A gerência do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas
vai elaborar um plano de manejo para controlar
a presença de urubus na região
do aeroporto militar de Ponta Pelada. "Normalmente,
o Ibama apenas analisa, aprova e fiscaliza
os plano de manejo. Desta vez, nossos técnicos
vão elaborar o plano, porque o aeroporto
é militar e o controle dos urubus se
tornou uma questão de segurança
nacional", afirmou à Radiobrás
o gerente-executivo do Ibama, Henrique Pereira.
Segundo o analista ambiental
do Ibama, Márcia Nogueira, no dia 18
de agosto foi publicada uma norma que obriga
os administradores dos aeroportos em todo
o país a elaborarem um plano de manejo
para controlar a presença de aves.
"Esta experiência de Ponta Pelada,
a toque de caixa, pode se expandir para outros
aeroportos", afirma o gerente executivo
do Ibama.
De acordo com o militar
responsável pela Comunicação
do 7º Comando Aéreo Regional (Comar),
tenente Guerreiro, o choque de um urubu contra
uma aeronave, dependendo da velocidade de
vôo, pode representar 14 toneladas de
impacto. "Não há semana
em que a gente não registre episódio
de choque de urubu com o avião ou de
manobra do piloto para evitar a colisão",
diz o tenente.
Cinco profissionais do Ibama
- dois veterinários, um ornitólogo
(especialista em pássaros), um engenheiro-agrônomo
e um biólogo - estão envolvidos
na elaboração do plano. Está
marcada para 7 de dezembro uma reunião
entre Comar, Ibama, Infraero, Ministério
Público Federal e prefeitura de Manaus
para iniciar a execução do plano
de manejo.
O aeroporto Ponta Pelada
fica próximo à feira do Panair,
localizada à beira do rio Negro – um
dos principais pontos de comercialização
de peixe fresco de Manaus. No seu entorno,
há uma área de mata nativa.
"Há cinco espécies de urubus
no Brasil e todas ocorrem na Amazônia.
Mas lá encontramos só uma, a
do urubu de cabeça-preta. Ele é
atraído para aquela área por
causa da fonte de alimentação,
da fonte de água e dos abrigos contra
chuva e vento", explica o analista ambiental
do Ibama, Robson Czaban.
Ele afirma que, para diminuir
a quantidade de urubus na cidade, a prefeitura
deveria realizar a coleta de resíduos
sólidos durante a madrugada, em todos
os bairros, porque as aves saem em busca de
alimento durante o início do dia. "Além
disso, a população deveria jogar
o lixo em recipientes tampados e não
deveria jogar material orgânico no rio.
O poder público poderia incentivar
o aproveitamento econômico das carcaças
de peixe para produção de ração,
por exemplo", defendeu.