|
CRÉDITO CARBONO:
ENGENHEIRO COMPARA A RACIONAMENTO QUE BRASIL
SOFREU EM 2001
Panorama
Ambiental
Rio de Janeiro (RJ) – Brasil
Outubro de 2005
|
|
07/10/2005 - O engenheiro
Emilio La Rovere compara a instituição
do mercado de créditos de carbono com a situação
de racionamento de eletricidade que o Brasil viveu
em 2001. La Rovere é coordenador do Programa
de Planejamento Energético na Coordenação
dos Programas de Pós-graduação
de Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Coope/UFRJ).
"É como
se fosse o racionamento de energia elétrica
que nós sofremos em 2001, em que cada residência
tinha que reduzir o seu consumo em relação
à média dos meses anteriores. Só
que no caso dos países desenvolvidos a redução
é de emissão de gases", explica
ele. "É simples: países em desenvolvimento
que estejam desenvolvendo projetos que evitem a
emissão de gases geram créditos de
carbono, que se transformam em Redução
Certificada de Emissões (RCEs). Desta forma,
mesmo que indiretamente, eles estariam reduzindo
a emissão gases poluentes."
La Rovere cita como
exemplo um aterro sanitário que utiliza equipamentos
que capturem o gás carbônico depreendido
pelo lixo organito e o transforme, digamos, em energia
elétrica. "É preciso entender
que existe o fenômeno chamado efeito estufa",
chama a atenção. Ele explica que o
efeito é "gerado pela atividade do homem
ao longo do tempo e que vem aumentando a níveis
alarmantes, principalmente nos países desenvolvidos
por meio da queima dos combustíveis fósseis
- derivados do petróleo, do gás natural,
do carvão mineral e também, um pouco,
em razão dos desmatamentos e das queimadas".
O professor lembra
que o aquecimento do planeta decorre do efeito estufa:
"Esses gases liberados se acumulam na atmosfera,
aprisionam o calor que a terra manda para o espaço
e, com isso, causam o aquecimento global".
As conseqüências, explica La Rovere,
são as mudanças climáticas.
"Aumenta a temperatura da terra, mudam o ciclo
e a intensidade das chuvas, aumenta o nível
dos oceanos e ocorrem mais fenômenos da natureza
do tipo furacões, inundações,
secas e o El Niño (fenômeno no oceano
Pacífico que causa alterações
climáticas na América do Sul), que
passa a ocorrer com mais freqüência e
intensidade".
O professor La Rovere,
que também é coordenador de Laboratório
Interdisciplinar de Meio Ambiente da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, lembra que o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo, que possibilita a emissão
dos créditos de carbono, foi criado exatamente
para viabilizar que países em desenvolvimento
que reduzam a emissão de gases causadores
do chamado efeito estufa possam vender esses "créditos"
para empresas ou governos de nações
ricas, obrigados pelo Protocolo de Kioto a se tornarem
menos poluentes até 2012. "Como eles
vão fazer isso? Podem mudar tecnologias,
produzir carros mais eficientes e utilizar mais
combustíveis limpos – em geral não
fósseis - ou adquirirem no mercado as RCEs",
explica ele.
No caso especifico
do Brasil, explica o professor, é o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo que proporciona que um
projeto, ou uma atividade aqui desenvolvida, que
reduza a emissão de gases na atmosfera, possa
dar origem a um crédito que tem um valor
de mercado. "Há vários projetos
que já estão sendo desenvolvidos e
encaminhados no Brasil", diz ele.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Nielmar Oliveira