19/10/2005 – Manaus, capital
do Amazonas, e todo leste do estado sofrem
a estiagem mais severa dos últimos
103 anos. Esse é o cálculo do
pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), Carlos Nobre. De acordo
com ele, a região oeste também
apresenta os menores índices pluviométricos
dos últimos 60 anos.
"No que concerne ao
Rio Negro, em Manaus, esta é uma seca
que só tem paralelo nos últimos
103 anos. Ou seja, desde 1902, quando iniciamos
registros de nível do Rio Negro. Já
no oeste da Amazônia, esta é
a estiagem mais severa dos últimos
50, 60 anos", estima.
Nobre explica que a seca
ocorre por três fatores: aquecimento
do Oceano Atlântico, redução
da transpiração das árvores
e a fumaça produzida pelas queimadas.
"A principal razão
é o aquecimento do Oceano Tropical
Norte, que está mais quente que a média
em até dois graus. Essa água
induz muitas chuvas na região e também
um movimento ascendente – comum em locais
com muita chuva. E tudo o que sobe tem que
descer. Esse ar, que desce sobre a Amazônia,
dificulta a formação de chuvas.
Isso explica a grande extensão, severidade
e duração desta seca bastante
atípica", explica.
Os dois outros fatores são
menos importantes para determinar a intensidade
da seca, segundo o pesquisador. Ele afirma
que estiagens prolongadas reduzem a transpiração
das plantas, o que diminui a reciclagem da
água. Carlos Nobre relata ainda que
o desmatamento existe em 17% da Amazônia
brasileira "de forma bem distribuída".
No entanto, ele ressalta
que há estudos que mostram que a fumaça
das queimadas "pode, também, dificultar
a formação das chuvas no fim
do período seco".