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GRUTA CASA DE PEDRA AINDA CONSERVA BIODIVERSIDADE

Panorama Ambiental
Palmas (TO) – Brasil
Agosto de 2005

(31/08/05) - Localizado a 232 km de Palmas, o município Lagoa da Confusão, abriga a Gruta de Casa de Pedra. Durante uma semana (de 25 a 31 de agosto de 2005), duas pesquisadoras e dois técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estudaram e catalogaram as formas de vida existentes na caverna. De acordo com as pesquisadoras, apesar das constantes intervenções do homem àquele ambiente, a diversidade biológica do lugar foi considerada alta, abrigando mais de 35 espécies entre invertebrados e mamíferos.

A caverna que é de formação calcária, mede 1 Km de extensão e é dividida em vários salões. Sua maior beleza está nas formações de estalactites e estalagmites que desenham formas exóticas em seu interior. Apesar do lugar não ser licenciado pelo Ibama, em novembro é celebrada a Missa dos Finados em um dos seus salões. A visita ao atrativo só é possível no período seco quando as águas baixam. A caverna está localizado a 3 km de distância da cidade. O acesso a ele é feito pela estrada Lagoa da Confusão/Gurupi, seguindo por uma estrada que leva à mina de calcário, e daí, por uma trilha de aproximadamente 500 metros até a caverna.

A bióloga e doutora em ecologia, Daniela Cunha Coelho, foi estudar principalmente os morcegos existentes na Casa de Pedra e encontrou, entre as nove espécies de morcego, verdadeiras raridades como o morceguinho do cerrado (Lonchophylla dekeyseri) que é uma das espécies em extinção no Brasil. “O Lonchophylla dekeyseri é uma espécie de morcego endêmica do bioma Cerrado, ou seja, só é encontrada nessa área, listado na categoria de Vulnerável (A3c) na Lista Brasileira, por que há uma estimativa de redução no tamanho da população de 30%, projetada para os próximos 10 anos ou três gerações”, informou Daniela, acrescentando que o desmatamento do Cerrado para a criação de pastos e áreas de lavoura restringem as áreas de alimentação e abrigo do morceguinho do cerrado, que se alimenta de néctar.

Morcego Vampiro

Outra particularidade encontrada na Caverna da Lagoa da Confusão, foi a existência de apenas três espécimes de morcegos vampiro (Desmodus rotundus). De acordo com Daniela, o tamanho da população destes animais é termômetro da influência do homem ao meio ambiente, já que essa espécie tem o peculiar hábito de se alimentar de sangue, principalmente de bovinos. “Apesar de estar rodeada de fazendas, constatamos a existência de apenas três indivíduos”, disse a doutora. A desinformação da população é tamanha que pessoas chegaram a perguntar às biólogas como elas poderiam acabar com os morcegos vampiros. Talvez esteja aí a explicação do numero da população desses animais ser tão baixas.

Na verdade, das cerca de 1.100 espécies de morcegos conhecidas em todo o planeta, apenas três dependem de sangue: o morcego-vampiro-comum (Desmodus rotundus), o morcego-vampiro-de-asas-brancas (Diaemus youngi) e o morcego-vampiro-de-pernas-peludas (Diphylla ecaudata). As três espécies distribuem-se desde a América do Norte até parte da América do Sul.

A bióloga e também doutora Franciane Jordão da Silva, disse que a diversidade de invertebrados é muito alta na Gruta. “Foram catalogados grilos, baratas, moscas, piolhos-de-cobras, colêmbolos, mariposas, besouros, aranhas, opiliões, besouros, pseudo-escorpiões, amblipígios, centopéias, lacraias”, disse Franciane, esclarecendo ainda que essa alta diversidade deve-se ao sistema de inundação das galerias da Caverna. “Encontramos peixes, cobras e até dois jacarés”.

As pesquisadoras devem voltar ao Tocantins nos próximos meses onde estudaram as cavernas de Taguatinga e Combinado. Esse trabalho faz parte do Programa de Espeleologia (ciência que tem por princípio a procura, exploração, observação e interpretação das cavernas com o objetivo de definir critérios para sua preservação) do Ibama, executado pelo Cecav (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas).

Doenças graves podem ser adquiridas em cavernas

A caverna é habitat de várias espécies de animais entre eles, cobras, lagartos, morcegos e fungos. A bióloga Fanciane Jordão ressalta que aparentemente esses lugares parecem inofensivos, porém abriga animais perigosos. Como é o caso da Aranha Marrom (Loxosceles) que em casos de picada a dor no local é intensa, surge febre e mancha roxa. A urina torna-se escura e nesta fase as complicações renais põem a vida da vítima em risco. O veneno se manifesta tardiamente, em torno de 12 a 24 horas após o acidente. “Existem outros perigos como o mosquito palha (cangalhinha) que transmite a Leishmaniose, em sua forma visceral conhecida por Kalazar”, disse.

“Por isso é bom estar atento em alguns detalhes. Procurar guias locais, principalmente se a caverna tiver grande extensão. Levar pilhas e lanternas boas. Entrar sempre em grupos e não se separar. Se a caverna tiver água, prestar atenção no tempo, pois em caso de chuva forte a caverna poderá encher de água o que poderá ser fatal. Outro alerta é não mexer nas formações, pois são frágeis e um simples toque poderá danificá-las. É proibido fumar nas cavernas e nas trilhas”, explica Franciane.

CUIDADOS

-Não retire ou quebre nada nas cavernas, tomando cuidado especial com as formações.

-Não use bebida alcoólica no interior da caverna.

-Respeite a fauna cavernícola, apenas observando-a.

-Nunca entre em cavernas desacompanhado, procure sempre a ajuda de um guia ou pessoa experiente.

-Mantenha a caverna limpa. Traga de volta todo o seu lixo (orgânico ou inorgânico), apanhe também o lixo que encontrar pelo caminho e deposite-o nos latões no exterior das cavernas.

Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Rose Vidal

 
 
 
 

 

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