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ESTUDO COMPROVA MAIOR PRESERVAÇÃO EM TERRAS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2006

30/01/2006 - As terras indígenas são tanto - ou mais - eficientes na proteção ao meio ambiente quanto outros tipos de reservas biológicas (parques, florestas nacionais e reservas extrativistas). Essa foi a principal conclusão da pesquisa realizada por sete instituições brasileiras e americanas, entre as quais estão o Centro de Pesquisa de Woods Hole (Massachussetts, EUA), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e o Instituto Socioambiental (Isa). O estudo foi divulgado no periódico Conservation Biology de fevereiro.

Ao contrário do que alguns ambientalistas acreditam, as terras habitadas pelos povos indígenas são mais preservadas que as inabitadas, como os parques. O resultado foi comprovado pelo estudo feito com a exploração de imagens de satélite. Os pesquisadores compararam o desmatamento e a ocorrência de queimadas dos dois lados da linha demarcatória de Terras Indígenas (TIs) brasileiras. No caso da preservação, foram comparadas 121 TIs e no de queimada, 87.

Quanto às queimadas, o coeficiente de pontos de fogo identificados em unidades de conservação foi duas vezes maior que os de Terras Indígenas. Sobre a preservação ambiental, percebeu-se que a faixa de 10km interna das TIs possui coeficiente 8,7 vezes mais preservado que a faixa de mesma extensão localizada do lado de fora.

O geógrafo técnico do programa Proteção aos Patrimônios em Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL) - um convênio entre os governos brasileiro e alemão, que atua em parceria com a Funai (Fundação Nacional do Índio) -, Henrique Cavalleiro, atribui a tendência à maior preservação dentro das Terras Indígenas aos fatos de a quantidade e a dimensão de terras indígenas serem maiores que as áreas de proteção ambiental e de os próprios povos indígenas atuarem na fiscalização e denunciarem irregularidades contra suas áreas de proteção.

"Na verdade, basta observar imagens de satélites ou fazer um sobrevôo sobre as regiões para perceber que o que está protegendo a região de florestas nativas do arco de desmatamento (que perpassa os estados do MA, PA. MT, RO e AC), por exemplo, são as terras indígenas, porque as Unidades de Conservação do Ibama são poucas e pequenas. Muitas delas existem só no papel, pois não há fiscalização e os proprietários não são indenizados pelo governo e, por isso, não deixam as terras", explica Cavalleiro.

"Em termos de quantidade e de dimensão de terra protegida na Amazônia, por exemplo, as terras habitadas por comunidades indígenas têm cumprido papel muito maior do que as unidades do Ibama. As Terras Indígenas correspondem a cerca de 12% do total do território nacional, enquanto as reservas ambientais chegam a, no máximo, 10%. Mas deste total, uma grande parte não está efetivada", completa.

O técnico também explica que a atuação da Funai, por meio da Coordenação Geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente (CGPIMA), apoiada pelos projetos do PPTAL, tem colaborado para a preservação das terras habitadas pelos povos indígenas. "O PPTAL dá apoio financeiro e técnico e desenvolve projetos-pilotos com as comunidades para que elas aprendam formas de proteção às terras. Nós damos capacitação em legislação e na operação dos instrumentos e oferecemos material de radiofonia para que eles possam fazer o trabalho de base de controle do seu território. Mas esses projetos não substituem a ação da Funai, que tem o papel fundamental de proteger e reprimir a invasão e a destruição dessas áreas."

O chefe de fiscalização da CGPIMA, Wagner Tram, também concorda que ensinar os povos indígenas a protegerem as próprias reservas é fundamental para a preservação do meio ambiente. "Além de demonstrar que as terras indígenas são mais preservadas que as unidades de conservação, é preciso levar em conta que esse estudo demonstra a eficácia e a eficiência da Funai. Até porque essa eficiência também está associada à atuação dos índios enquanto fiscais ambientais. Nós estamos lutando para ampliar o nosso orçamento para inserir dentro dos planos da coordenação um projeto oficial de vigilância feita pelos povos indígenas. Essa vigilância é um dever do Estado, mas o trabalho dos índios na proteção não é uma transferência de competência. A participação deles é muito salutar", destaca.

Ao todo, o Brasil possui 607 terras indígenas, incluindo aquelas em fase de identificação, que somam mais de 106,382 milhões de hectares sob os cuidados dos índios e a proteção do Estado. Embora se reconheça que a proteção realizada pela Funai ainda não é suficiente para atender toda demanda do país e que existem problemas de desmatamento dentro das terras, provocados pelo aliciamento dos índios por fazendeiros e madeireiros, há de se ressaltar que as terras indígenas são importantes para todos os povos do Brasil.

"Demarcar terras indígenas não é lucro só para os índios. É um lucro ambiental que está sendo prestado para toda a sociedade", conclui Henrique Cavalleiro.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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