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OPERAÇÃO DA PF EXPÕE FALHAS DO SISTEMA DE CONTROLE DA MADEIRA

Panorama Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Outubro de 2005

Novas autorizações para transporte estão suspensas por 30 dias em três Estados da Amazônia

27/10/2005 - O governo federal deflagrou ontem a operação Ouro Verde para combater fraudes na comercialização de madeira em seis Estados – Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Goiás e Rondônia. Entre as medidas da operação está a publicação, pelo Ibama, da Portaria 47, que suspende por 30 dias a emissão de Autorizações de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) nos Estados do Pará, Rondônia e Maranhão. O Greenpeace reconhece a importância das ações do governo para garantir sua presença na Amazônia, mas alerta que elas não são suficientes para solucionar as falhas do sistema de monitoramento e controle da madeira que sai da região.

“Autorizações de transporte de madeira falsificadas não são novidade na Amazônia”, disse Marcelo Marquesini, engenheiro florestal e um dos coordenadores da campanha Amazônia, do Greenpeace. “Basta lembrar que desde 2003 o governo se esforça para combater ilegalidades no setor, através das grandes operações conjuntas entre Ibama, Ministério Público e Polícia Federal. No entanto, as fraudes continuaram em todos os Estados amazônicos principalmente por causa da fragilidade do sistema de monitoramento e controle e à falta de estrutura dos órgãos responsáveis”.

O sistema de controle da madeira, atualmente administrado pelo Ibama e que está sendo repassado para os Estados, apresenta falhas básicas como: falta de transparência, excesso de documentação que dificulta a checagem dos papéis, sistema eletrônico obsoleto para controle do saldo da madeira das empresas e dependência quase que exclusiva de pessoas. Além disso, não há cruzamento de dados entre os Estados produtores e consumidores de madeira. Para o Greenpeace, o repasse dos mecanismos de controle para os Estados não vai solucionar o problema, já que os órgãos ambientais estaduais, que não têm estrutura suficiente, serão obrigados a administrar um sistema cheio de falhas.

As operações anteriores, que resultaram no indiciamento de centenas de pessoas envolvidas em fraudes no setor madeireiro, contribuíram para coibir por algum tempo as frentes de destruição florestal, que se refletiu na queda dos índices de desmatamento anunciados em setembro pelo governo. A falta de ATPF para transporte de madeira ilegal, reflexo das operações, também encareceu o preço da ilegalidade durante alguns meses. Uma ATPF que valia R$ 400,00 no mercado negro em 1997, hoje pode chegar até R$ 5.000,00.

“Medidas estruturantes, como o fortalecimento e reaparelhamento dos órgãos federais para a complexa tarefa de combater a exploração de madeira ilegal, grilagem de terras, desmatamento e crimes contra os direitos humanos, são necessárias para garantir a presença permanente do governo na Amazônia”, diz Marquesini. “O governo também deve criar mecanismos de apoio à exploração verdadeiramente sustentável dos produtos da floresta, capazes de gerar renda e melhoria de vida para as comunidades locais, ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente”.

Até a manhã de hoje, a Polícia Federal já havia prendido 43 pessoas e cumprido 78 mandatos de busca e apreensão encontrando farto material usado nas fraudes. A operação esvaziou o VII Congresso Internacional de Compensado e Madeira Tropical e a VI Feira de Máquinas e Produtos do Setor Madeireiro, promovidos pela Aimex (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Pará) que havia começado ontem à noite em Belém.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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