20/10/2005
- O Diário Oficial da União de
hoje traz dois decretos assinados pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, criando o Parque
Nacional das Araucárias (12.841 hectares)
e a Estação Ecológica da
Mata Preta (6.563 hectares), em parte dos municípios
de Abelardo Luz, Ponte Serrada e Passos Maia,
em Santa Catarina.
A área original proposta pelo Ministério
do Meio Ambiente para as unidades de conservação
era de 15.035 hectares e de 7.958 hectares,
respectivamente. Os novos limites foram acordados
entre governos, setores produtivos, ambientalistas
e sociedade civil durante amplas audiências
públicas. Mapas abaixo.
As unidades de conservação protegerão
matas, campos nativos, nascentes, rios e córregos
que abastecem populações urbanas
e rurais, além de auxiliar na recuperação
da araucária (foto), árvore ameaçada
de extinção. Outras árvores,
como canela-sassafrás, canjerana, canela-preta,
imbuia e xaxim, e animais como gralha-azul,
lobo-guará, anta, papagaio-do-peito-roxo
e onça pintada são encontradas
nessas florestas.
Para o secretário de Biodiversidade e
Florestas do MMA, João Paulo Capobianco,
a criação das novas reservas catarinenses
é uma vitória de todos os setores
envolvidos na preservação do pinheiro
brasileiro, que auxiliará em muito na
proteção dos remanescentes da
espécie. "Salvar a araucária
é emergencial e também uma obrigação
constitucional do ministério, dos governos
estaduais e municipais", disse.
Os locais para o parque e para a estação
ecológica foram definidos com base nas
portarias 507 e 508 do Ministério do
Meio Ambiente, de dezembro de 2002, e a partir
das pesquisas do Grupo de Trabalho Araucárias
Sul, formado em março de 2003. Os estudos
de campo foram realizados por uma Força
Tarefa coordenada pelo Ministério do
Meio Ambiente e Ibama, que reuniu especialistas
de diferentes áreas, representando os
três níveis de governo, universidades
e organizações não-governamentais.
No trabalho, quarenta técnicos de dezesseis
instituições levantaram informações
sobre flora e fauna e a situação
dos remanescentes florestais e campos naturais,
destacando espécies raras e endêmicas
(que só existem ali), as belezas cênicas
e os recursos hídricos. Pesquisaram,
ainda, a situação socioeconômica
e fundiária dos municípios e regiões
abrangidas pelas reservas e promoveram reuniões
e entrevistas com moradores e autoridades locais.
A criação de áreas protegidas
também atende ao desejo da grande maioria
da população catarinense. Pesquisa
do Ibope realizada em Santa Catarina e no Paraná
mostra que a maioria dos cidadãos desses
estados conhece a araucária, sabe que
a espécie está em extinção
e acha muito importante salvá-la. Foram
ouvidas quatrocentas pessoas acima de 16 anos
em cada estado, entre os dias 7 e 14 de março,
tanto em municípios com araucárias
quanto em outras cidades significativas. A maioria
dos entrevistados apontou o comércio
ilegal de madeira como a principal ameaça
ao pinheiro brasileiro, seguido pelo plantio
de soja e de pinus.
A Floresta Ombrófila Mista, nome técnico
das matas com araucárias, faz parte da
Mata Atlântica, bioma mais ameaçado
do País, e ocupava cerca de 200 mil quilômetros
quadrados em estados no Sul e Sudeste, principalmente
em planaltos e regiões de clima mais
frio. Até agora, somente 0,2% da área
original da floresta estava protegida em unidades
de conservação federais, estaduais,
municipais e particulares.
Devido à qualidade da madeira da araucária,
leve e sem falhas, a espécie foi muito
procurada por madeireiras a partir do início
do Século XX. Estima-se que, entre 1930
e 11000, cerca de cem milhões de pinheiros
tenham sido derrubados. Entre 1950 e 1960, foi
a principal madeira de exportação
do País. Hoje, a floresta com araucárias
está praticamente extinta, restando menos
de 3% de sua área original em bom estado
de conservação.
Limites das Áreas Protegidas
Parque
Nacional das Araucárias - 12.841
ha |
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Estação
Ecológica da Mata Preta - 6.563
ha |
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Vermelho - proposta original
Amarelo - limites após consultas públicas |