13/12/2005 – A questão
do meio ambiente urbano foi alvo de debate
na 2ª Conferência Nacional, que
terminou hoje (13). No caso da cidade de São
Paulo, maior metrópole do país,
a questão é o colapso de água:
escassez e abundância.
Quando chove, a cidade não
consegue fazer com que a água escoe
e engarrafamentos e enchentes tomam conta
das vias de tráfego. Por outro lado,
a demanda de água não é
suficiente para o número de habitantes.
Como saída para esse problema, na década
de 70, foi desviada a água do Rio Piracicaba
para o abastecimento da região metropolitana
de São Paulo – à semelhança
do que está sendo proposto na integração
do Rio São Francisco, segundo afirma
o representante da organização
não-governamental (ONG) Sociedade do
Sol, que trabalha com energia solar de baixo
custo e reutilização da água,
Gustavo Cherubine.
Ele avalia que a solução
para esse duplo problema, escassez e abundância
num mesmo município, seria oposta.
Em vez de se buscar mais água cada
vez que a demanda cresce, uma saída
possível seria a diminuição
do consumo de água. Os moradores de
apartamentos, por exemplo, "não
fazem nem idéia de quanto gastam de
água por mês porque quem paga
as contas é o condomínio".
Os problemas enfrentados
pela cidade de São Paulo não
são particulares e têm semelhança
aos enfrentados por outras metrópoles
do mundo. Por isso, Cherubine avalia que "não
são iniciativas locais que vão
resolver as questões de meio ambiente
no universo urbano".
Ele ressalta que é
preciso lembrar que as cidades fazem parte
de um todo, "são parte do meio
ambiente, não estão isoladas".
Por exemplo, ele conta que o plantio de soja
no Piauí traz "problemas como
a violência e prostituição
infantil porque a comunidade é obrigada
a mudar o seu modo de vida". E, como
ele alerta, a soja produzida no Piauí
é também consumida em São
Paulo.
"Tudo é uma
cadeia. A questão da água está
interligada com a questão do lixo,
que se interliga com a questão do solo",
diz ele.
Cherubine aponta que a educação
ambiental deve ser pauta das políticas
públicas dos demais setores. "A
participação hoje não
ocorre na formulação das políticas
de educação ou saúde.
É necessário se enxergar não
apenas como um habitante da cidade, mas como
algo que está dentro do ecossistema.
É preciso que haja essa visão
no momento de se formular propostas. Se não,
é política específica
de governo daquele gestor em uma determinada
ocasião", opina.