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VELHO CHICO: PROPOSTA DE
FUNDO PARA REVITALIZAÇÃO DO
SÃO FRANCISCO PODE VIR A VOTAÇÃO
EM AGOSTO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2005
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21/07/2005 - Paralelamente
às obras de integração do rio
São Francisco às bacias do Nordeste
setentrional, o Congresso Nacional discute atualmente
alternativas para garantir recursos para a revitalização
do rio desde a sua nascente. Enquanto a decisão
do governo de levar água para o Nordeste
setentrional divide os parlamentares, os deputados
e senadores em sua maioria são favoráveis
à revitalização do Velho Chico.
Entre as várias
matérias que dispõem sobre a preservação
do São Francisco, uma proposta de emenda
constitucional (PEC) de autoria do senador Antônio
Carlos Valadares (PSB-SE) caminha para ser aprovada
na Câmara dos Deputados. A matéria,
já aprovada pelos senadores, estabelece a
constituição de um Fundo Constitucional
com recursos destinados para a revitalização
do São Francisco e seus afluentes pelos próximos
20 anos.
Na Câmara,
a PEC já foi aprovada pela Comissão
de Constituição e Justiça e
tramita na Comissão Especial que analisa
a matéria, onde está sendo relatada
pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE). Um período
de 20 anos para o projeto foi fixado na proposta
com base nas obras que têm sido executadas
em todo o mundo para a despoluição
de rios. Segundo o relator, o prazo é suficiente
para finalizar o programa de revitalização,
uma vez que matas ciliares são recompostas
em sete ou oito anos. "Para recuperar a qualidade
da água, os ingleses gastaram 20 anos. Tomamos
isso como referência e dados da área
ambiental", disse.
A PEC também
assegura, segundo Fernando Ferro, que os recursos
sejam aplicados não apenas nos canais que
vão transportar a água, mas também
para ações sociais como a implantação
de projetos agropecuários, agricultura familiar
e recuperação hidroambiental da bacia.
"Queremos atingir todos os afluentes do rio,
constituir políticas de saneamento ao longo
das cidades ribeirinhas, programas de educação
ambiental para os usuários e disciplinamento
do uso da água", ressaltou Ferro.
O relator admite
que tem sido mais fácil obter o consenso
dos congressistas sobre a PEC do que a garantia
do repasse dos recursos pela equipe econômica
do governo para o fundo. "O problema principal
está na falta de diálogo do Ministério
da Fazenda com o Ministério do Meio Ambiente
e o Ministério da Integração
Nacional. A Fazenda colocou restrições
à proposta inicial. Estou aguardando manifestação
do governo, uma vez que está havendo omissão
sobre a proposta", ressaltou.
O relator disse que,
se permanecer o impasse com a equipe econômica,
vai diretamente ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva discutir a PEC. "Se for o caso,
vamos acabar falando com o presidente. Se o Ministério
da Fazenda cria impasses, ele vai ter que se defrontar
com a Câmara e com o Congresso, que vai aprovar
a PEC. A matéria só não foi
colocada em votação porque quero dialogar
com o ministro da Fazenda. Mas estou no limite.
Em agosto, com ou sem acordo, vamos à votação",
afirmou.
O deputado B. de
Sá (PSB-PI), coordenador da bancada do Nordeste
na Câmara, defende a PEC como forma garantir
a execução dos projetos de revitalização
do rio mesmo diante de possíveis mudanças
no governo federal. "A PEC tem a grande vantagem
de criar condição de garantia. Hoje,
há a determinação do presidente
Lula de fazer a revitalização. Mas
ninguém sabe se amanhã, entrando um
novo governo, essa revitalização estará
entre as prioridades", afirmou. Na avaliação
de B. de Sá, a garantia constitucional do
fundo é essencial para impedir que futuros
governantes usem os recursos em outras obras.
B. de Sá lembrou
que, enquanto as obras de integração
da bacia do rio São Francisco deverão
ser realizadas no prazo máximo de quatro
anos após o início das obras, a revitalização
pode chegar a 20 anos. "Ela implica não
apenas na recomposição de matas ciliares,
como principalmente no saneamento básico
e esgoto de cerca de 500 cidades da bacia do rio
São Francisco", disse. Segundo o deputado,
municípios como Salgueiro e Cabrobó,
em Pernambuco, Cariranha e Bom Jesus da Lapa, na
Bahia, já estão com os projetos técnicos
de esgoto sanitário sendo executados - por
isso, a importância de aprovação
do Fundo Constitucional.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço