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JOVENS BRASILEIROS PARTICIPAM
DE MOBILIZAÇÃO NA NORUEGA
CONTRA TRÁFICO DE SERES HUMANOS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2005
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06/10/205 - Vinte
ativistas embarcam nesta quinta-feira, 6 de outubro,
com destino a Oslo, para participar da Operação
Dia de Trabalho, realizada anualmente por cerca
de 900 escolas e 150 mil estudantes noruegueses.
Trata-se de uma semana internacional, que este ano
abordará o tema tráfico de seres humanos
para exploração sexual comercial no
Brasil. As atividades culminam com o Dia de Trabalho,
no dia 27 de outubro.
Seres humanos têm
valor, mas não podem ter preço. Este
é um dos motes que deve reger a Operação
Dia de Trabalho, realizada anualmente pela união
nacional de estudantes noruegueses e que, este ano,
contará com a participação
de 20 jovens vinculados a organizações
brasileiras. Neste dia, os estudantes param o País
para conscientizar a população sobre
o tema escolhido e arrecadar recursos.
A Operação
Dia de Trabalho é uma campanha que acontece
desde 1964. Este ano, o tema é o tráfico
de seres humanos, com foco em mulheres e crianças
brasileiras, que são "exportadas"
para outros países com vistas à exploração
sexual e comercial. As organizações
brasileiras Instituto Socioambiental (ISA), Diaconia,
Viva Rio, Ação Educativa e Serviço
à Mulher Marginalizada em parceria com a
Norwegian Church Aid – NCA -, desenvolveram um projeto
que irá apoiar o combate a esse tipo de crime
no Brasil.
A idéia é
trabalhar com populações excluídas
de direitos básicos, oferecendo condições
para que crianças, adolescentes e mulheres
se retirem das situações de imobilidade
social e falta de perspectivas de futuro, tornando-as
alvos fáceis de redes criminosas que promovem
diversas formas de escravidão.
Dos vinte brasileiros
que irão participar do Dia de Trabalho, três
são quilombolas do Vale do Ribeira - Ivonete
Alves da Silva, Juliana Dias dos Santos e André
Luís Pereira de Moraes - e um é técnico
do ISA - Fabio Zaniratto. Por meio do Programa Vale
do Ribeira em parceria com a Associação
Quilombo de Ivaporunduva, o ISA mantém um
projeto de superação da pobreza e
valorização cultural para apoiar os
jovens das comunidades de quilombos (remanescentes
de escravos) daquela região do Estado de
São Paulo. (veja abaixo mais informações
sobre o projeto)
Tráfico de
Seres Humanos
Anualmente o tráfico
de seres humanos movimenta cerca de US$ 2 bilhões
no mundo. É a terceira mais lucrativa atividade
ilegal, perdendo apenas para tráfico de armamentos
e drogas. A legislação é frágil
e não há diálogo entre as leis
de países (neste caso, compradores e vendedores)
na punição aos criminosos. Um outro
fator que dificulta é a invisibilidade do
negócio, difícil de ser triado, difícil
de ser castigado. A demanda de países como
Espanha, Itália, Suíça Israel,
Estados Unidos e Japão se soma à impunidade
e se "encaixa" perfeitamente no perfil
da "oferta" (ou da mercadoria preferida
pelos compradores): crianças, adolescentes
e mulheres afrodescendentes, de baixa renda, geralmente
também de baixa escolaridade e provenientes
das regiões pobres do Brasil, principalmente
do Nordeste.
O tripé demanda-oferta-impunidade
é o foco do projeto das organizações
brasileiras que, com o apoio da campanha dos estudantes
noruegueses, visa trabalhar com ênfase na
juventude e abordagens transversais de educação
e cultura, diversidade, violência e direitos
humanos.
A Noruega, país
de 4 milhões de habitantes (equivalente à
zona leste de São Paulo) e detentor do melhor
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), destina
1% Produto Interno Bruto (PIB) para projetos em
países periféricos, como o Brasil,
campeão mundial da desigualdade e 65º
colocado no ranking do desenvolvimento humano.
Christian Schøien,
da Norwegian Church Aid, afirma que parte desses
recursos são destinados à operação,
que tem como objetivo lutar pela concretização
dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, propiciar
um olhar diferente aos estudantes noruegueses. "Queremos
mobilizar os jovens para que participem da construção
de um mundo mais justo, mas para isto eles têm
que conhecer os problemas, enxergar uma realidade
diversa da deles", diz.
A idéia do
projeto, portanto, é de, além de apoiar
o combate ao tráfico no Brasil, sensibilizar
os jovens noruegueses para que eles não dêem
prosseguimento a esta demanda, num futuro próximo.
E para chegar a cerca de 150 mil estudantes entre
14 e 19 anos de 900 escolas do país, estudantes
e voluntários - com apoio da organização
nacional de estudantes e em cooperação
com organizações nacionais - realizam
anualmente a semana internacional, em que jovens
fecham seus livros didáticos e abrem os olhos
para problemas globais.
Nesse período
que começa no dia 24 de outubro, o material
do dia-a-dia é substituído por revistas,
folders, textos e vídeos em seminários
por todo país. Os 20 jovens brasileiros farão
palestras e apresentações em todos
os distritos do país sobre a realidade brasileira
e o tráfico de seres humanos. A idéia
é mostrar como a criação de
condições que retirem os jovens da
imobilidade social e ofereçam uma perspectiva
de futuro pode ser antídoto eficiente contra
o aliciamento do tráfico. No dia 27, o Dia
de Trabalho, os estudantes se dedicam a diversas
atividades para arrecadar recursos para a campanha.
Este ano foi o primeiro
em que representantes de organizações
do país-alvo da campanha participaram da
concepção do material para a mobilização.
Duas brasileiras estiveram no começo do mês
de julho em Oslo e participaram de um seminário
com 80 estudantes entre membros do comitê
nacional da Operação Dia de Trabalho
e dos conselhos escolares de todo país. Neste
encontro, os jovens começaram a discutir
a semana internacional de outubro.
Em junho, três
integrantes do comitê nacional viajaram ao
Brasil e voltaram para uma nova série de
reuniões pela Noruega. Em setembro, os 20
jovens brasileiros se reuniram em um seminário
preparatório para a viagem. No dia 6 de outubro,
viajam para a Noruega para os trabalhos da semana
internacional e do Dia de Trabalho.
A participação
do ISA e os jovens quilombolas do Ribeira
Da mesma forma como
outras comunidades de jovens das regiões
periféricas e pobres brasileiras, a juventude
quilombola do Vale do Ribeira, em São Paulo,
se ressente de alternativas que possam conjugar
a melhoria da qualidade de vida, o acesso à
educação, aos bens materiais à
cultura e ao lazer, que valorizem sua auto-estima
e assegurem sua permanência junto às
suas famílias e comunidades. A total falta
de perspectiva faz com que os jovens abandonem suas
comunidades e se arrisquem nos grande centros urbanos
em busca de oportunidades, sujeitando-se a todos
os tipos de humilhação e constrangimentos.
Sem falar nas situações de alto risco,
que se configuram muitas vezes em novas formas de
escravidão, fazendo-os reviver a situação
de seus antepassados.
Por essa razão,
o ISA deu início ao projeto de superação
da pobreza e valorização cultural
voltado a esse público. Estão envolvidas
563 famílias remanescentes de quilombos do
Vale do Ribeira, distribuídas em 12 comunidades:
Ivaporunduva, Maria Rosa, Pedro Cubas, Pilões,
São Pedro, André Lopes, Nhunguara,
Sapatu, Galvão, Praia Grande, Pedro Cubas
de Cima e Bombas. Estima-se que a população
com faixa etária entre 13 e 19 anos seja
de 450 pessoas. De forma indireta, esse projeto
poderá contribuir para a formulação
de póliticas públicas para jovens
quilombolas de todo o País. As principais
metas a serem alcançadas são:
:: incentivar a ativide
artesanal como alternativa para ageração
de trabalho e renda
:: promover a inclusão
digital dessa população com a implantação
de telecentro comunitário
:: apoiar a implantação
de um programa de educação e cidadania
de afrodescendentes e carentes para promove o acesso
à universidade
:: implementar um
programa regional de repovoamento do palmiteiro
juçara nas comunidades como forma de viabilizar
o manejo para gerar renda, de forma sustentável
(social e ambiental)
:: consolidar atividades
de ecoturismo nas comunidades
:: resgatar tradições
culturais retomandoa-s no cotidiano, como cantos
e danças
:: contribuir para
a formulação de políticas públicas
adequadas para os jovens.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa