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CRÉDITO CARBONO:
BRASIL PODE LUCRAR US$ 3 BILHÕES
POR ANO, ESTIMA ESPECIALISTA
Panorama
Ambiental
Rio de Janeiro (RJ) – Brasil
Outubro de 2005
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07/10/2005 - Estimativas
de especialistas em meio ambiente indicam que são
despejadas na atmosfera anualmente cerca de 7 bilhões
de toneladas de gases causadores do efeito estufa
(aquecimento artificial da terra), principalmente
o gás carbônico (CO²), o mais
nocivo ao meio ambiente, segundo explica o professor
Emilio La Rovere, coordenador do Programa de Planejamento
Energético da Coordenação dos
Programas de Pós-graduação
de Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Coope/UFRJ).
A metade deste volume,
segundo La Rovere, cerca de 50%, é seqüestrada
pela própria biosfera - por meio dos oceanos
e das florestas -, o que evita que boa parte dos
gases vá se acumular na atmosfera, agravando
ainda mais o efeito estufa. Mesmo assim, o aquecimento
global continua sendo uma ameaça e, para
tentar minimizar esse problema, como explica o professor,
cerca de 141 países de todo o mundo, inclusive
a maioria dos países desenvolvidos - à
exceção dos estados Unidos e da Austrália
- ratificaram o Tratado de Kioto, que começou
a vigorar em fevereiro deste ano. O acordo torna
obrigatória a redução da emissão
dos gases causadores do efeito estufa.
Como essa obrigatoriedade
pode ser contornada se a empresa ou governo se associa
a um projeto que esteja realizando a redução,
por meio dos "créditos de carbono",
cria-se no mundo um mercado que poderá movimentar
até 2012 cerca de US$ 30 bilhões.
As estimativas fazem parte de um estudo realizado
pela Coope para o Núcleo de Assuntos Estratégicos
da Presidência da República, como afirma
o professor La Rovere.
Segundo ele, o Brasil
poderá abocanhar até 10% destes recursos
– cerca de US$ 3 bilhões por ano. "As
estimativas são muito dinâmicas: o
Tratado de Kioto foi ratificado agora em fevereiro
deste ano e já é muito diferente hoje
a situação do mercado em relação
ao ano passado. Agora, as estimativas falam, para
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, de um mercado
da ordem de US$ 30 bilhões."
O coordenador diz
que o estudo da Coope mostra que só as iniciativas
já em andamento no Brasil podem render um
fluxo anual de US$ 300 milhões para o país.
"Claro que, para que isso ocorra, nós
vamos ter que nos organizar para pleitear os créditos
de carbono", diz ele. Segundo La Rovere, a
estimativa considera o preço atual da tonelada
de gás carbônico, entre US$ 5 e US$
7.
Na avaliação
de La Rovere, porém, o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo é um mercado como outro qualquer, por
isso, "a participação do Brasil
vai depender da nossa eficiência de apresentar
bons projetos a bons preços". Ele explica
ainda que o mercado está ligado a outros
fatores: "Por exemplo: quanto os países
industrializados vão precisar comprar fora
de suas fronteiras - o que depende diretamente de
o quanto eles vão conseguir reduzir suas
emissões dentro de casa". "Naturalmente,
o elevado potencial de crescimento deste mercado,
e é bom deixar isto bem claro, vai depender
de nós termos alguma segurança."
Para garantir essa
segurança, La Rovere lembra que será
preciso prosseguir com as negociações,
no âmbito da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas.
A próxima reunião da convenção,
segundo ele, acontece entre novembro e dezembro
deste ano, em Montreal (Canadá).
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Nielmar Oliveira