|
ESPÉCIES INVASORAS:
INVASÕES BIOLÓGICAS INCLUEM
ALGUMAS DAS PRINCIPAIS DOENÇAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2005
|
|
04/10/2005 - Engana-se
quem pensa que a dispersão de espécies
pelo planeta só preocupa ecologistas. A coordenadora
do grupo de saúde do Informe Nacional sobre
Espécies Invasoras, Márcia Chame,
lista alguns exemplos bem conhecidos dos brasileiros
propiciados pelo livre trânsito de pessoas
e cargas pelos cinco continentes: a gripe, que chegou
ao Brasil com os colonizadores europeus; a leptospirose,
veiculada pelos ratos que vieram de contrabando
nos navios negreiros; e o mosquito da dengue, de
origem africana, que chegou numa carga de pneus
usados, nos anos 80. O próprio vírus
da aids, ela lembra, é uma espécie
que o ser humano espalhou.
"As espécies
exóticas vêm com a expansão
do homem pela terra. As fronteiras, que seriam naturais,
não funcionam", explica Chame, que é
pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz.
Segundo ela, a melhor forma de combate é
a prevenção. "Não há
motivo para alarme, somos nós que propiciamos
a proliferação. Se a cidade fosse
limpa, provavelmente não teria surto de dengue",
exemplifica. "A espécie pode ser exótica,
mas jamais será invasora se não tiver
condições para se reproduzir."
Por isso, conclui, são essenciais sistemas
de tratamento de esgoto e coleta de lixo em todas
as regiões.
A pesquisadora destaca
a importância de informar a população:
"É o mais importante. A pessoa tem que
saber que a sua atitude pode ajudar". Entre
as recomendações que serão
apresentadas no 1º Simpósio Brasileiro
sobre Espécies Exóticas Invasoras,
que começa hoje (4) e vai até a próxima
sexta-feira (7) em Brasília, está
a veiculação, na mídia de massa,
de informações sobre os impactos e
a necessidade de ações para do problema.
As recomendações
incluem a criação de um sistema nacional
de prevenção e controle de espécies
exóticas invasoras, com fortalecimento nas
fronteiras. "Não adianta o Ministério
da Saúde fazer uma coisa e o da Agricultura,
outra", afirma Márcia Chame. Outra recomendação
do grupo de trabalho liderado pela pesquisadora
é a criação de um programa
de capacitação e treinamento de todos
os agentes envolvidos. Os dois ministérios
e o do meio Ambiente são os principais órgãos
executores das medidas nessa área, mas quem
tem o primeiro contato com viajantes e mercadorias
é a Polícia Federal.
"Não
dá para ter um megaespecialista em cada aeroporto
e cada fronteira, daí a importância
de um sistema integrado", destaca a pesquisadora.
"A Polícia Federal tem uma responsabilidade
muito grande. Se os agentes tiverem acesso fácil
a informações e souberem identificar
o risco, podem acionar a Anvisa [Agência Nacional
de Vigilância Sanitária] ou o Ibama
[Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis] e até enviar
material para análise em laboratórios
de referência", exemplifica.
Marta Chame afirma
que o país tem condições de
enfrentar as espécies exóticas. Segundo
ela, o governo federal já demonstrou eficiência
nas vezes em que houve notificação
ou alerta por parte da Organização
Mundial da Saúde (OMS) ou da Organização
Mundial do Comércio (OMS) sobre alguma epidemia.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Mylena Fiori