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PROJETO SOBRE PARQUE NACIONAL
DO PIAUÍ É UM DOS CONTEMPLADOS
POR PROGRAMA DO CNPq
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2005
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08/10/2005 – A arqueóloga
Niède Guidon foi uma das contempladas do
Programa Institutos do Milênio, do Ministério
da Ciência e Tecnologia. O programa é
executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). A
arqueóloga coordena a Fundação
Museu do Homem Americano, que protege o Parque Nacional
Serra da Capivara, no sudeste do Piauí, e
estuda a origem e a evolução migratória
dos primeiros grupos humanos.
Niède Guidon
aponta que, nos últimos dois anos, a região
está sendo devastada e sítios arqueológicos
estão sendo destruídos. "Temos
que pesquisar imediatamente porque se continuar
esse grau de devastação – as pessoas
ocupando as terras, desmatando, queimando – vai
ser impossível encontrar a rota desses povos
que aqui chegaram", conta a arqueóloga.
"Esse projeto
foi feito de uma maneira urgente para podermos começar
imediatamente a fazer a pesquisa em torno do parque",
diz Guidon. Serra da Capivara é o único
parque americano incluído na lista da Unesco
como patrimônio histórico mundial.
A Fundação Museu do Homem Americano,
responsável pela proteção do
parque, deve receber R$ 1 milhão do Programa
Institutos do Milênio.
Niède Guidon
diz que as pesquisas dependem essencialmente das
verbas do CNPq: "A Finep [Financiadora de Estudos
e Projetos] deixou de financiar arqueologia, e a
França nos ajuda da maneira do possível
pagando passagens dos pesquisadores franceses que
estão aqui".
Ela reforça
que pesquisas nessa área são essenciais
para a cultura do país. "Arqueologia
é extremamente importante porque dá
raízes ao povo brasileiro. O contingente
indígena no Brasil sempre foi prejudicado.
Nunca foi considerado como uma cultura, sempre se
achou que os índios eram uma espécie
de bichos. E esta pesquisa mostra a profundidade
da cultura indígena".
Guidon conta que
os povos que chegaram ao sudeste do Piauí
teriam vindo da África. "A nossa teoria
é que eles teriam vindo em momentos em que
o mar esteve muito baixo, porque a passagem da África
para a costa nordeste do Brasil e para o Caribe
é muito fácil. Eles teriam chegado
à costa nordeste e entrado, de alguma maneira,
talvez pelo Rio São Francisco", explica.
"Nós
demonstramos que há nessa região uma
presença muito antiga do homem pré-histórico.
Temos datações comprovadas de 100
mil anos e, sobretudo, a presença de uma
cultura de quem aqui viveu e desenvolveu tecnologia
e arte rupestre de maneira própria."
Para a arqueóloga,
os brasileiros precisam ter orgulho de suas origens:
"Eu vejo o orgulho com que os povos europeus,
os africanos, os asiáticos falam dos seus
ascendentes, das suas raízes, de suas origens.
No Brasil, infelizmente, nunca o brasileiro teve
orgulho dos índios".
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Marcela Rebelo