2 de fevereiro – Dia Mundial
das Zonas Úmidas
As zonas úmidas são complexos
ecossistemas que englobam desde as áreas
marinhas e costeiras até as continentais
e as artificiais. Alguns exemplos são
os lagos, manguezais, pântanos e também
áreas irrigadas para agricultura, reservatórios
de hidrelétricas etc. Ao todo são
classificados 42 diferentes tipos de zonas
úmidas.
A definição do conceito de zona
úmida surgiu na Convenção
de Ramsar. O tratado intergovernamental celebrado
no Irã, em 1971, marcou o início
das ações nacionais e internacionais
para o conservação e o uso sustentável
das zonas úmidas e de seus recursos
naturais. Atualmente, 150 países são
signatários do tratado, incluindo o
Brasil. A convenção também
classificou zonas úmidas de importância
mundial, os chamados Sítios Ramsar.
Existem 1.556 Sítios Ramsar reconhecidos
mundialmente por suas características,
biodiversidade e importância estratégica
para as populações locais, totalizando
129.661.722 hectares.
O potencial das áreas úmidas
brasileiras
O Brasil possui a maior zona úmida
continental do planeta, o Pantanal, com 148.000
km² e imensa biodiversidade. O bioma
foi decretado Patrimônio Nacional, pela
Constituição de 1988, e Patrimônio
da Humanidade e Reserva da Biosfera, pelas
Nações Unidas, em 2000.
Além do Parque Nacional do Pantanal
Matogrossense (MT), o Brasil possui outras
7 áreas classificadas como Sítios
Ramsar: Estação Ecológica
Mamirauá (AM), Ilha do Bananal (TO),
Reentrâncias Maranhenses (MA), Área
de Proteção Ambiental da Baixada
Maranhense (MA), Parque Estadual Marinho do
Parcel de Manoel Luz (MA), Lagoa do Peixe
(RS) e a Reserva Particular do Patrimônio
Natural SESC Pantanal (MT).
Segundo o Relatório do Valor Econômico
das Zonas Úmidas Mundiais, produzido
pelo WWF, os bens e serviços ambientais
proporcionados pelo Pantanal alcançam
15,644 milhões de dólares, distribuídos
entre suprimento de água, regulação
do clima, formação do solo,
polinização, controle biológico,
habitats, produção de alimentos,
recursos genéticos, entre outros. Além
disso, o suprimento de água é
uma das principais funções de
zonas úmidas, que podem ser vistas
como mais uma fonte desse recurso tão
valioso.
A ocupação do Pantanal por europeus
e seus descendentes foi iniciada no século
18 com a introdução da pecuária
na região. A atividade econômica
tornou-se a mais significativa e se estende
do planalto das bordas da bacia até
a planície alagável. Com um
rebanho estimado em 16 milhões de cabeças
de gado, ela estabelece o padrão de
ocupação do espaço geográfico
e determina a cultura pantaneira, além
de muitos dos impactos ambientais na região.
Desmatamento, queimadas e assoreamento de
rios são alguns dos problemas relacionados
com a atividade, quando a mesma não
é praticada com responsabilidade.
Ameaças às regiões
Nas últimas décadas, aumentou
a pressão pela instalação
de projetos de desenvolvimento com sérios
impactos ao meio ambiente, entre eles, a instalação
de hidrelétricas nas cabeceiras dos
rios, a construção de hidrovia
no rio Paraguai, a monocultura da cana-de-açúcar
e da soja e a contaminação de
solos e recursos hídricos com insumos
agrícolas.
O WWF-Brasil, por meio do Programa Pantanal
para Sempre, contribui para a preservação
da região ao incentivar a criação
de Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPNs) em toda a bacia do Pantanal,
proteger animais silvestres, apoiar iniciativas
econômicas ecologicamente corretas e
promover o uso racional dos recursos naturais
renováveis, o turismo responsável
e a educação ambiental.
Ações do WWF-Brasil
Pecuária Orgânica - Uma característica
importante do Pantanal é que 95% de
sua área pertencem a proprietários
particulares, com 65% da atividade econômica
baseada na pecuária.
A pecuária orgânica certificada
é uma alternativa produtiva que contribui
com a sustentabilidade ambiental da Bacia
Pantaneira. Incentivar a pecuária orgânica
é incentivar práticas produtivas
de baixo impacto ambiental, pois esse sistema
de produção busca o equilíbrio
ecológico. Na pecuária orgânica
é permitida apenas a adubação
verde, ou seja, sem uso de produtos químicos
ou sintéticos. Também não
se usa uréia, para evitar a contaminação
dos lençóis freáticos.
O tratamento veterinário é feito
com produtos fitoterápicos e homeopáticos
e a vacinação é obrigatória.
O uso do fogo para manejar as pastagens é
proibido e a legislação ambiental,
cumprida.
Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPNs) - No Pantanal a maior parte
das terras são propriedades privadas.
Daí a importância de se incentivar
e apoiar a criação de reservas
particulares. Foram iniciados os processos
de homologação de 8 novas RPPNs
na Bacia do Rio Sepotuba (MT), representando
aproximadamente 5.000 ha em áreas que
serão preservadas permanentemente.
Projeto Arara Azul - O projeto de conservação
da espécie Arara Azul (Anodorhynchus
hyacinthinus) vem sendo desenvolvido no Pantanal
com o apoio do WWF-Brasil desde outubro de
1999. O projeto já recebeu diversos
prêmios, entre eles, o Prêmio
Ambiental Von Martius 2004, concedido pela
Câmara de Comércio e Indústria
Brasil – Alemanha, e o Prêmio Eco Cidadão
2004.
Apesar do número de indivíduos
ter aumentado de 1.500, em 1999, para 5.000,
em 2005, ainda não há garantia
de sustentabilidade da espécie devido,
principalmente, à baixa taxa de natalidade.
O período reprodução
é curto e o de incubação
das araras azuis varia de 28 a 30 dias, época
que os ninhos precisam ser intensamente vigiados
para evitar predação dos ovos.
Outra característica da Arara Azul
é que a maioria dos ninhos é
feita em manduvi (Sterculia apetala), árvore
que corre risco de extinção
por causa dos desmatamentos.
Além do WWF-Brasil, também são
parceiros do Projeto Arara Azul a Universidade
para o Desenvolvimento do Estado e Região
do Pantanal (Uniderp), a Toyota do Brasil
e a Estância Caiman, entre outros.