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MADEIREIRAS CERTIFICADAS
NO AMAZONAS TÊM PREJUÍZO
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Setembro de 2005
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08/09/2005 – As
duas empresas madeireiras que realizam manejo florestal
certificado pelo Conselho Mundial de Manejo Florestal
(FSC) no Amazonas estão deficitárias.
A Precious Wood Amazon
(antiga Mil Madereira) pertence a um grupo suíço
e atua no município de Itacoatiara. A Gethal
Amazonas possui sede em São Paulo e retira
madeira em Manicoré, mas a processa em Itacoatiara.
Ambas pertencem à Associação
de Produtores Florestais Certificados na Amazônia
(PFCA) e seus dirigentes apontam a desvalorização
do dólar em relação ao real
como principal responsável pelas dificuldades
financeiras.
"A gente fez
um planejamento com o dólar valendo R$ 2,90
e agora está exportando madeira com o dólar
a R$ 2,00", explicou Carlos Guerreiro, diretor
operacional da Gethal e presidente da PFCA. Ele
contou que, no dia 1º, representantes da PFCA
se reuniram com a ministra Marina Silva, em Brasília,
para expor a situação do setor, classificada
por ele como "dramática".
"Temos dificuldades
operacionais e financeiras. O mercado comprador
europeu é hipócrita, não admite
pagar mais pela madeira certificada. Sofremos a
concorrência da madeira chinesa, inclusive
certificada, que é mais barata. E precisamos
rever nossos planos de manejo, sem que o Ibama [Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis] tenha condições
de executar essa revisão com agilidade. Estamos
praticamente parados", afirmou Guerreiro.
"A quantidade
de exigências e de requerimentos na aprovação
e revisão dos planos de manejo é extensa,
principalmente quando eles têm escala comercial.
Em média, um plano desses demora um ano para
ser aprovado", contou o gerente-executivo do
Ibama no Amazonas, Henrique dos Santos Pereira.
O engenheiro floresta
Renato Scop, que trabalha na Precious Wood, afirmou
que apenas em 2002 a empresa obteve uma "pequena
margem de lucro operacional". Já Carlos
Guerreiro disse que só no ano passado a Gethal
conseguiu equilibrar as contas, mas que desde o
começo do ano está tendo um prejuízo
da ordem de R$ 300 mil por mês (20% do faturamento
médio mensal de R$ 1,5 milhão).
Segundo o engenheiro
florestal Marcos da Silva, a produção
da Gethal Amazonas é de 60 mil metros cúbicos
de madeira em tora ao ano, extraída de uma
área particular de 40.800 hectares. A madeira
processada é vendida principalmente para
o mercado externo – 60% da produção,
com destaque para a Alemanha – e para o mercado
interno, sobretudo o Rio Grande do Sul.
A empresa emprega
600 funcionários no Amazonas: 100 na extração
da madeira e 500 na sua industrialização
(fabricação de compensados, lâminas
e plataformas).
"A certificação
é um processo transparente, então
a empresa fica muito visada, muita gente questiona
o bom manejo. As outras madeireiras, enquanto isso,
trabalham de forma predatória, sem sofrer
tanta pressão", avaliou Marcos da Silva.
Silva afirma que
o projeto de Lei (PL) 4.776, que trata da gestão
de florestas públicas no país e regulamenta
a concessão de florestas a particulares,
além de criar o Serviço Florestal
Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal, pode ajudar a diminuir os obstáculos
ao manejo florestal sustentável comercial:
"A legislação ambiental hoje
é muito pesada e muda a toda hora".
A esperança
no projeto também é apontada por Carlos
Guerreiro, da Gethal: "As ações
previstas são muito positivas. Nossa dúvida
é se o Ministério do Meio Ambiente
de fato conseguirá implementá-las,
já que a área ambiental no governo
Lula carece de orçamento".
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi