12/12/2005 – O debate sobre
a questão Elementos de uma Estratégia
Nacional para o Desenvolvimento Sustentável
gerou polêmica hoje (12) entre os participantes
da 2ª Conferência Nacional do Meio
Ambiente, o penúltimo dia do encontro.
Para a representante da Federação
das Entidades Ambientalistas Potiguares, do
Rio Grande do Norte, da Cecília Pugliese,
a preocupação com o meio ambiente
sempre deve vir em primeiro lugar.
A ambientalista disse que
as atividades econômicas só se
justificam se forem concebidas com base no
desenvolvimento sustentável. "Para
mim, é obvio que a gente não
pode mais discutir plantios exclusivamente
econômicos. O desenvolvimento sustentável
quer dizer que a gente pode ter atividades
econômicas sempre e quando essas atividades
não venham a destruir os recursos ambientais",
destacou.
Representante da sociedade
civil no encontro, Cecília Pugliese
é um dos 1,5 mil delegados que participam
da conferência. Ela salientou que o
desenvolvimento puramente econômico
pode até mesmo colocar em risco a espécie
humana. "A nossa preocupação
é com a extinção da espécie
humana, se não houver um equilíbrio
realmente entre o uso sustentável dos
recursos naturais fora de áreas de
preservação ambiental."
Já o representante
da Federação da Agricultura
do Estado do Paraná (Faep) Reny Lima
criticou a "radicalização
de propostas". "Não podemos
radicalizar, temos que afunilar as propostas
e manter um nível de discussão
para que todas as coisas que aconteçam
no Brasil sejam construídas com bom
senso e agradem a todos os lados", disse
o delegado, que representa o setor empresarial
na conferência.
Para Lima, é preciso
que os aspectos econômicos, sociais
e ambientais caminhem juntos. "Não
temos como radicalizar uma proposta, só
querer meio ambiente. Senão, quem vai
manter o meio ambiente, vai gerar emprego
e gerar renda? Temos que manter o meio ambiente,
essa é uma preocupação
nossa, mas também temos que gerar renda
e emprego – e quem faz isso é o setor
empresarial."
O representante da Faep
disse que um dos caminhos para conciliar os
interesses é investir em tecnologia.
Segundo ele, o plantio de soja transgênica,
por exemplo, utiliza três vezes menos
agrotóxicos que a produção
tradicional. "São tecnologias
que têm que ser discutidas, que vieram
para aumentar a produtividade e é isso
que nós precisamos".
Na avaliação
do representante do Fórum Mato-Grossense
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Vicente
Puhl "é possível e é
necessário conciliar o desenvolvimento
econômico e a preservação
do meio ambiente". Ele afirmou que para
isso é preciso adotar práticas
alternativas no plantio.
Como
exemplo, Puhl cita o uso de venenos naturais
em vez de agrotóxicos químicos
para combater as pragas e doenças,
como uma planta chamada nin. "É
possível fazer da semente dela, da
folha dela, dezenas de venenos alternativos
que matam lagartas, por exemplo, mas que são
naturais e não agridem o meio ambiente",
explicou ele, que presta assistência
técnica a pequenos produtores, para
ensiná-los técnicas de produção
que não prejudicam o meio ambiente.