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PROJETO TRANSFORMA DEJETOS
SUÍNOS EM CRÉDITOS DE CARBONO
Panorama
Ambiental
Campo Grande (MS) – Brasil
Julho de 2005
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25/07/2005 – As
empresas AgCert, Cooasgo (Cooperativa Agropecuária
de São Gabriel do Oeste) e a granja Pinesso
inauguram no sábado, dia 30, em São
Gabriel do Oeste (120 quilômetros de Campo
Grande), o Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, que consiste na instalação
de biodigestores para fazer o tratamento dos resíduos
de suínos. O evento será no auditório
da Cooasgo, às 9 horas, com a presença
de autoridades, produtores e convidados.
O projeto MDL impede
a contaminação do solo e do lençol
freático com as fezes dos porcos, resulta
na captação de gás metano –
que pode ser utilizado na geração
de energia elétrica para abastecer a própria
granja – e os resíduos são transformados
em adubo orgânico. E o mais importante é
que o produtor não tem qualquer custo: todas
as despesas correm por conta da empresa canadense
AgCert, que em troca do investimento reserva-se
o direito de negociar os créditos de carbono
resultantes do projeto.
O secretário
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José
Elias Moreira, ressalta a importância da iniciativa
por solucionar um grave problema que ameaçava
de contaminação até mesmo o
Aqüífero Guarani, tendo em vista que
os dejetos suínos são altamente poluidores.
O secretário já esteve em São
Gabriel do Oeste na fase de implantação
dos biodigestores e salienta que o projeto MDL está
em conformidade com as exigências ambientais.
A idéia, agora, é convencer produtores
de outros municípios a adotarem o sistema.
Processo – Os dejetos
suínos são decompostos por bactérias
num processo anaeróbico em biodigestores;
todo gás metano liberado é canalizado
e pode movimentar geradores de energia ou ser engarrafado
para uso em fogões. “A massa que resta é
um adubo rico em nitrogênio e matéria
orgânica”, explica o veterinário João
Antônio Rodrigues de Almeida, da Cooasgo (Cooperativa
Agropecuária de São Gabriel do Oeste),
entidade que reúne 50 suinocultores da região.
Se depositados de
forma inadequada na natureza, os dejetos suínos
poluem rios e mananciais, mas o mérito principal
do sistema é impedir a liberação
do gás metano –responsável pelo efeito
estufa – o que ocorre quando a decomposição
do material orgânico é feita ao ar
livre. O sistema é eficiente, porém
complexo. Exige alto investimento, mas o produtor
não precisa desembolsar nada: uma empresa
canadense, a AgCert, está bancando todo o
custo de instalação dos biodigestores
e exige em troca apenas os dejetos da granja.
A recompensa vem
em créditos de carbono, moeda verde criada
pelo Protocolo de Kyoto em que países desenvolvidos
e poluidores pagam por projetos que preservem a
camada de ozônio. O produtor se compromete
a fornecer gratuitamente todos os dejetos à
empresa por sete anos. Após esse período,
passa a ter participação nos lucros
obtidos com a venda dos títulos.
Biodigestor – O biodigestor
é uma lagoa medindo 40 metros de comprimento,
20 metros de largura por três metros de profundidade,
toda revestida por uma espessa manta de PVC, para
onde são canalizados todos os dejetos da
granja: urina, fezes e restos de alimentos. Na medida
em que as bactérias agem decompondo o material
orgânico, o gás liberado infla a lona,
que assume a aparência de uma estufa. A metodologia
do projeto tem a aprovação da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre a Mudança
do Clima (UNFCCO) e é monitorada por técnicos
da ONU, tendo em vista sua finalidade.
São Gabriel
do Oeste é o maior produtor sul-mato-grossense
de suínos: possui 25 granjas responsáveis
pelo processamento de 30 mil toneladas de carne
ao ano. Em duas granjas já foram instalados
os biodigestores e as demais aguardam os trâmites
de aprovação dos projetos. O governo
já estuda um mecanismo para incentivar a
adoção do sistema em nível
estadual, frisou José Elias, considerando
os benefícios ambientais.
A AgCert está
no Brasil desde 2003, com a implantação
do projeto piloto na granja Becker, em Minas Gerais.
Com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, em
fevereiro deste ano, começa a se estruturar
o mercado de crédito de carbono e projetos
como o da AgCert tendem a se multiplicar, prevêem
os analistas econômicos.
Fonte: Secretaria Estadual do
Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (www.sema.ms.gov.br)
Assessoria de imprensa (João Prestes)