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PIRARUCU DE MAMIRAUÁ
É DESEMBARCADO INTEIRO EM MANAUS
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Setembro de 2005
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(30/09/05) - O Pirarucu
das áreas de manejo das Reservas de Desenvolvimento
Sustentável de Mamirauá e Fonte Boa
já começa a ser desembarcado em Manaus,
mas este ano com uma novidade: o peixe não
está preparado em mantas e salgado, como
de costume, mas inteiro.
A recomendação
foi dada pelo Ministério da Agricultura para
que o peixe não perdesse qualidade ou fosse
alvo de contaminação ao ser preparado
em mantas e salgado na própria região
de Mamirauá. O processo feito nas comunidades
era artesanal e não garantia as regras mínimas
de higiene para o consumo. Assim, para se adequar
às normas sanitárias, os pescadores
estão apenas retirando às vísceras
e vendendo o animal inteiro e congelado para os
atravessadores.
Antônio Machado,
que está comercializando o pirarucu no Porto
da Panair, diz que a população, acostumada
a comprar o pirarucu somente em mantas, estranha
um pouco ao ver o peixe inteiro e se assusta com
o tamanho dos animais pescados. “A maioria das pessoas
nunca havia visto um pirarucu de perto e fica espantada
pois não imaginava que ele pudesse ser tão
grande”, comenta.
Até agora,
já foram desembarcados em Manaus mais de
57 toneladas de peixe, mas a pesca sofreu uma pausa
nos últimos dias devido à vazante
dos rios. Júlio Siqueira, chefe do Núcleo
de Recursos Pesqueiros do Ibama, explica que a baixa
dos rios não está permitindo a entrada
de barcos nas regiões próximas aos
lagos onde ocorre a pesca e as comunidades não
têm como retirar os peixes. “A pesca deve
ficar interrompida durante algumas semanas até
que o rio volte a subir, só voltando a acontecer
no fim de outubro ou começo de novembro”.
Fiscalização
O Ibama autorizou
a retirada de 35 mil peixes das RDS de Fonte Boa
e Mamirauá, o que equivale aproximadamente
a mil toneladas, e está exercendo um rígido
controle sobre a atividade. Todo peixe que sai das
reservas têm um lacre do Ibama com número
de série, confirmando a legalidade e autenticidade
do produto e o atravessador é obrigado a
ter em mãos uma “guia de trânsito”
com o código dos lacres, emitida pelo órgão.
Ao revender o pirarucu aos feirantes, o atravessador
emite um comprovante de venda, de posse do qual
o feirante retira junto o Ibama a “guia de comercialização”.
O consumidor, aos
comprar o pirarucu nas feiras, deve solicitar ao
feirante a apresentação da guia de
comercialização para se certificar
de que não se trata de pescado ilegal. Henrique
Pereira, gerente executivo do Ibama em Manaus, ressalta
que esta é uma iniciativa inédita
no país de controle de peixe manejado. “Assim,
conseguimos fazer um mapeamento e ter controle sobre
todos os pirarucus que são retirados de Mamirauá”,
garante.
Manejo
As Reservas de Desenvolvimento
Sustentável de Fonte Boa e Mamirauá
são conhecidas no mundo todo pelo trabalho
pioneiro de manejo sustentável do pirarucu
desenvolvido pelas próprias comunidades.
Atualmente, a pesca deste peixe é proibida
durante o ano todo, só podendo ser realizada
de forma controlada nos locais onde ocorre o manejo.
A técnica
de manejo é natural e consiste na contagem
visual de todos os peixes que ficam presos nos lagos
naturais das reservas, bem como a mensuração
de seu tamanho, peso e idade.
Isso é possível
porque o pirarucu é um peixe que tem respiração
aérea, sendo obrigado a subir a superfície
da água a cada período de tempo para
respirar. A técnica foi disseminada por pesquisadores
por todas as comunidades, que hoje convivem com
a fartura do peixe garantido pelo manejo.
A quantidade de
pirarucu que pode ser abatida por temporada é
estabelecida pelo Ibama por meio de estudos de população
dos animais nos lagos das reservas. O tamanho mínimo
exigido é de 1,50 m, aproximadamente 40 kg.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Flávia Mendonça)