28/10/2005 - O projeto Reviver,
da Associação de Trabalhadores
Rurais do Vale do Corda, em Wanderlândia,
Tocantins, já está em sua terceira
fase – iniciada em julho deste ano e com previsão
de terminar em dezembro de 2007. São
aproximadamente R$ 400 mil de investimento
do Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA),
integrante do Programa Piloto para Proteção
das Florestas do Brasil (PPG7) – coordenado
pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)
e financiado pela cooperação
internacional.
"Estamos agora aumentando
a assistência técnica para produção
de mel, que hoje é de 5 mil litros
por ano, e também de frutas, que no
passado ficou em 18 toneladas. Nossa meta
é conseguir o Selo de Inspeção
Federal (SIF), concedido pelo Ministério
da Agricultura, para vender os produtos em
farmácias e supermercados", contou
José Félix Soares, tesoureiro
da associação, em entrevista
ao quadro Meio Ambiente, veiculado às
sextas-feiras no programa Ponto de Encontro,
da Rádio Nacional da Amazônia.
O Projeto Reviver atua diretamente
com 80 famílias de Wanderlândia
e Darcinópolis, no Tocantins, com o
objetivo de incentivar a apicultura, a piscicultura
e os sistemas agroflorestais de produção
de frutas da região (bacuri, buriti,
caju, acerola, cajá, tamarindo, goiaba
e cupuaçu). "Esses produtores
plantavam basicamente mandioca, arroz, milho
e feijão. Aqui o solo é fraco
e havia muito êxodo rural. Nosso objetivo
era diversificar a produção
e preservar o meio ambiente", disse José
Félix.
Segundo ele, a renda média
dessas famílias gira em torno de um
salário mínimo. De 1997 a 2000,
a associação recebeu cerca de
R$ 400 mil do PDA/PPG7 para dar início
ao projeto. Entre 2000 e 2002, foram mais
R$ 400 mil para implantação
de duas agroindústrias (de mel e de
polpas de frutas). Os R$ 400 mil de agora
totalizam R$ 1,2 milhão de investimentos.
"O mel e as frutas nós vendemos.
Já a atividade da piscicultura se voltou
para a segurança alimentar: os peixes
criados nos tanques comunitários são
consumidos pelos próprios agricultores,
como uma forma de enriquecer a fonte de proteínas
deles", explicou.
De acordo com o tesoureiro,
o melhor resultado do Reviver, até
agora, foi a conscientização
de que é possível produzir sem
destruir, de que é possível
viver na terra com dignidade e contribuir
com a construção de um mundo
melhor. A grande dificuldade apontada por
ele é a falta de infra-estrutura para
escoar os produtos e da oferta dos serviços
básicos de educação e
saúde. "O PDA nos apóia,
mas não substitui a política
pública que deveria ser feita pelo
município e pelo estado. A gente enfrenta
vários problemas na questão
da estrada, da educação – que
ainda é precária aqui, apesar
de termos conseguido com muita luta uma escola
municipal".
A Associação
de Trabalhadores Rurais do Vale do Corda foi
criada em 1992. Ela é fruto de um movimento
iniciado em 1986, quando 50 famílias
ocuparam uma área particular de cerca
de 1.500 alqueires. "O Incra não
desapropriou a área porque o solo era
ruim. Após muita resistência,
conseguimos entrar em acordo com o proprietário.
E criamos a Associação para
lutar por políticas públicas
e pela melhoria da produção",
afirmou José Félix. A associação
tem hoje 45 membros e faz parte da Rede Cerrado
de Ongs, da Rede Grupo de Trabalho Amazônico
(Rede GTA) e do Fórum Amazônia
Ocidental (FAO).