09/12/2005 - O procurador
da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Luíz Fernando Villares e Silva,
disse hoje (9) que houve preconceito contra
os indígenas da terra Ñande
Ru Marangatu, no município de Antônio
João, a cerca de 430 quilômetros
de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. "Eles
alegaram que houve aumento do número
de índios, que seriam índios
do Paraguai que atravessaram a fronteira,
que não seriam brasileiros - o que
é um grande preconceito", disse
o procurador, referindo-se a um dos motivos
alegados para a reintegração
de posse.
A decisão que permite
a reintegração de posse das
fazendas Ita Brasília e Pequiri Santa
Creuza foi dada pela desembargadora Diva Prestes
Marcondes Malerbi, presidente do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região
de São Paulo. A desembargadora indeferiu,
ontem (8), os pedidos feitos pelo Ministério
Público Federal (MPF) para suspender
os mandados de reintegração
de posse e restaurou a validade de mandados.
Após tomarem conhecimento
de que, neste final de semana (10 e 11), a
Polícia Federal poderá cumprir
a decisão judicial, os Guarani Kaiowá
da região escreveram uma carta reafirmando
sua intenção de se manterem
na terra. "Resistiremos até o
último fôlego da nossa vida",
diz o documento.
O procurador disse que,
juridicamente, tanto o MPF como a Funai "acham
complicada a questão". "Os
efeitos da homologação foram
suspensos por uma liminar do ministro Nelson
Jobin de agosto. O MPF vai recorrer na segunda-feira,
mas, como é uma decisão já
de uma instância superior, o TRF, não
há recurso previsto com rapidez. Teremos
uma reunião amanhã com a PF
para que essa desocupação seja
feita da melhor forma possível, sem
violência", afirmou.
*Colaborou Patrícia
Pereira