleluia garantiu que sempre
foi um crítico do projeto, mesmo durante
o governo Fernando Henrique Cardoso. "O projeto
do Fernando Henrique era tão ruim quanto
o do Lula. Eu fui contra o do FHC, o do Mário
Andreazza (ex-ministro do Interior do governo militar),
sou contra qualquer projeto de transposição",
disse.
Na opinião
de Aleluia, a idéia viável é
a construção de uma adutora de 10
m³ por segundo (o plano atual prevê 26m³/s
- anteriormente, o projeto previa até 360m³/s)
"para levar água para a Paraíba,
para as pessoas e os animais beberem, além
de alimentar as fábricas - mas nunca para
fazer irrigação".
Já o senador
Garibaldi Alves (PMDB-RN), ex-governador do Rio
Grande do Norte, discorda da opinião do líder
da minoria na Câmara e entende que o projeto
é a realização de um sonho
dos nordestinos. "A retirada de água
é mínima, como já foi demonstrado,
e vai se constituir justamente nessa garantia que
os nordestinos esperam. Trata-se de um projeto que
vem sendo estudado tecnicamente há muito
tempo, então a sua viabilidade técnica
está plenamente assegurada", ressaltou.
O senador disse que
os parlamentares baianos precisam compreender que
a obra de transposição é essencial
para os nordestinos. Na opinião de Garibaldi,
a integração do São Francisco
vai resolver um dos maiores problemas dos nordestinos:
a falta de água. "A água como
um bem essencial não pode ser negada, uma
vez que ela poderia ser disponibilizada com tão
pouca quantidade de retirada do rio São Francisco".
Segundo o deputado
B. de Sá, a grande vantagem do projeto do
governo federal é levar água aos estados
mais carentes do Nordeste - a Paraíba, o
Ceará, o Rio Grande do Norte e Pernambuco.
"Hoje, a Paraíba tem limitação
de água abaixo do recomendado per capita
por ano pela Organização Mundial da
Saúde. A obra vai oferecer água para
o consumo humano para milhares de habitantes dessa
região", disse.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço