10/10/2005 - Aproveitamento
integral da biomassa florestal para fins energéticos,
adensamento energético de áreas reflorestadas,
integração dos conceitos de agroenergia
e mercado de carbono e uso de compostos orgânicos
resultantes da produção agropecuária,
com risco sanitário para produção
de agroenergia: essas são algumas ações
que passarão a fazer parte do cenário
agroenergético das cadeias das florestas energéticas
e do aproveitamento de resíduos, a partir do
lançamento do Plano Nacional de Agroenergia,
dia 14 de outubro, pelo Ministro da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Roberto Rodrigues. O evento será
na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq), em Piracicaba - SP.
Segundo o documento,
elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), não é fácil estimar
o potencial energético dos resíduos,
devido à precariedade das estatísticas
e às variações regionais. Mas
sabe-se que apenas nos principais cultivos (trigo,
arroz, milho, cevada e cana-de-açúcar)
é possível recuperar 25% de resíduo
em forma de energia, evitando-se a emissão
de 350 a 460 Mega toneladas de CO2, por ano.
O uso energético
dos resíduos competirá, no futuro, com
outros usos, como o preparo de cama para criação
animais, adubação orgânica, controle
de erosão, alimentação de animais
etc. Mas o Plano ressalta que será necessário
consolidar o conceito de resíduo sob a óptica
da sustentabilidade da exploração, ou
seja, não retirar do local de produção
da biomassa excesso de matéria orgânica
que venha a depauperar o solo e prejudicar futuras
explorações.
Os resíduos
que se mostram mais apropriados para pronto aproveitamento
são aqueles gerados no cultivo da cana-de-açúcar,
da indústria de papel e celulose e a serragem
e gravetos da indústria madeireira e moveleira.
Mais de 300 Mega toneladas de bagaço de cana
são produzidos anualmente no mundo, em sua
maior parte utilizados para produção
de energia local, nas usinas produtoras de açúcar
e álcool.
“Os resíduos
florestais, obtidos a partir de um manejo correto
dos projetos de reflorestamento, pode incrementar
a produtividade energética futura das florestas”
afirma Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa.
Parcela ponderável da energia elétrica
produzida a partir de biomassa no Brasil é
proveniente do aproveitamento de resíduos agropecuários,
florestais ou da agroindústria.
Segundo dados do Balanço
Energético Nacional, edição 2004,
a participação da biomassa na matriz
elétrica nacional é de 2,86%, distribuída
em 1,69% de bagaço de cana, 1,17% em resíduos
madeireiros e resíduos agrícolas e silvícolas
diversos.
Crestana ressalta que
‘’como ocorre para todas as fontes renováveis
de energia, a efetiva viabilização do
potencial de produção de eletricidade
a partir da biomassa residual da cana, da madeira
e do arroz, requer a definição e a implantação
de políticas de fomento, com horizonte de médio
a longo prazo e que estabeleçam condições
claras e efetivamente motivadoras para que o potencial
que é economicamente viável e é
estrategicamente de interesse possa ser aproveitado”. |