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RELATÓRIO APONTA
DEFICIÊNCIAS E ALERTA PARA REAVALIAÇÃO
DA POLÍTICA AMBIENTAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2005
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14/10/2005 – Relatório
do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc),
publicado ontem (13), levanta pontos deficientes
da política ambiental. Além disso,
atribui ao contingenciamento de recursos e ao enfraquecimento
político do Ministério do Meio Ambiente
(MMA) o motivo do "fracasso na tentativa de
tornar a questão socioambiental" transversal
as demais ações de governo.
"Deveria ter
uma maior articulação com outros ministérios
em nome da sustentabilidade ambiental. Acredito
que um projeto de investimento nas áreas
ambiental e social teria o apoio popular, mesmo
que isso implicasse na suspensão temporária
do pagamento das dívidas interna e externa",
avaliou o assessor de Políticas Indígena
e Socioambiental do Inesc, Ricardo Verdum, autor
do relatório.
Verdum aponta que
o Brasil obteria, inclusive, mais estabilidade econômica
e, assim, melhor visibilidade na política
externa com ações voltadas a demandas
internas. "É preciso ajeitar a casa
e voltar os recursos para demandas como educação,
saúde, além das áreas ambiental
e social."
Na pesquisa, o ambientalista
critica o "fortalecimento do apoio ao agronegócio
exportador" em detrimento do apoio político
e financeiro à ministra Marina Silva. Em
entrevista à Agência Brasil, Verdum
disse que a frustração dos ambientalistas
em relação ao governo é devido
à prioridade que se dá à área
econômica e à obtenção
do superávit primário (a diferença
entre o que o país arrecada e o que paga,
sem levar em conta a dívida pública).
"Para se ter
uma idéia, 40% do que foi orçado para
o ministério ainda não foi repassado.
O governo acaba adotando uma prática histórica
de liberar poucos recursos nos primeiros meses do
ano e, ao se aproximar o fim do ano, tenta correr
para empenhar o restante", disse.
O assessor do Inesc
reconhece que o Brasil é um país de
desigualdade sociais, que precisa gerar emprego
e renda. Ele defende, no entanto, que se adotem
outros caminhos que não os "da política
econômica atual, desenvolvimentista, pontuado
pela exploração dos recursos".
Segundo Verdum, mais
do que uma crítica, o relatório é
um alerta, uma maneira de chamar a atenção
para a necessidade de reavaliar a política
ambiental. "Seria um momento inclusive para
os setores da sociedade que apoiaram o governo na
execução da política ambiental,
por acreditar na mudança, em repensar e refletir
se esse é o caminho que se quer", apontou.
O Inesc publica,
a cada três meses, relatórios em que
analisa o cumprimento da agenda socioambiental no
contexto das políticas públicas. Nas
edições anteriores, foram tratados
temas como agroecologia, política indigenista
e avaliação da aplicação
de recursos públicos na recuperação
e manutenção dos biomas Amazônia,
mata atlântica, semi-árido, cerrado.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Lana Cristina