17/10/2005 – Discriminações
contra populações indígenas,
negros e contra imigrantes. Estes são
alguns dos pontos que serão investigados,
em viagem pelo Brasil, pelo senegalês
Doudou Diène. Ele é relator
da Organização das Nações
Unidas (ONU) para Formas Contemporâneas
de Racismo, Discriminação Racial
e Xenofobia.
Após o período
de visita ao país, o representante
da ONU deverá apresentar, até
o dia 7 de novembro, o relatório preliminar
sobre o que foi observado durante uma semana.
O relatório completo sobre o caso deverá
ser divulgado no início de 2006.
O relator percorrerá
as cidades de Salvador, Recife, Rio de Janeiro
e São Paulo, até o próximo
dia 24. Hoje (17), Diène esteve reunido,
em Brasília, com representantes da
sociedade civil, membros de comunidades indígenas
e representantes do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi).
No encontro, Diène
ouviu denúncias contra práticas
de discriminação cometidas pela
Fundação Nacional do Índio
(Funai) e pelo governo brasileiro. Durante
o encontro, foram apresentados estudos relativos
à violência contra indígenas
brasileiros que, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), atualmente somam uma população
de mais de 1000 mil pessoas.
No relatório apresentado
pelo Cimi, a organização mostra
preocupação com as "contundentes
formas de violência a que continuam
submetidos os povos indígenas do Brasil".
Ganharam destaque a alta dos casos de mortalidade
infantil, suicídios oriundos do confinamento
e a falta de perspectiva de vida destes povos.
O Cimi também apontou casos de assassinatos
à população, ameaças
de morte, violências sexuais e contra
o patrimônio indígena.
O estudo deu destaque aos
grupos Krahô-Kanela, confinados há
dois anos numa casa no município de
Gurupi, em Tocantins. E também aos
Guarani-Kaiowá, que sofrem com a desnutrição
de suas crianças e o não reconhecimento
de suas terras.