12/12/2005 - O Projeto São
Francisco, empreendimento que beneficiará
12 milhões de pessoas em 390 pequenas,
médias e grandes cidades de quatro
estados do Nordeste setentrional, foi um dos
destaques, neste domingo (dia 11), na II Conferência
Nacional do Meio Ambiente, que termina nesta
terça-feira (dia 13), em Brasília.
Ao fazer a apresentação do projeto,
o engenheiro Francisco Sarmento, especialista
em recursos hídricos e integrante da
coordenadoria técnica do projeto, explicou
que o semi-árido setentrional abriga
extremos climáticos e que a obra tornou-se
urgente para garantir o abastecimento humano
e a dessedentação animal. O
projeto visa integrar o rio São Francisco
às bacias hidrográficas de Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
"Há diversas
cidades no Nordeste setentrional abastecidas
de forma precária. O déficit
hídrico é uma certeza. No ano
2025, a oferta será menor do que a
demanda em qualquer um dos quatro estados
receptores. O rio São Francisco é
o maior manancial do Nordeste e sua integração
é a solução mais viável
para esse problema, levando para quatro estados,
sem agredir o meio ambiente, apenas 1,4% da
água que o rio despeja no mar",
afirmou Sarmento. O Velho Chico detém
70% da água disponível no Nordeste.
A sinergia hídrica,
um dos pontos-chave do projeto, foi o tema
abordado por Hypérides Macêdo,
secretário de Infra-Estrutura Hídrica
do Ministério da Integração
Nacional. Em razão dessa sinergia,
esclareceu Macêdo, o grande volume da
água dos açudes - que hoje se
perde pela evaporação, nos anos
secos, ou pela cheia, em anos chuvosos - será
reaproveitado permanentemente para diferentes
usos. "Os açudes não precisarão
mais permanecer cheios na expectativa de que
o próximo ano será de seca.
Quando esses açudes forem recarregados
pela água das chuvas, as bombas do
Projeto São Francisco serão
desligadas. E só serão religadas
quando for necessário, ou seja, nos
anos secos".
Francisco Viana, superintendente
de Outorga e Cobrança da Agência
Nacional de Águas (ANA), lembrou que
antes de conceder a outorga ao projeto, o
órgão regulador verificou a
disponibilidade hídrica nas bacias
doadora e receptora, bem com as condições
de atendimento da demanda e a disponibilidade
hídrica. "É preciso tratar
com muito critério de um bem fundamental
como a água, e todo esse cuidado cercou
a avaliação do Projeto São
Francisco", disse Viana.
O projeto prevê a
captação, abaixo da barragem
de Sobradinho e de modo contínuo, de
26 metros cúbicos por segundo (m³/s),
ou seja, 1,4% do volume de água que
o rio joga no mar. A água abastecerá
as bacias dos rios Jaguaribe, no Ceará;
Apodi, no Rio Grande do Norte; Piranhas-Açu,
na Paraíba e no Rio Grande do Norte;
Paraíba, na Paraíba; Moxotó
e Brígida, em Pernambuco, e servirá
para o abastecimento humano e dessedentação
animal.
O empreendimento terá
dois eixos. O canal leste, já denominado
de Celso Furtado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, levará água a
Pernambuco e à Paraíba, e o
canal norte atenderá aos moradores
dos estados do Ceará, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Pernambuco. As captações
serão feitas em dois pontos: o primeiro
em Cabrobó, no oeste de Pernambuco,
e o segundo no lago da barragem de Itaparica,
próximo à divisa entre Pernambuco
e Bahia.