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CONCORRÊNCIA ENTRE
PROJETOS DE MANEJO DERRUBA PREÇO
DO PIRARUCU
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Outubro de 2005
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09/10/2005 – A cota
de pirarucu com coleta autorizada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) subiu de 13 mil para 30,9
mil peixes (cerca de 1,2 milhão de toneladas)
em Fonte Boa, no Amazonas, o que fez cair o preço
pago aos pescadores. "O número de lagos
onde há manejo aumentou de 150 para 241.
Agora há cerca de 4 mil pescadores envolvidos
na atividade, contra 1.500 do ano passado. É
natural que com o aumento da oferta, o preço
caia", afirmou Luís Henrique Almeida,
engenheiro de pesca do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável do município (órgão
ligada à prefeitura).
"Tivemos uma
rodada de negociação nos dias 10 e
11 de setembro. O preço máximo oferecido
pelos compradores foi R$ 3,60 por quilo de charuto
(pirarucu inteiro, mas sem vísceras e cabeça),
bem abaixo dos R$ 5,00 que conseguimos no ano passado.
As comunidades não aceitaram a oferta e,
até agora, nenhum dos 4.800 peixes da nossa
cota deste ano foi retirado dos lagos", informou
Ivonei Gonçalves Costa, supervisor digitador
do desembarque pesqueiro da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá, também
no Amazonas.
A Reserva Mamirauá
é uma unidade de conservação
localizada em Alvarães, Uarini e Maraã,
pioneira no manejo do pirarucu, realizado desde
1999. O pirarucu é um peixe grande – que
atinge até 3 metros, aproximadamente 200
quilos –, em risco de extinção, cuja
pesca é proibida. Ele só pode ser
comercializado se vier de áreas de manejo,
autorizadas pelo Ibama, nas quais há controle
do estoque e contagem de peixes adultos – com pelo
menos 1,5 metro, tamanho mínimo para pesca.
O período
em que a coleta pode ser autorizada vai de 1º
de junho a 30 de novembro. No ano passado, segundo
Ivonei, 324 famílias moradoras da reserva
conseguiram vender as 126 toneladas de pirarucu
autorizadas pelo Ibama. Obtiveram, assim, uma renda
média de R$ 1.092,00. "Neste ano os
4.800 peixes da nossa cota representam 180 toneladas.
Metade delas está sendo negociada agora com
o Pão de Açúcar, a R$ 3,60
por quilo de peixe", informou Ivonei.
Segundo Luís
Henrique, o Grupo Pão de Açúcar
comprará 50 toneladas de pirarucu dos pescadores
de Fonte Boa, pagando R$ 3,50 por quilo do peixe.
"A gente levou representantes do Grupo para
visitar as áreas de manejo e permitir que
as comunidades negociassem diretamente com eles.
Esse pescado será processado em Manacapuru,
Iranduba e Itacoatiara.
No fim, representará
cerca de 30 toneladas de carne de pirarucu vendidas
nas lojas da rede em todo o país. Isso abrirá
possibilidades de novas encomendas, para o próximo
ano", revelou Rigoberto Pontes, chefe do Departamento
de Cadeia Produtiva do Pescado da Agência
de Agronegócios do Amazonas (Agroamazon).
Neste
ano, os pescadores de Fonte Boa já venderam
a comerciantes locais – que revendem o pirarucu
principalmente em Manaus – 60 toneladas de pescado,
obtendo R$ 2,50 por peixe. Os atravessadores, segundo
Luís Henrique, arcam com os custos do gelo
e do barco. Rigoberto informou que cada pirarucu
comercializado tem em média 50 quilos e que
o peixe está sendo vendido nas feiras de
Manaus a um preço médio de R$ 9,00
a R$ 12,00 por quilo. "Gasta-se em média
R$ 0,70 por quilo com o transporte do peixe, R$
0,60 com o beneficiamento em mantas, R$ 0,50 com
congelamento e embalagem e R$ 0,06 com armazenagem.
Somando todos os gastos e as perdas, temos um preço
de custo de R$ 8,00 por quilo", justificou
Rigoberto.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi